SUCOS PREMIUM MONA VIE

Armazem Gaia

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Como faço para calcular o volume de dieta enteral a ser administrado por horário?

A primeira tarefa a se fazer é calcular o volume diário total da dieta enteral para que se obtenha o valor energético proposto. Para isto, basta dividir o valor energético total pela densidade calórica da fórmula enteral. Por exemplo: se o valor calórico total é de 1200 Kcal e a fórmula tem densidade calórica de 1,0 Kcal/ml, basta dividirmos 1200 por 1 e obter o resultado de 1200, ou seja, serão necessários 1200 ml para ofertar as 1200 calorias ao paciente.

No caso da alimentação intermitente, a administração da dieta deve ser iniciada com um volume baixo (60 ml a 100 ml) até atingir a concentração total diária, dividindo-se o volume total por 6 a 8 infusões (a cada 3 ou 4 horas, por exemplo), dependendo da aceitação e necessidade do paciente.

Quando a infusão for contínua, deve-se administrar inicialmente a dieta na concentração total, começando com 10 ml/hora a 40 ml/hora, com aumentos de 10 ml a 20 ml a cada 8 a 12 horas, conforme tolerância do paciente.

A aspiração de resíduos gástricos é útil para avaliar o esvaziamento gástrico e evitar o risco de regurgitação e aspiração pulmonar e deve ser feita sempre antes da administração da dieta. O procedimento de verificação do conteúdo residual gástrico é feito após injetar 3 ml a 5 ml de ar, com uma seringa grande (50 ml).

Na presença de resíduos maiores que 200 ml com a sonda nasoenteral, ou maiores que 100 ml com a gastrostomia, associados a desconforto ou distensão abdominal, deve-se interromper a infusão da nutrição enteral (NE) e investigar radiologicamente o paciente. Na ausência de sintomas digestivos, recomenda-se retardar a dieta por uma hora e reavaliar o volume residual gástrico.

O objetivo da NE (determinado pelos requerimentos energéticos) deve ser determinado e claramente especificado logo no início da terapia nutricional. A carga energética pode ser calculada por meio de calorimetria indireta, fórmulas simples (25 Kcal/Kg a 30 Kcal/Kg de peso corporal/dia) ou equações preditivas (como Harris-Benedict, Scholfield, Ireton-Jones, etc), que devem ser utilizadas com cuidado pois fornecem um resultado menos pontual.

A NE deve fornecer no mínimo 50% a 65% das necessidades energéticas do paciente, durante a primeira semana de hospitalização, para que se possa obter os benefícios clínicos. Estudos revelam que esta quantidade é necessária para prevenir aumento da permeabilidade intestinal em pacientes com transplante de medula óssea, promover o rápido retorno das funções cognitivas em pacientes com injúrias de cabeça e para melhorar os resultados da modulação imune em pacientes críticos.

Se o fornecimento de 100% das necessidades calóricas não puder ser atingido dentro de 7 a 10 dias por meio da NE, a complementação com nutrição parenteral pode ser considerada. Entretanto, isto aumentaria os custos hospitalares e não necessariamente reflete benefícios adicionais ao paciente, já que é a NE a responsável por manter a integridade intestinal, reduzir o estresse oxidativo e modular a imunidade sistêmica.






Bibliografia (s)

McClave SA, et al. Guidelines for the Provision and Assessment of Nutrition Support Therapy in the Adult Critically Ill Patient. JPEN. 2009;33(3):277-316. Disponível em: http://pen.sagepub.com/cgi/reprint/33/3/277. Acessado em: 09/12/2009.

Alves CC, Waitzberg DL. Indicações e técnicas de administração em nutrição enteral. In: Waitzberg DL. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. 4.ed. São Paulo: Atheneu, 2009. P. 787-97.

Quais são as propriedades da Morinda citrifolia (Noni)?

Diversos estudos científicos atribuíram ao noni e seus fitoquímicos propriedades analgésica, antibacteriana, antitumoral, anti-inflamatória, antioxidante, antituberculosa e sendo preventiva para doenças cardiovasculares. No entanto, a maioria dos estudos que avaliam suas propriedades é in vitro ou com animais de laboratório. Em menor quantidade estão os estudos clínicos realizados com os extratos e/ou vários constituintes puros de Noni.

A Morinda citrifolia L., popularmente conhecida como noni, é uma pequena árvore nativa do sul da Ásia. O suco do fruto da Morinda citrifolia (suco de noni) tem sido usado popularmente na Polinésia, Austrália e Caribe por acreditarem em suas propriedades medicinais. O seu consumo também vem aumentando em outros países, inclusive no Brasil.

A investigação fitoquímica da Morinda citrifolia resultou no isolamento de cerca de 200 compostos, entre eles: antraquinonas, ácidos graxos e seus derivados, glicosídeos iridóides, lignanas, neolignanas, flavonóides, fenilpropanóides, sacarídeos e triterpenóides.

Em maio de 2007, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou um informe técnico (nº. 25, de 29 de maio de 2007) com esclarecimentos sobre as avaliações de segurança realizadas em produtos contendo Morinda Citrifolia. Segundo a Anvisa, o noni não possui histórico de consumo no Brasil e, portanto, sua comercialização como alimento só será permitida após a comprovação de sua segurança de uso e registro na Anvisa, conforme determinam a Resolução nº. 16/1999 e a Resolução RDC nº. 278/2005, respectivamente.

A Anvisa considerou que as publicações científicas sobre o suco de noni são controversas em relação à sua segurança e as evidências científicas avaliadas não comprovam a segurança dos produtos contendo Morinda citrifolia para uso como alimento. De acordo com o artigo 56 do Decreto-Lei nº. 986/69, os produtos com finalidade terapêutica ou medicamentosa não são considerados alimentos.


Bibliografia (s)

Informe Técnico nº. 25, de 29 de maio de 2007. Atualizado em 18 de junho de 2008, ANVISA. Esclarecimentos sobre as avaliações de segurança realizadas de produtos contendo Morinda Citrifolia, também conhecida como Noni. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/alimentos/informes/25_290507.htm. Acessado em: 10/02/2011.

Pawlus AD, Kinghorn DA. Review of the ethnobotany, chemistry, biological activity and safety of the botanical dietary supplement Morinda citrifolia (noni). J Pharm Pharmacol. 2007;59(12):1587-609.

Potterat O, Hamburger M. Morinda citrifolia (Noni) fruit--phytochemistry, pharmacology, safety. Planta Med. 2007;73(3):191-9.

Mandukhail SU, Aziz N, Gilani AH. Studies on antidyslipidemic effects of Morinda citrifolia (Noni) fruit, leaves and root extracts. Lipids Health Dis. 2010;9:88.

Como as proteínas do soro do leite são utilizadas?

O soro do leite é um subproduto, resultante da fabricação de queijos. Possui alto valor nutricional, conferido pela presença de proteínas com elevado teor de aminoácidos essenciais.


A proteína do leite bovino contém aproximadamente 80% de caseína e 20% de proteínas do soro. No leite humano, o percentual das proteínas do soro é modificado ao longo da lactação. O leite produzido no início da lactação, chamado colostro, contém cerca de 80% dessas proteínas. O percentual da proteína do soro no leite produzido após esse período diminui para 50%.


O concentrado protéico do soro do leite possui, em 100 g, em média 414 Kcal, 80 g de proteína, 7 g de gordura e 8 g de carboidratos. Com relação aos aminoácidos, contém alanina, arginina, asparagina, ácido aspártico, cisteína, glutamina, ácido glutâmico, glicina, histidina, isoleucina, leucina, lisina, metionina, fenilalanina, prolina, serina, treonina, triptofano, tirosina e valina. Os aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA) perfazem 21,2% e todos os aminoácidos essenciais constituem 42,7% da composição nutricional das proteínas do soro do leite (PSL). Além disso, o soro do leite ainda é fonte de ferro (1,2 mg / 100 g), cálcio (600 mg / 100 g) e sódio (170 mg / 100 g).


As PSL são bastante utilizadas em dietas enterais e formulações infantis em virtude de seu elevado valor nutritivo. Utilizadas na forma de hidrolisados, as proteínas do leite normalmente são hipoalergênicas. Indivíduos com intolerância à lactose podem se beneficiar do consumo das PSL como importante fonte de cálcio.


Por apresentarem grande versatilidade de suas propriedades funcionais, as PSL são utilizadas como ingredientes em diversos produtos alimentícios, principalmente por sua elevada solubilidade e capacidade de gelificação.


Ao atingir o intestino delgado, as PSL são rapidamente digeridas e seus aminoácidos absorvidos, estimulando a síntese de proteínas nos tecidos. Esta propriedade contribui com o ganho de peso em pacientes pós-cirúrgicos, geriátricos, imobilizados e praticantes de atividade física. A suplementação com PSL (conhecida como Whey Protein) é bastante utilizada por indivíduos que desejam aumentar a massa muscular. Como o perfil de aminoácidos das PSL é muito similar ao das proteínas do músculo esquelético, muitos estudos classificam as PSL como um efetivo suplemento anabólico.

As PSL também podem ser utilizadas como estratégia para redução de gordura corporal. O cálcio presente nas PSL atua na supressão dos hormônios calcitrópicos, diminuindo a deposição de gordura nos tecidos adiposos. Além disso, o alto teor de BCAA das PSL afeta os processos metabólicos da regulação energética, favorecendo o controle e a redução da gordura corporal.


As PSL também agem sobre os hormônios colecistoquinina e sobre o peptídeo similar ao glucagon, promovendo aumento da saciedade. Pesquisadores observaram que quando os indivíduos ingeriram uma solução contendo 48 g de PSL 90 minutos antes da refeição, apresentaram uma redução significativa do apetite e da ingestão energética.


Estudos com animais observaram outros efeitos biológicos das PSL, como aumentar a resposta imune por meio de maior produção de glutationa celular, estimular a síntese de IGF-1 (Insulin Growth Factor I), reforçar o sistema imunológico, aumentar a longevidade, além das ações hipocolesterôlemica e antitumoral.



Bibliografia (s)

Pacheco MTB, Dias NFG, Baldini VLS Tanikawa C, Sgarbieri VC. Propriedades funcionais de hidrolisados obtidos a partir de concentrados protéicos de soro de leite. Ciênc Tecnol Aliment. 2005;25(2):333-8. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010120612005000200026&script=sci_arttext&tlng=pt. Acessado em: 01/03/2010.

Capitani CD, Pacheco MTB, Gumerato HF, Vitali A, Schmidt FL. Recuperação de proteínas do soro de leite por meio de conservação com polissacarídeo. Pesq Agropec Bras. 2005;40(11):1123-8. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100204X2005001100010&lng=en&nrm=iso&tlng=pt. Acessado em: 03/03/2010.

Haraguchi FK, Abreu WC, Paula H. Proteínas do soro do leite: composição, propriedades nutricionais, aplicações no esporte e benefícios para a saúde humana. Rev Nutr. 2006;19(4):479-88. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S141552732006000400007&script=sci_arttext&tlng=en. Acessado em: 03/03/2010.

Diferentes fontes de proteínas alteram a termogênese e a glicemia

Pesquisadores publicaram na revista The American Journal of Clinical Nutrition um estudo que constatou os efeitos diferenciais de três proteínas sobre o metabolismo energético, saciedade e glicemia.

Este estudo investigou tais variáveis através de refeições com as seguintes composições:

Refeição wey: 50% do valor energético total (VET) em proteína do soro de leite (whey protein), 40% de carboidrato e 10% de lipídios;

Refeição caseína: 50% do VET em caseína, 40% de carboidrato e 10% de lipídios;

Refeição soja: 50% do VET em proteína de soja, 40% de carboidrato e 10% de lipídios;

As três refeições foram comparadas com uma refeição controle rica em carboidrato (95,5% do VET). Além disso, foi testada uma quinta refeição contendo 19% de proteína, 9% de carboidrato e 22% de lipídios, para investigar como essas três proteínas influenciam no índice glicêmico e insulinemia.

Foram estudados 23 indivíduos saudáveis. Todos os participantes foram submetidos calorimetria indireta, que avaliou o gasto energético de repouso (GER). Posteriormente, os indivíduos foram distribuídos aleatoriamente para receber as refeições teste e controle. O GER foi medido antes e após 5,5 horas do consumo das refeições.

O efeito térmico foi maior após a refeição wey (aumento em 14,4% no GER) do que após a refeição caseína (12,0%, p = 0,002), soja (11,6%, p = 0,0001) e refeição rica em carboidrato (6,6%, p < 0,0001). A taxa de oxidação de gordura também foi maior após a refeição wey (16,2 g) do que após a refeição soja (13,7 g, p = 0,097) e após a refeição rica em carboidratos (10,9 g, p < 0,05). A glicemia dos indivíduos após o consumo da refeição wey aumentou em 32%, enquanto que após a refeição rica em carboidrato aumentou em 154% (p = 0,02), caseína em 143% (p = 0,07), e de soja em 151% (p = 0,03). Entretanto, as análises de sensações subjetivas do apetite indicaram que a refeição caseína e soja saciaram mais do que a refeição wey (p < 0,01).

“Nossos resultados confirmam que as refeições ricas em proteínas possuem maior efeito termogênico do que refeições ricas em carboidratos e lipídios, porém, ainda não havia informação na literatura sobre os possíveis efeitos de diferentes fontes proteicas”, comentam os pesquisadores.

“Nosso estudo mostrou que não só as refeições ricas em proteínas possuem maior efeito térmico, mas também que o efeito térmico após o consumo de proteína do soro do leite (whey protein) foi significativamente maior do que após o consumo de caseína e soja. Além disso, verificamos um melhor controle da glicemia com o consumo da proteína do soro do leite do que a caseína e soja. Portanto, proteínas específicas podem ser incorporadas à dieta para modular o metabolismo energético”, concluem.

Referência(s)

Acheson KJ, Blondel-Lubrano A, Oguey-Araymon S, Beaumont M, Emady-Azar S, Ammon-Zufferey C, et al. Protein choices targeting thermogenesis and metabolism. Am J Clin Nutr. 2011 Jan 12. [Epub ahead of print]

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Intervenção dietética é eficaz no tratamento do transtorno de déficit de atenção com hiperatividade

Pesquisadores holandeses publicaram na revista “The Lancet” um estudo que observou efeitos benéficos do tratamento nutricional, através da ingestão de alimentos hipoalérgicos em crianças com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH).

O objetivo primário do estudo foi investigar o impacto do tratamento nutricional, através da restrição de alimentos e compostos que influenciam no TDAH, como aditivos alimentares, corantes artificiais e aromatizantes, emulsificantes, nitratos e sulfitos, entre outros. Já o objetivo secundário foi analisar o papel da alergia alimentar na indução do transtorno.

Trata-se de um estudo randomizado, controlado, dividido em duas fases. A primeira fase consistiu no recrutamento de crianças de 4-8 anos (n = 100) diagnosticadas com TDAH, em que foram divididas em dois grupos, durante cinco semanas, à dieta com restrição à determinados alimentos (grupo dieta de eliminação, n = 50) ou dieta geral com recomendações de hábitos saudáveis (grupo controle, n = 50).

A dieta de eliminação foi baseada segundo a proposta de Hill e Taylor (2001) que consiste em número limitado de alimentos hipoalergênicos, como o arroz, peru, cordeiro, legumes e verduras (alface, cenoura, couve-flor, repolho e beterraba), pêras e água. Todos os outros alimentos foram proibidos, sendo os demais legumes, frutas e carnes permitidos apenas sob supervisão. O cálcio foi fornecido diariamente através de bebidas não lácteas com adição de cálcio. O objetivo foi de propor uma dieta de eliminação tão abrangente quanto possível para cada criança, a fim de tornar a intervenção mais viável.

As crianças que apresentaram melhorias clínicas quando submetidas à dieta de restrição (melhora de pelo menos 40% na escala de classificação da doença) prosseguiram para a segunda fase do estudo. Os alimentos que estimulam a síntese de IgG (imunoglobulina G) e alimentos que não estimulam IgG (classificados em de acordo com a resposta individual da criança, através de testes no sangue), foram adicionados à dieta para avaliar o efeito da hipersensibilidade alimentar mediada por IgG (ativada principalmente na presença de antígenos e toxinas).

Entre o início e o final da primeira fase, o grupo da dieta de eliminação melhorou em 23,7% o escore para classificação do TDAH em relação ao grupo controle (p < 0,0001). A pontuação total das crianças submetidas à dieta de eliminação que continuaram até o final da segunda fase diminuiu em 20,8% (p <0,0001), em relação ao grupo controle, em que a pontuação foi aumentada de acordo com os sintomas da doença.

No entanto, na segunda fase, em que as crianças foram avaliadas de acordo com a ingestão de alimentos capazes de ativar ou não IgG, a recidiva dos sintomas de TDAH ocorreu em 19 das 30 (63%) crianças, independente dos níveis de IgG no sangue.

“A dieta de eliminação rigorosamente supervisionada é um valioso instrumento para avaliar se o TDAH é induzido por alimentos. No entando, a prescrição de dietas com base em exames de sangue IgG deve ser desencorajado, pois não houve diferença na recidiva dos sintomas entre os alimentos que aumentam ou não IgG no sangue”, comentam os pesquisadores.

“Portanto, nosso estudo mostra efeitos consideráveis de uma dieta de eliminação de alimentos envolvidos no desenvolvimento TDAH. Assim, postulamos que a intervenção nutricional deve ser considerada em todas as crianças com TDAH, desde que os pais estejam dispostos a seguir uma dieta restrita, e desde que seja feita sob supervisão de especialistas para evitar o desequilíbrio nutricional”, concluem.



Referência(s)

Pelsser LM, Frankena K, Toorman J, Savelkoul HF, Dubois AE, Pereira RR, et al. Effects of a restricted elimination diet on the behaviour of children with attention-deficit hyperactivity disorder (INCA study): a randomised controlled trial. Lancet. 2011;377(9764):494-503.

Como funcionam e quais são os principais efeitos adversos dos medicamentos para a obesidade?

Existem diversas classes de agentes farmacológicos utilizados no tratamento da obesidade. Atualmente existem cinco medicamentos registrados no Brasil (anfepramona, femproporex, mazindol, sibutramina e orlistate). A Associação Brasileira de Estudos da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO) publicou em 2010 um posicionamento oficial sobre as opções terapêuticas para o tratamento da obesidade e do sobrepeso, com atualização nas indicações, efeitos adversos e posologia, com base nas evidências científicas disponíveis. Foram utilizados os seguintes critérios para classificar o grau de recomendação e força de evidência:

A: Estudos experimentais e ou/observacionais de melhor consistência;
B: Estudos experimentais e ou observacionais de menor consistência;
C: Relato de casos;
D: Opinião desprovida de avaliação crítica, baseada em consensos, estudos fisiológicos ou modelos animais.

· Anfepramona (dietilpropiona)

É um agente noradrenérgico que inibe a fome. Este medicamento estimula sistema nervoso central (SNC) aumentando a liberação de noradrenalina dentro da fenda sináptica dos neurônios hipotalâmicos, que estimula os receptores noradrenérgicos diminuindo, assim, o apetite. Os principais efeitos colaterais são secura na boca, insônia, cefaleia e obstipação intestinal e, mais raramente, irritabilidade e euforia. No entanto, ainda são necessários mais estudos que comprovem a segurança do seu uso, em longo prazo, em indivíduos com doença cardiovascular. A ABESO recomenta, em nível A, o uso da anfepramona para o tratamento da obesidade e sobrepeso nas doses de 50 a 100mg diárias. A anfepramona é eficaz no tratamento da obesidade, desde que seja acompanhada de aconselhamento nutricional e o incentivo à prática de atividade física.

· Femproporex

É um inibidor do apetite derivado da anfetamina, de ação catecolaminérgica, que atua no SNC, sendo utilizado no tratamento da obesidade desde a década de 70. No entanto, existem poucos estudos controlados publicados sobre o seu uso, devido às diferentes doses e critérios de avaliações de perda de peso utilizados nos estudos. A boca seca, insônia, irritabilidade, euforia e taquicardia são os efeitos adversos mais relatados. Além disso, foram relatados casos em que o fármaco induziu à dependência química. A ABESO recomenda, em nível C, que o femproporex é eficaz no tratamento da obesidade e do sobrepeso, desde que seja acompanhada de aconselhamento nutricional e incentivo à prática de atividade física, na dose de 25mg (nível B de recomendação).

· Mazindol

É um medicamento anorexígeno, não anfetamínico, que estimula o SNC, bloqueando a recaptação de noradrenalina nas terminações pré-sinápticas. A ABESO recomenda, em nível B, que o mazindol é eficaz no tratamento da obesidade e do sobrepeso nas doses de 1 a 3 mg de mazindol ao dia, para indivíduos adultos de 18 a 60 anos. No entanto, a eficácia e a segurança em adolescentes e idosos não estão comprovadas. Os principais efeitos colaterais relatados são boca seca, constipação, náuseas, distúrbios do sono e tonturas. A medicação deve ser tomada uma hora antes das refeições.

· Sibutramina

A sibutramina atua no sistema nervoso central inibindo a recaptação de serotonina e noreadrenalina nas terminações nervosas, e esta ação tem efeitos anorexígenos e sacietógenos, pois amplificam os sinais de saciedade e induz à sensação de plenitude. Estudos demonstram que a sibutramina melhora os parâmetros da síndrome metabólica (glicemia de jejum, triacilglicerois e HDL-colesterol). A ABESO recomenda, em nível A, que a sibutramina é eficaz no tratamento da obesidade, do sobrepeso e dos componentes da síndrome metabólica, desde que seja acompanhado de aconselhamento nutricional e incentivo à prática de atividade física. A sibutramina está indicada para adultos até 69 anos de idade e pode ser uma opção terapêutica nos casos de obesidade resistente ao tratamento não farmacológico, a partir dos 12 anos de idade, na ausência de hipertensão não controlada ou distúrbios psiquiátricos. A boca seca, obstipação, cefaleia e insônia são os efeitos adversos mais frequentes. Em menor frequência pode ocorrer irritabilidade, ansiedade, náuseas e taquicardia. A ABESO alerta que, em pacientes hipertensos, sua administração deve ser acompanhada com controles constantes da pressão arterial e da frequência cardíaca. Além disso, a sibutramina é contraindicada em pacientes com história de doença cardiovascular, incluindo doença arterial coronariana, acidente vascular cerebral ou ataque isquêmico transitório, arritmia cardíaca, insuficiência cardíaca congestiva, doença arterial periférica ou hipertensão não controlada (acima de 145/90 mmHg). A sibutramina pode ser usada em doses de 10 ou 15mg por dia e, na dose máxima de 20mg por dia, em casos específicos.

· Orlistate

É um inibidor da lipase pancreática e gastrointestinal, aprovado em 1999 como o primeiro de uma nova classe de agentes antiobesidade, que não possui efeito no SNC. No trato gastrointestinal, o orlistate inibe a ação de hidrólise das lipases pancreáticas e gástricas, impedindo a absorção da gordura dietética. Quando não absorvida, os triacilglicerois são excretados nas fezes, juntamente com o colesterol e vitaminas lipossolúveis. Tomado juntamente com as refeições, o orlistat reduz em 30% a absorção das gorduras ingeridas. Segundo a ABESO, em nível A de recomendação, afirma que o orlistate, associado ao aconselhamento nutricional e à prática de atividade física, é eficaz no tratamento da obesidade, sobrepeso e da síndrome metabólica. Por ser um medicamento que não tem ação central, pode ser associada às demais drogas antiobesidade. Dentre os efeitos adversos mais comuns estão fezes amolecidas, presença de óleo nas fezes, urgência fecal, incontinência fecal, flatulência e, menos frequentemente, dores abdominais e retais. Assim, este medicamento não deve ser utilizado em pacientes com síndrome de má absorção crônica, colestase, ou em pacientes em uso de amiodarona, varfarina ou ciclosporina. O orlistate pode ser utilizado a partir dos 12 anos de idade desde que seja feito o monitoramento dos níveis de vitamina D.

A ABESO recomenda que o uso de medicamentos no tratamento da obesidade e sobrepeso está indicado quando houver falha do tratamento não farmacológico, em pacientes:
· com IMC igual ou superior a 30 kg/m²;
· com IMC igual ou superior a 25 kg/m² associado a outros fatores de risco, como a hipertensão arterial, DM tipo 2, hiperlipidemia, apneia do sono, osteoartrose, gota, entre outras;
· ou com circunferência abdominal maior ou igual a 102cm (homens) e 88cm (mulheres).





Bibliografia (s)

Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. Atualização das Diretrizes para o Tratamento Farmacológico da Obesidade e do Sobrepeso. Posicionamento Oficial da ABESO/ SBEM – 2010.

Stokowski LA. Weight Loss Drugs: What Works? From Medscape Diabetes & Endocrinology. Disponível em: http://www.medscape.com/viewarticle/733585. Acessado em: 11/02/2011.

Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. Diretrizes brasileiras de obesidade 2009/2010. 3aed. Itapevi, SP: AC Farmacêutica, 2009.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Por que a soja fermentada é melhor que a soja não fermentada?

Ao contrário do que se pensa, não faz parte da tradição oriental consumir soja que não tenha sido fermentada. A fermentação natural da soja é um processo que leva um ano ou mais, foi descoberta pelos chineses no final da Dinastia Chou (1134 a 246 AC) e resulta no que conhecemos por missô, shoyu, tempê e tamari. Estes, juntamente com a soja precipitada na forma de tofu, são consumidos tradicionalmente por orientais, porém não como prato principal, e sim como tempero, em poucas quantidades: o consumo médio de soja fermentada no Japão e na China é de 10g (2 colheres das de chá) ao dia.


Associar a boa saúde dos orientais unicamente ao consumo de soja é uma visão absolutamente simplista e distorcida dos fatos, que interessa e é fomentada pela poderosíssima indústria da soja, uma vez que na realidade, a base da alimentação, por exemplo, japonesa, são peixes e frutos do mar; a chinesa, carne de porco, galinha e outros animais; a mongol, leite de iaque fermentado e carnes de animais.

Pelo contrário, os alimentos contemporâneos à base de soja, por não terem sido fermentados, não tiveram suas toxinas neutralizadas, e ainda por cima, são processadas de modo a desnaturar as proteínas e aumentar os níveis de substâncias carcinogênicas.

Alimentos contemporâneos à base de soja são péssimos para crianças, e mais ainda para bebês pois contêm inibidores da tripsina, que prejudicam a digestão das proteínas e afetam a função pancreática. Em animais de laboratório, dietas ricas em inibidores da tripsina levam a atrasos no crescimento e distúrbios pancreáticos. Os alimentos à base de soja aumentam o requerimento de vitamina D, necessária para formar ossos fortes e para o crescimento normal. O ácido fítico presente na soja não fermentada reduz a biodisponibilidade de uma série de minerais, entre eles o ferro e o zinco, necessários para a saúde e o desenvolvimento do cérebro e do sistema nervoso. Os fitoestrógenos presentes nas fórmulas infantis à base de soja têm sido associados à tendência atual de desenvolvimento sexual prematuro em meninas, e atraso no desenvolvimento sexual em meninos.

Uma dieta rica em alimentos à base de soja pode provocar deficiências em cálcio e vitamina D, necessários para a boa qualidade dos ossos. O cálcio presente nos tradicionais caldos de peixe (preparados com carcaças e cabeças), e a vitamina D presentes nos frutos do mar, banha de porco e vísceras de animais, são os verdadeiros responsáveis pelo bom desenvolvimento ósseo e saúde como um todo dos povos asiáticos – e não os alimentos contemporâneos à base de soja.

As isoflavonas presentes na soja são disruptores endócrinos. Mesmo em doses dietéticas, elas podem interferir negativamente na ovulação e estimular o crescimento de células cancerosas. Uma ingestão de apenas 30 gramas (cerca de 4 colheres das de sopa) ao dia, pode resultar em hipotireoidismo, com sintomas de letargia, intestino preso, ganho de peso e fadiga.

Vários estudos em animais demonstraram que uma alimentação à base de soja é causa de infertilidade nos mesmos. Na cultura oriental tradicional, o tofu é considerado prejudicial à virilidade e à libido. Os monges budistas sabiam disso e sempre comeram muito tofu, uma vez que estão presos ao voto de celibato. Até hoje, as donas-de-casa japonesas alimentam seus maridos com grandes quantidades de tofu quando querem diminuir a virilidade dos mesmos.

É importante frisar que os alimentos industrializados, por exemplo, a salsicha, á base de lecitina de soja ( espessante) também apresenta efeitos prejudiciais á saúde, se consumido em excesso. Em relação ao leite de soja, o consumo deve ser restrito para no máximo 2 a 3 porçoes ( copos de 200 ml), ao longo da semana, pelo fato de a bebida não ser á base de soja fermentada.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Quais as estratégias nutricionais no tratamento da enxaqueca?


As estratégias nutricionais mais efetivas para o tratamento da enxaqueca se baseiam na identificação de componentes alimentares causadores do problema.

A enxaqueca, dor de cabeça recorrente, é uma doença neurológica multifatorial, caracterizada por sintomas que incluem crises de dor, fotofobia, fonofobia, náusea e vômito.

Alguns alimentos conhecidos por desencadear a enxaqueca e estão descritos abaixo:

* CHOCOLATE,CACAU, BEBIDA ALCOÓLICA E CAFÉ;
* FIGO, ABACATE, AMEIXA, BANANA E FRUTAS CÍTRICAS ( LARANJA, LIMÃO, MEXERICA);
* VAGEM , CEBOLA, ALHO E PICLES;
* ERVILA E MOLHO DE SOJA;
* LEITE E QUEIJOS;
* CARNES DEFUMADAS, PEIXE E CAVIAR;
* GLUTAMATO MONOSSÓDICO, OVOS, AMACIANTE DE CARNE, CASTANHAS, ALIMENTOS FERMENTADOS E ASPARTAME.





O efeito desses alimentos como desencadeador das crises de enxaqueca varia de acordo com a sensibilidade de cada indivíduo. Assim, para identificar e considerar um alimento desencadeante deve-se levar em consideração os seguintes critérios, de acordo com a Associação Britânica de Estudo da Cefaléia:

· A enxaqueca inicia-se após 6 horas do consumo;
· O efeito ocorre repetidamente;
· A exclusão do alimento na dieta leva à melhora.

A identificação do alimento pode ser facilmente identificada por alguns indivíduos e, nestes casos, o alimento deve ser excluído da alimentação por algumas semanas. Nos casos em que vários alimentos possam estar envolvidos, o nutricionista deve instituir uma dieta de eliminação e reintrodução de maneira cuidadosa para que não haja desequilíbrio alimentar.

Outro fator que pode desencadear a enxaqueca é a hipoglicemia, devendo-se, então, evitar longos períodos em jejum, através do fracionamento das refeições.

Veja também:
Quais alimentos podem causar cefaleia?

Referência (s)

Mueller LL. Diagnosing and managing migraine headache. J Am Osteopath Assoc. 2007;107(10 Suppl 6):ES10-6.

Juzwiak CR. Terapia nutricional na enxaqueca. In: Silva SMC, Mura JDP. Tratado de alimentação, nutrição e dietoterapia. São Paulo: Roca, 2007. p623-632.

Licopeno reduz estresse oxidativo e melhora função endotelial

Estudo publicado na revista Atherosclerosis mostrou que o aumento nos níveis séricos de licopeno, através de sua suplementação, reduz o estresse oxidativo e melhora função endotelial em homens saudáveis.

Os pesquisadores recrutaram 126 homens que apresentavam consumo moderado de álcool, tabagistas e com baixo consumo de frutas e legumes.

Trata-se de um estudo randomizado, duplo-cego e controlado por placebo, onde foram avaliados o estresse oxidativo e a função endotelial após suplementar homens saudáveis com licopeno por 8 semanas. Os participantes foram divididos em três grupos para receber 6 mg (n=41) ou 15 mg (n=37) de licopeno por dia ou placebo (n=38).

Foram analisadas as seguintes variáveis: pressão arterial sistólica; proteína c-reativa ultra-sensível (PCR-US); atividade da enzima antioxidante superóxido dismutase (SOD); tonometria de artéria periférica pela hiperemia reativa para avaliar a função endotelial; ensaio cometa para avaliação de danos no DNA em linfócitos; marcadores inflamatórios e de função endotelial como a molécula de adesão intercelular solúvel tipo 1 (sICAM-1) e molécula de adesão celular vascular solúvel tipo 1 (sVCAM-1).

Os níveis séricos de licopeno aumentaram de maneira dose-dependente após 8 semanas de suplementação (p<0,001). O grupo que recebeu 15 mg/dia de licopeno apresentou aumento significativo na atividade da SOD no plasma (p= 0,014) e redução de danos no DNA (p = 0,042) quando comparados ao grupo placebo. A função endotelial melhorou em 23% na dose de 15 mg/dia (p= 0,032) após oito semanas. Os níveis de PCR-US, pressão arterial sistólica, sICAM-1 e sVCAM-1 diminuíram significativamente também no grupo de 15 mg/dia (p<0,005).

“Os efeitos benéficos da suplementação de licopeno sobre a função endotelial foram mais notáveis nos indivíduos com sua função já prejudicada desde o início do estudo”, comentam os autores.

“Os resultados deste estudo não podem ser generalizados para mulheres ou indivíduos de outras etnias, faixas etárias ou grupos geográficos, pois o gênero é um fator importante na determinação da função endotelial e este estudo foi realizado em um grupo representativo de homens coreanos de meia idade”, ressaltam os autores.

“Apesar dessas limitações, a suplementação de 8 semanas com 6mg/dia ou 15mg/dia foram suficientes para aumentar os níveis séricos de licopeno e atividade da SOD no plasma, além de diminuir danos oxidativos ao DNA de uma maneira dose-dependente. Esses resultados acrescentam à literatura dados importantes sobre os efeitos protetores da atividade antioxidante do licopeno na aterosclerose, através de um efeito antiinflamatório e de preservação da função endotelial”, concluem.





Referência(s)

Kim JY, Paik JK, Kim OY, Park HW, Lee JH, Jang Y, Lee JH. Effects of lycopene supplementation on oxidative stress and markers of endothelial function in healthy men. Atherosclerosis. 2010 Dec 9. [Epub ahead of print]

sábado, 5 de fevereiro de 2011

SAIBA MAIS SOBRE A DIETA CRUDIVORISTA

A dieta crudivorista ou crudivorismo faz parte de um subconjunto de dietas vegetarianas em que é composta apenas de alimentos crus. Os indivíduos adeptos ao crudivorismo evitam carne de qualquer espécie e consomem preferencialmente alimentos frescos, brotos, germinados, frutas, hortaliças e oleaginosas. Além disso, evitam o consumo de alimentos processados e refinados, laticínios, grãos de cereais, sal e açúcar.


A dieta composta de alimentos crus foi proposta em meados do século 19, quando Sylvester Graham desenvolveu a ideia de que pessoas que consumissem alimentos crus nunca ficariam doentes e que nossos ancestrais não ingeriam alimentos cozidos.


Uma das argumentações favoráveis ao consumo de alimentos crus é a manutenção de nutrientes que são normalmente perdidos durante a cocção. Por exemplo, algumas vitaminas, como as hidrossolúveis (vitamina C e complexo B), podem ser destruídas ou inativadas, proteínas podem ser desnaturadas e os lipídeos sofrem oxidação. Além disso, o cozimento potencializa o efeito de agrotóxicos, pois estes podem se desintegrar, formando compostos cancerígenos mais potentes. Um dos exemplos são tomates com agrotóxicos que, quando cozidos, possui efeito tóxico maior do que tomates crus.


Entretanto, deve-se avaliar cuidadosamente o consumo de proteínas e de vitamina B12 devido a ausência do consumo de alimentos de origem animal, bem como cereais e leguminosas na dieta crudivorista..Ainda pode haver deficiência de ácidos graxos essenciais, caso não seja suficiente o consumo de oleaginosas. Além disso, o cozimento aumenta a biodisponibilidade e inibem alguns fatores antinutricionais presentes nos grãos.


A posição da American Dietetic Association (ADA), em relação ao crudivorismo, indica que os dados sobre o efeito desta dieta na saúde ainda são limitados e ressalta que o acompanhamento nutricional é fundamental a fim de evitar a deficiência de nutrientes. Além disso, alerta que esse tipo de dieta restritiva não deve ser recomendada para lactentes e crianças.


Bibliografia (s)

Coury ST, Silva DL, Azevedo E. Dietoterapia Chinesa, Vegetarianismo e Nutrição Antroposófica. In: Silva SMC, Mura JDP. Tratado de alimentação, nutrição e dietoterapia. São Paulo: Roca, 2007. p1016-1035.

Hobbs SH. Attitudes, practices, and beliefs of individuals consuming a raw foods diet. Explore (NY). 2005;1(4):272-7.

Cunningham E. What is a raw foods diet and are there any risks or benefits associated with it? J Am Diet Assoc. 2004;104(10):1623.

Altas doses de vitaminas do complexo B são prejudiciais na nefropatia diabética

Pesquisadores canadenses publicaram no Journal of the American Medical Association (JAMA) um estudo que alerta sobre os riscos da suplementação de vitaminas do complexo B (ácido fólico, vitamina B6 e B12) em pacientes com nefropatia diabética. Os autores concluíram que altas doses dessas vitaminas, em comparação com placebo, resultaram em piora da função renal e aumento do risco de doenças vasculares.


Trata-se de um estudo multicêntrico, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo. Na pesquisa foram avaliados 238 indivíduos com nefropatia diabética (diabéticos tipo 1 ou 2), divididos em dois grupos: suplementação de vitaminas do complexo B (ácido fólico [2,5 mg/d], vitamina B6 [25 mg/d], vitamina B12 [1 mg/d]) e grupo placebo (controle). Os participantes foram suplementados e acompanhados durante três anos, submetidos à avaliação clínica a cada seis meses.


Ao final do estudo, ou seja, após três anos, a taxa de filtração glomerular (TFG) dos pacientes suplementados diminuiu, em média, -5,8 mL/min/1.73 m2 em comparação com o grupo placebo (p = 0,02), caracterizando a piora da função renal desses indivíduos.


Os pacientes suplementados com vitaminas dobraram o risco de apresentarem problemas vasculares, incluindo infarto agudo do miocárdio (IAM), acidente vascular cerebral (AVC) e todas as causas de mortalidade relacionadas quando comparados com os pacientes do grupo placebo (risco relativo= 2,0; intervalo de confiança= 95%; p= 0,04).


Interessantemente, os níveis plasmáticos de homocisteína diminuíram no grupo suplementado em comparação com o grupo placebo (diferença média de -4,8 µmol/L, p <0,001).


A nefropatia diabética é uma causa importante de doença renal crônica e, dentre os principais fatores de risco, estão as altas concentrações de homocisteína plasmática. Os altos níveis de homocisteína podem também aumentar o risco de desenvolver retinopatia e doenças vasculares, incluindo IAM e AVC.


A terapia com vitaminas do complexo B tem sido eficaz na redução da concentração de homocisteína, além de melhorar a função endotelial. A partir disso, os pesquisadores levantaram a hipótese de que a suplementação dessas vitaminas seria capaz de retardar a progressão da nefropatia diabética e prevenir eventos vasculares.


"Nosso estudo é o primeiro a mostrar os efeitos prejudiciais de doses farmacológicas de vitaminas do complexo B (ácido fólico, vitamina B6 e B12). Outros estudos sugeriram dano potencial ou, na melhor das hipóteses, um efeito neutro dessas vitaminas", comentam os autores.


"O fato de diversos estudos clínicos não terem demonstrado benefícios do tratamento com vitaminas do complexo B, somado aos nossos resultados, seria prudente evitar o uso dessas vitaminas em altas doses como uma estratégia de redução de homocisteína", concluem.




Referência(s)

House AA, Eliasziw M, Cattran DC, Churchill DN, Oliver MJ, Fine A, et al. Effect of B-vitamin therapy on progression of diabetic nephropathy: a randomized controlled trial. JAMA. 2010;303(16):1603-9.