Uma questão importante no tocante à utilização de carboidratos para atletas diz respeito ao tipo de carboidrato utilizado. Dietas mistas podem ser utilizadas sem problema, desde que apresentem índice glicêmico (parâmetro que representa o impacto provocado por um alimento específico na glicemia pós-prandial) de moderado a alto (na recuperação). Da mesma forma, não se mostrou, até o momento, diferenças significativas entre suplementação de alimento sólido ou líquido à base de carboidratos simples ou compostos, desde que preservados os mesmos índices glicêmicos.
Durante dias consecutivos de competição ou de treinamento intenso, os atletas devem consumir carboidratos após o exercício. Nesse período, a ingestão de açúcares simples, na forma líquida ou sólida, e de carboidratos simples ou complexos parece ser igualmente eficaz. Como os atletas costumam sentir mais sede do que fome após uma competição, pode ser que prefiram consumir carboidratos na forma líquida. Isso também ajuda na reidratação.
Também é importante considerar a capacidade das refeições ricas em carboidratos no período pré-exercício (e também os carboidratos usados durante a atividade) de aumentar a insulinemia, resposta capaz de reduzir a mobilização dos estoques de glicogênio muscular. Com a redução na capacidade e mobilização do glicogênio, advém um quadro de hipoglicemia e, conseqüentemente, fadiga. Ainda nesta situação, o quadro de hiperinsulinemia leva a uma redução na mobilização de ácidos graxos do tecido adiposo para a circulação e posterior oxidação.
Alguns autores têm demonstrado que, mesmo em intervalos de até duas horas pré-exercício, a hiperinsulinemia e conseqüente hipoglicemia durante o exercício podem ser evitadas se o atleta passar por um período de “aquecimento” suficiente para aumentar a liberação hepática de glicose, capaz de garantir o suprimento para os primeiros momentos de atividade até que, sem mais o estímulo da sobrecarga glicêmica, e sob ação dos mecanismos contra-regulatórios característicos do exercício (atividade do sistema nervoso simpático, hormônio glucagon, corticóides etc.), a insulinemia sofra redução e permita a utilização dos estoques musculares de glicogênio.
Pergunta enviada pela leitora Nanci Rouse.
Bibliografia (s)
Rosa LFBPC. Carboidratos. In: Lancha Jr AH. Nutrição e metabolismo aplicados à atividade motora. São Paulo: Atheneu; 2002. p.37-69.
Zucas SM. Nutrição e atividade física. In: Dutra-de-Oliveira JE, Marchini JS, editores. Ciências Nutricionais. São Paulo: Sarvier; 1998. p. 268-71.
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