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sexta-feira, 25 de março de 2011

FDA e EPA recomendam redução de peixe para gestantes

O Food and Drug Administration (FDA) e o Environmental Protection Agency (EPA) norte-americanos acabam de lançar um alerta para que o consumo de pescado e marisco seja moderado entre mulheres que desejam ficar grávidas, que estão grávidas ou aquelas que estão amamentando. A restrição é para as espécies de peixe que contêm altos níveis de mercúrio, como o peixe-espada, o tubarão, o arenque e o cação. Estas e outras espécies vivem nas partes mais profundas dos mares e, por isso, têm maior tempo de exposição ao metil-mercúrio, um tipo de mercúrio nocivo para a saúde do feto e bebês. O mercúrio está presente no ar e, no contato com o mar, transforma-se em metil-mercúrio. Ao alimentar-se, o peixe absorve essa substância.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a intoxicação por mercúrio pode levar a falência renal, como glomerulonefrite e pielonefrite. A nefrotoxicidade é um fator presente em 20% dos casos de insuficiência renal aguda e 3 a 5% dos de insuficência renal crônica. No entanto, o mecanismo de ação ainda é desconhecido.

Apesar de o consumo de pescados e mariscos trazer benefícios para a saúde, pois são ricos em ácidos graxos ômega-3 e pobres em gordura saturada, todos apresentam uma quantidade de mercúrio, mesmo que pequena. Por isso, FDA e EPA alertam para que se dê preferência para o consumo de pescados com baixos níveis de mercúrio, como o atum enlatado, o camarão, o salmão e o bagre e, que se consumidos, não se ultrapasse a quantidade de 340 g/semana.

O mercúrio está presente no sangue normalmente na concentração de 0,01 µg/dl. A preocupação com a intoxicação por mercúrio é grande na literatura internacional, pois já foram relatados diversos acidentes, envolvendo, principalmente, a ingestão de pescados contaminados. Entre a população ribeirinha amazônica, onde o consumo de peixe é muito grande, não houve ocorrência de danos à saúde, apesar de verificada a exposição ao mercúrio. Não há recomendação estabelecida para a ingestão do mineral. O Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária ainda não se pronunciaram a respeito.




Bibliografia(s)

Backgrounder for the 2004 FDA/EPA Consumer Advisory: What You Need to Know About Mercury in Fish and Shellfish. Disponível em: http://www.fda.gov/oc/opacom/hottopics/mercury/backgrounder.html Acessado em 26-03-04.

Poisoning by pesticides. IPCS News. 1993;3:1-2. Disponível em: http://www.who.int/pcs/newsletter/ipcs-03.pdf. Acessado em 26-03-04.

Borges VC, Ferrini MT, Waitzberg DL. Minerais. In: Waitzberg DL. Nutrição Oral, Enteral e Parenteral na Prática Clínica. São Paulo: Atheneu; 2000. p.117-48.

Dorea JG. Cassava cyanogens and fish mercury are high but safely consumed in the diet of native Amazonians. Ecotoxicol Environ Saf. 2004;57(3):248-56.

Congresso internacional revela os avanços e perspectivas da nutrigenômica

A Conferência Internacional de Nutrigenômica (INCON) juntamente com a 10ª. Conferência Internacional dos Mecanismos Antimutagênicos e Anticarcinogênicos (ICMAA), que ocorreram entre os dias 26 e 29 de setembro de 2010, discutiram os principais avanços e os novos desafios da nutrigenômica. Este foi o primeiro grande evento na área realizado no Brasil na cidade do Guarujá, estado de São Paulo.

O congresso abordou as aplicações e o impacto da nutrigenômica nas questões relacionadas à saúde pública, com a participação dos principais cientistas de todo o mundo.

O reconhecimento de que os nutrientes possuem a capacidade de interagir e modular os mecanismos moleculares de funções fisiológicas do organismo vem provocando uma revolução na ciência da nutrição. Assim, a nutrigenômica (ou genômica nutricional) surge como a ciência que estuda a influência dos nutrientes na expressão dos genes e como eles regulam os processos biológicos, através da aplicação de tecnologias que avaliam a genômica, transcriptômica, proteômica e metabolômica.

O objetivo desta ciência relativamente nova é compreender a variação individual na resposta aos nutrientes e compostos bioativos de alimentos, bem como estabelecer os seus mecanismos moleculares de ação. Esses novos conhecimentos irão contribuir para o planejamento de uma dieta personalizada que permitirá a manutenção da saúde e prevenção de doenças.

Dentre os principais destaques do congresso foi o workshop sobre o Micronutrient Genomics Project (Projeto Genoma de Micronutrientes), com a palestra de Chris Evelo, chefe do Departamento de Bioinformática da Universidade de Maastricht, na Holanda. O pesquisador explicou que este projeto tem como objetivo criar e disponibilizar ferramentas de bioinformática para pesquisadores que informe a respeito da relação dos micronutrientes e seus impactos sobre a saúde. Com isso, será possível a criação de uma rede biológica para cada micronutriente, que permitirá: acessar as variações genéticas relevantes; visualizar as alterações no transcriptoma, exibindo as interações entre os micronutrientes e genes; visualizar as alterações metabolômicas no plasma e tecidos, mostrando o envolvimento dos micronutrientes em vias metabólicas.

O holandês Ben Van Ommen demonstrou em sua palestra que é imprescindível os esforços combinados de pesquisadores do mundo inteiro através de organizações internacionais, como a NuGO (Nutrigenomics Organisation), para o compartilhamento e melhor aproveitamento de dados sobre expressão gênica e nutrientes. A NuGO (www.nugo.org) tem o objetivo de estimular a evolução da nutrigenômica e converter as descobertas das pesquisas nutricionais em saúde, através de projetos conjuntos de investigação, conferências, workshops etc.

A pesquisadora alemã Hannelore Daniel, da Universidade Técnica de Munique, foi uma das convidadas de destaque do congresso. Em uma de suas conferências, a pesquisadora observou que através das ferramentas "ômicas", a ciência nutricional tem se tornado essencial na compreensão dos processos que compõem o metabolismo na saúde e nas doenças humanas. Além disso, ela relatou que a nutrigenômica visa definir melhor os mecanismos de controle homeostático, identificar o desequilíbrio nas fases iniciais das doenças relacionados à dieta e que a avaliação da medida de sensibilização do genótipo de um indivíduo contribui para o avanço do tratamento de doenças.

O diretor da Divisão de Nutrição e Medicina Personalizadas, Jim Kaput, da Food and Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos da América, destacou que as pesquisas na área de nutrigenômica e suas aplicações enfrentam grandes desafios: a heterogeneidade genética humana, a complexidade dos alimentos e os mecanismos de variáveis fisiológicas que levam à saúde ou doença. O pesquisador ressalta que novas estratégias de pesquisa e projetos experimentais são necessárias para a criação de recomendações nutricionais personalizadas.

O congresso ofereceu espaço para os jovens pesquisadores, através de sessões em que foram discutidos planos de carreira e oportunidades na área. Neste espaço os estudantes de mestrado e doutorado tiveram a oportunidade de interagir com pesquisadores renomados, o que tornou a sessão interativa com perguntas e respostas. Esta iniciativa foi bastante apreciada pelos participantes, que gerou informações destinadas a expandir as oportunidades para a carreira científica.



Referência(s)

Kaput J. Nutrigenomics research for personalized nutrition and medicine. Curr Opin Biotechnol. 2008;19(2):110-20.

Mutch DM, Wahli W, Williamson G. Nutrigenomics and nutrigenetics: the emerging faces of nutrition. FASEB J. 2005;19(12):1602-16.

Dieta mediterrânea e azeite de oliva modificam a expressão de genes pró-inflamatórios

Pesquisadores espanhois publicaram na revista científica The FASEB Journal um estudo que mostrou a capacidade da dieta mediterrânea em diminuir a atividade de genes inflamatórios quando associada com azeite de oliva virgem.


Pesquisas científicas têm mostrado evidências consistentes sobre a dieta mediterrânea na redução do risco de doença arterial coronariana (DAC). Esta dieta possui alto teor de gordura monoinsaturada, sendo o azeite a sua principal fonte de gordura. Os principais benefícios deste óleo se devem devido à diminuição do risco para DAC, especialmente em melhorar o perfil lipídico, reduzir a oxidação lipídica e do DNA, diminuir resistência à insulina e inflamação.


Este efeitos benéficos atribuídos ao azeite de oliva se devem ao alto teor de ácidos graxos monoinsaturados, além de outros componentes biologicamente ativos, como os polifenois.




Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar se a dieta mediterrânea tradicional (DMT) e os polifenois presentes no azeite de oliva promovem mudanças na expressão de genes relacionados com a aterosclerose.

Trata-se de um estudo clínico, controlado e randomizado, com voluntários saudáveis (n = 90) e idade entre 20 a 50 anos. Todos foram submetidos a três intervenções dietéticas.



Os voluntários foram divididos aleatoriamente em três grupos com 30 participantes em cada um, sendo:



Grupo 1 - Dieta mediterrânea tradicional (DMT) com azeite de oliva virgem (AOV – 328 mg/kg de polifenois), chamado de grupo DMT+AOV.


Grupo 2 - DMT com azeite de oliva virgem lavado (em que foi retirada grande parte dos polifenois do azeite, restando apenas 55 mg/kg), chamado de grupo DMT+AOVL.



Grupo 3 - Grupo controle, com os participantes em dieta habitual.


Todos os participantes receberam as dietas durante três meses e foram coletadas amostras de sangue antes e após a intervenção. A análise da expressão de 48 genes relacionados com a aterosclerose foi realizada nas células mononucleares do sangue periférico (PBMC).


Foram também avaliados parâmetros como perfil lipídico, glicemia e proteínas relacionadas com o desenvolvimento da aterosclerose (IFN-γ [interferon gama] e MCP-1 [proteína quimiotática de monócitos-1]).



O consumo da DMT diminuiu a oxidação plasmática, o estado de inflamação e a expressão de genes relacionados com a inflamação, tais como: IFN-γ (interferon gama), IL7R (receptor de interleucina-7), ARHGAP15 (Rho GTPase-activating protein 15) e ADRB2 (receptor adrenérgico beta 2). Todos esses efeitos foram particularmente observados na dieta com AOV, rica em polifenois. A dieta mediterrânea com azeite de oliva virgem lavado (pouca quantidade de polifenois) não alterou a expressão desses genes em relação ao grupo controle.



Em estudos experimentais, o azeite também tem se mostrado capaz de influenciar as fases da carcinogênese, a composição da membrana celular, vias de transdução de sinais, fatores de transcrição, e genes supressores tumorais.



“Atualmente, existem poucos dados sobre o efeito in vivo da dieta mediterrânea na expressão de genes humanos, particularmente em voluntários saudáveis. Alterações da expressão gênica em células mononucleares do sangue periférico (PBMCs) após o consumo de azeite virgem foram mostrados previamente. No entanto, até o momento não existiam dados sobre os efeitos dos polifenóis no azeite em seres humanos”, comentam os pesquisadores.



“Nossos resultados indicam um papel significativo dos polifenois do azeite na regulação de genes pró-aterogênicos no contexto da dieta mediterrânea. Portanto, os benefícios associados com a dieta mediterrânea e consumo de polifenois do azeite sobre o risco de doenças cardiovasculares pode ser mediada através da nutrigenômica”, concluem.





Referência(s)

Konstantinidou V, Covas MI, Muñoz-Aguayo D, Khymenets O, de la Torre R, Saez G, et al. In vivo nutrigenomic effects of virgin olive oil polyphenols within the frame of the Mediterranean diet: a randomized controlled trial. FASEB J. 2010;24(7):2546-57.

O que é nutrigenômica?

O termo nutrigenômica, ou genômica nutricional, é o estudo do impacto de nutrientes na expressão gênica, que permite conhecer o mecanismo de ação das substâncias biologicamente ativas, contidas nos alimentos, e seus efeitos benéficos para a saúde humana. Com isso, a nutrigenômica fornece meios para prevenir e tratar o desenvolvimento de doenças por meio da alimentação.


Para essa análise, são utilizadas técnicas de biologia molecular, como a Northern bloting ou RT-PCR (real time polymerase chain reaction) em tempo real, que analisam a expressão de um número limitado de genes. Outro método, que consegue determinar a expressão o de s, que consegue determinar a expressde milhares de genes simultaneamente, é a DNA microarray.




Em um dos estudos já publicados sobre o assunto, por exemplo, os autores observaram que a ingestão de soja, cujos componentes ativos mais abundantes são a genisteína e a daidzeína, diminuiu a expressão de genes relacionados com formação de aterosclerose, diminuindo assim o risco de desenvolvimento de doença cardiovascular.



Assim, esta é uma área que ainda exige muitos estudos, mas que futuramente poderá ser uma ferramenta para que o profissional da saúde obtenha diagnóstico mais preciso, realize intervenção e promoção da saúde de forma individualizada.


Referência (s)

Elliott R, Ong TJ. Nutritional genomics. BMJ. 2002;324(7351):1438-42.

Fenech M. Genome health nutrigenomics and nutrigenetics - diagnosis and nutritional treatment of genome damage on an individual basis.
Food Chem Toxicol. 2007 Jul 5; [Epub ahead of print]

Rimbach G, Boesch-Saadatmandi C, Frank J, Fuchs D, Wenzel U, Daniel H, et al. Dietary isoflavones in the prevention of cardiovascular disease - A molecular perspective. Food Chem Toxicol. 2007 Jul 3; [Epub ahead of print]

Reseland JE, Haugen F, Hollung K, Solvoll K, Halvorsen B, Brude IR, et al. Reduction of leptin gene expression by dietary polyunsaturated fatty acids. J Lipid Res. 2001;42(5):743-50.
É seguro o consumo de peixes durante a gestação?

O consumo de algumas espécies de peixes deve ser evitado durante a gestação e lactação, devido à contaminação por metais pesados, como o mercúrio. Cerca de 80% a 95% do mineral encontrado nos peixes está na forma metilada, ou metil-mercúrio, reação que acontece quando o mercúrio presente no ar entra em contato com a água do mar. Os peixes que vivem em regiões mais profundas contêm maiores concentrações do metal, como o peixe-espada, o tubarão, o arenque e o cação.


Porém, há algumas espécies que têm o consumo liberado pela FDA (Food and Drug Administration norte-americano): o atum enlatado, o camarão, o salmão e o bagre.


No homem, a absorção do metil-mercúrio é alta e acontece no intestino. O metal permanece no corpo por mais de dois meses até ser eliminado e, durante este período, acumula-se nos rins e fígado e atua no sistema nervoso central (SNC) como inibidor enzimático. Mesmo quando a mãe não desenvolve nenhum sintoma, o metil-mercúrio é tóxico para o feto, podendo causar danos irreversíveis como paralisia cerebral, distúrbios mentais, retardo no desenvolvimento de certas funções psicomotoras, convulsões, cegueira e má-formação dos ouvidos. Em adultos, esses sintomas acontecem quando o mineral atinge valores iguais ou superiores a 3 mg/Kg. Há descrito na literatura que o consumo materno de peixe durante a gravidez pode desenvolver asma na criança, principalmente se o peixe for do tipo processado e empanado. Por outro lado, o consumo materno de óleo de peixe protege o bebê desta enfermidade, devido aos ácidos graxos ômega-3.


Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), o limite máximo de mercúrio presente nos pescados e produtos da pesca pode chegar a 0,5 mg/Kg. Mesmo o atum enlatado sendo liberado pela FDA, análises realizadas com as marcas deste tipo de peixe mais vendidas no Rio de Janeiro comprovaram que mais da metade das amostras apresentaram concentrações do metal superiores ao permitido pela legislação. Outro estudo que determinou os níveis de mercúrio em peixes de diversas espécies procedentes de pesque-pagues e pisciculturas do estado de São Paulo afirma que todos os peixes analisados não apresentaram risco à saúde quanto aos níveis do metal.


Como esses tipos de análises não são comuns, principalmente com os peixes vendidos in-natura, o ideal é procurar informações sobre a origem e/ou cultivo dos peixes antes de consumi-los, já que as águas com maior risco de contaminação por metais pesados como o mercúrio, são as que ficam próximas a indústrias.




Bibliografia (s)

Yallouz A, Campos RC, Louzada A. Níveis de mercúrio em atum sólido enlatado comercializado na cidade do rio de janeiro. Ciênc Tecnol Aliment. 2001;21(1):1-4. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cta/v21n1/5354.pdf. Acessado em: 02/02/2009.

Salam MT, et al. Maternal fish consumption during pregnancy and risk of early childhood asthma. J Asthma. 2005;42(6):513-8. Disponível em: http://www.ingentaconnect.com/content/apl/ljas/2005/00000042/00000006/art00014. Acessado em: 02/02/2009.

Schneider AP, Stein RT, Fritscher CC. O papel do aleitamento materno, da dieta e do estado nutricional no desenvolvimento de asma e atopia. J bras pneumol. 2007;33(4):454-62. Disponível em: http://www.jornaldepneumologia.com.br/novo/portugues/artigo_print.asp?id=608. Acessado em: 02/02/2009.

Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Portaria nº 685, de 27 de agosto de 1998 – Princípios gerais para o estabelecimento de níveis máximos de contaminantes químicos em alimentos. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/legis/portarias/685_98.htm. Acessado em: 02/02/2009.

Morgano MA, et al. Níveis de mercúrio total em peixes de água doce de pisciculturas paulistas. Ciênc Tecnol Aliment. 2005;25(2):250-3. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cta/v25n2/25019.pdf. Acessado em: 02/02/2009.

Martins RV, Filho FJ de P, Maia SRR. Distribuição de mercúrio total como indicador de poluição urbana e industrial na costa brasileira. Quim Nova. 2004;27(5):763-70. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/qn/v27n5/a16v27n5.pdf. Acessado em: 02/02/2009.

As gestantes devem receber suplementação de ácido graxo ômega-3?

Todas as gestantes e mulheres que estão amamentando devem consumir, no mínimo, 200mg de DHA (ácido docosahexaenóico)/dia. Segundo consenso elaborado pela Comissão Européia de Pesquisa para Recomendações Lipídicas, em 2007, este é um ácido graxo essencial do tipo ômega-3..Esta quantidade garante o depósito adequado de DHA no cérebro e em tecidos do recém-nascido durante os períodos críticos de desenvolvimento.


Mulheres conseguem atingir a recomendação desse ácido graxo consumindo duas porções de peixes por semana, como sardinha, salmão, atum, cavala e truta, que são peixes com altos teores desse ácido graxo. Segundo a FDA (Food and Drug Administration), as gestantes e nutrizes devem evitar outras espécies de peixes, como o peixe-espada, o tubarão, o arenque e o cação, pois estes peixes vivem em regiões mais profundas e podem conter quantidades significantes de metais pesados, como o mercúrio.


O DHA é importante para o desenvolvimento do cérebro e olhos, especialmente durante a gestação e infância. Estudos mostram que crianças com níveis de DHA sanguíneos mais elevados conseguem uma pontuação melhor em testes que medem as funções cerebral (ou função cognitiva) e visual.


Para quem não consome peixe, a suplementação de DHA pode ser feita com óleos de peixe ou de alga. Este último é uma opção para os vegetarianos e pode ser adicionado às comidas e fórmulas infantis. A linhaça também é uma importante fonte do ácido graxo ômega-3.



Bibliografia (s)

American Dietetic Association. Nutrition fact sheet – DHA: a good fat. Disponível em: http://www.eatright.org/ada/files/Martek_Fact_Sheet.pdf. Acessado em: 15/09/2009.

Visentainer JV, Saldanha T, Bragagnolo N, Franco MRB. Relação entre teores de colesterol em filés de tilápias e níveis de óleo de linhaça na ração. Ciênc Tecnol Aliment. 2005; 25(2):310-4. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cta/v25n2/25030.pdf. Acessado em: 16/09/2009.

Iglesias JC. Sabor e Saber. Os cinco sentidos da alimentação. São Paulo: Singular, 2007. 338p.

Consumo de ácidos graxos durante a gravidez influencia a adiposidade infantil

Pesquisadores americanos publicaram na revista The American Journal of Clinical Nutrition um estudo que avaliou o consumo de ácidos graxos durante a gestação e concluiu que as mães que apresentavam aumento no consumo de ômega-3 tiveram filhos com menor adiposidade.

Trata-se de um estudo de coorte que teve o objetivo de avaliar a associação entre as quantidades de ácidos graxos ômega-3 (n-3) e 6 (n-6) presentes na dieta materna e suas concentrações sanguíneas com a adiposidade infantil em crianças de até 3 anos de idade. Os autores trabalharam com a hipótese de que uma maior exposição pré-natal aos ácidos graxos n-3 seria inversamente associada com obesidade infantil.

Foram recrutadas gestantes entre os anos de 1999 a 2002, atingindo um total de 1120 gestantes e seus respectivos filhos avaliados do nascimento até 3 anos de idade. A adiposidade infantil foi medida pela soma das dobras cutâneas subescapular e tricipital, sendo o risco de obesidade medido pelo índice de massa corporal maior ou igual ao percentil 95 para idade e sexo.

Nas mães, a média do consumo de ômega-3 foi de 0,15 ± 0,14 g de EPA (ácido eicosapentaenoico) + DHA (ácido docosahexaenoico)/dia. Nas crianças, a soma das dobras cutâneas foi de 16,7 ± 4,3 mm, e 9,4% das crianças estavam obesas. A análise estatística mostrou que a cada aumento nas concentrações sanguíneas de DHA + EPA houve diminuição na soma das dobras cutâneas [-0,91 mm (IC 95%: -1,63, -0,20 mm)], além de menor risco para a obesidade (risco relativo de 0,68). Foi constatado também que a maior proporção plasmática de n-6: n-3 esteve associada à maior somatória das dobras cutâneas e probabilidades de desenvolver obesidade.

“Estes resultados sugerem que a maior ingestão de fontes dos ácidos graxos ômega-3 durante o pré-natal estão associados com menor adiposidade na infância. Nesta coorte, como em outras populações da América do Norte e Europa Ocidental, o consumo de alimentos fontes de ácidos graxos ômega-3 durante a gestação ainda está bem abaixo das concentrações recomendadas”, comentam os pesquisadores.

“Estudos anteriores constataram que maior ingestão de ácidos graxos ômega-3 pode estar associada com menores taxas de obesidade e melhor desenvolvimento neurocognitivo. Estudos posteriores deverão fornecer evidências adicionais sobre a contribuição destes ácidos graxos na prevenção de desfechos relacionados com a adiposidade na infância”, concluem.



Referência(s)

Donahue SM, Rifas-Shiman SL, Gold DR, Jouni ZE, Gillman MW, Oken E. Prenatal fatty acid status and child adiposity at age 3 y: results from a US pregnancy cohort. Am J Clin Nutr. 2011 Feb 10. [Epub ahead of print]

Qual a diferença entre nutrigenômica e nutrigenética?

A nutrigenômica é a ciência que estuda a influência dos nutrientes na expressão dos genes e como eles regulam os processos biológicos. A nutrigenética, por sua vez, analisa o efeito da variação genética na interação dieta-doença, o que inclui a identificação e caracterização do gene relacionado e/ou responsável pelas diferentes respostas aos nutrientes.

De uma maneira geral, a nutrigenômica surgiu no contexto do pós-genoma humano, sendo seu foco de estudo a interação gene-nutriente, o que inclui também a nutrigenética. Assim, a nutrigenômica estuda os nutrientes e compostos bioativos dos alimentos que influenciam o funcionamento do genoma e as variações no genoma que influenciam a forma pela qual o indivíduo responde à dieta.

Alguns nutrientes e compostos bioativos de alimentos podem atuar em diferentes momentos da expressão gênica, desde o estímulo para que o gene seja expresso, através de um receptor, até as modificações pós-traducionais que podem ocorrer nas proteínas, após terem sido traduzidas.

Os nutrientes e compostos bioativos de alimentos podem alterar a expressão de genes de maneira direta ou indireta. Por exemplo, vitaminas A, D e ácidos graxos apresentam ações diretas, pois ativam receptores nucleares que induzem a transcrição de genes específicos. O resveratrol e a genisteína da soja influenciam indiretamente a transcrição de genes através da inibição de vias de sinalização molecular, como a do fator nuclear kappa B (NFκB).

As variações genéticas que podem modificar a resposta aos nutrientes incluem os polimorfismos de nucleotídeo único (SNPs) que podem repercutir em processos como digestão, absorção e metabolismo de nutrientes, como por exemplo, foi recém-descoberto que o SNP no gene CD36/FAT está relacionado com menor concentração sanguínea da vitamina E.


Bibliografia (s)

Müller M, Kersten S. Nutrigenomics: goals and strategies. Nat Rev Genet. 2003;4(4):315-22.

Simopoulos AP. Nutrigenetics/Nutrigenomics. Annu Rev Public Health. 2010;31:53-68.
Fialho E, Moreno FS, Ong TP. Nutrição no pós-genoma: fundamentos e aplicações de ferramentas ômicas. Rev. Nutr. 2008;21(6):757-766.

Kaput J. Nutrigenomics research for personalized nutrition and medicine. Curr Opin Biotechnol. 2008;19(2):110-20.

Consumo de ácidos graxos durante a gravidez influencia a adiposidade infantil

Pesquisadores americanos publicaram na revista The American Journal of Clinical Nutrition um estudo que avaliou o consumo de ácidos graxos durante a gestação e concluiu que as mães que apresentavam aumento no consumo de ômega-3 tiveram filhos com menor adiposidade.

Trata-se de um estudo de coorte que teve o objetivo de avaliar a associação entre as quantidades de ácidos graxos ômega-3 (n-3) e 6 (n-6) presentes na dieta materna e suas concentrações sanguíneas com a adiposidade infantil em crianças de até 3 anos de idade. Os autores trabalharam com a hipótese de que uma maior exposição pré-natal aos ácidos graxos n-3 seria inversamente associada com obesidade infantil.

Foram recrutadas gestantes entre os anos de 1999 a 2002, atingindo um total de 1120 gestantes e seus respectivos filhos avaliados do nascimento até 3 anos de idade. A adiposidade infantil foi medida pela soma das dobras cutâneas subescapular e tricipital, sendo o risco de obesidade medido pelo índice de massa corporal maior ou igual ao percentil 95 para idade e sexo.

Nas mães, a média do consumo de ômega-3 foi de 0,15 ± 0,14 g de EPA (ácido eicosapentaenoico) + DHA (ácido docosahexaenoico)/dia. Nas crianças, a soma das dobras cutâneas foi de 16,7 ± 4,3 mm, e 9,4% das crianças estavam obesas. A análise estatística mostrou que a cada aumento nas concentrações sanguíneas de DHA + EPA houve diminuição na soma das dobras cutâneas [-0,91 mm (IC 95%: -1,63, -0,20 mm)], além de menor risco para a obesidade (risco relativo de 0,68). Foi constatado também que a maior proporção plasmática de n-6: n-3 esteve associada à maior somatória das dobras cutâneas e probabilidades de desenvolver obesidade.

“Estes resultados sugerem que a maior ingestão de fontes dos ácidos graxos ômega-3 durante o pré-natal estão associados com menor adiposidade na infância. Nesta coorte, como em outras populações da América do Norte e Europa Ocidental, o consumo de alimentos fontes de ácidos graxos ômega-3 durante a gestação ainda está bem abaixo das concentrações recomendadas”, comentam os pesquisadores.

“Estudos anteriores constataram que maior ingestão de ácidos graxos ômega-3 pode estar associada com menores taxas de obesidade e melhor desenvolvimento neurocognitivo. Estudos posteriores deverão fornecer evidências adicionais sobre a contribuição destes ácidos graxos na prevenção de desfechos relacionados com a adiposidade na infância”, concluem.




Referência(s)

Donahue SM, Rifas-Shiman SL, Gold DR, Jouni ZE, Gillman MW, Oken E. Prenatal fatty acid status and child adiposity at age 3 y: results from a US pregnancy cohort. Am J Clin Nutr. 2011 Feb 10. [Epub ahead of print]

quarta-feira, 23 de março de 2011

Ansiedade

Ansiedade, ânsia ou nervosismo é uma característica biológica do ser humano, que antecede momentos de perigo real ou imaginário, marcada por sensações corporais desagradáveis, tais como uma sensação de vazio no estômago, coração batendo rápido, medo intenso, aperto no tórax, transpiração etc.
Todas as pessoas podem sentir ansiedade, principalmente com a vida atribulada atual. A ansiedade acaba tornando-se constante na vida de muitas pessoas. Dependendo do grau ou da frequência, pode se tornar patológica e acarretar muitos problemas posteriores, como o transtorno da ansiedade. Portanto, nem sempre é patológica.
Ter ansiedade ou sofrer desse mal faz com que a pessoa perca uma boa parte da sua auto-estima, ou seja, ela deixa de fazer certas coisas porque se julga ser incapaz de realizá-las. Dessa forma, o termo ansiedade está de certa forma ligado à palavra medo, sendo assim a pessoa passa a ter medo de errar quando da realização de diferentes tarefas, sem mesmo chegar a tentar.
A Ansiedade em níveis muito altos, ou quando apresentada com a timidez ou depressão, impede que a pessoa desenvolva seu potencial intelectual. O aprendizado é bloqueado e isso interfere não só no aprendizado da educação tradicional, mas na inteligência social. O indivíduo fica sem saber como se portar em ocasiões sociais ou no trabalho, o que pode levar a estagnação na carreira.
Os sintomas mais freqüentes de ansiedade são: dificuldade em pegar no sono, apreensão, irritabilidade, inquietação, impaciência, nervosismo, agitação, hiperatividade, labilidade emocional, humor lábil, insônia, dificuldade de aprendizado, respostas exageradas com sobressalto, susto e espanto. Pode ocorrer nos casos mais sérios a síndrome do pânico que é caracterizada pela sensação súbita de que vai morrer, a pessoa fica apavorada, com mal estar geral, suando frio, com tremores e batedeira no peito ( taquicardia ).
Evite cafeína sob qualquer forma: café, chá, guaraná em pó, etc. As pessoas que estão propensas a ataques de pânico e ansiedade são, muitas vezes, sensíveis à cafeína. Seria bom evitar estimulantes sob qualquer forma.
Não consuma açúcar branco, nem alimentos muito doces. As flutuações esporádicas do açúcar sangüíneo podem gerar sensações de ansiedade e liberar adrenalina pelas glândulas adrenais. Ingira carboidratos complexos como os grãos integrais e evite o "empty-calorie junk food " ( calorias vazias ) .
Não consuma remédios que você não necessite ou sem prescrição médica. Algumas drogas que são consideradas como tendo efeitos tranquilizantes podem, na verdade, agitar o sistema nervoso de algumas pessoas. Determinados descongestionantes para a rinite e preparados com codeína para a tosse , podem apresentar este efeito.
Suplementos Nutricionais Complexo B: Todas as vitaminas do complexo B são vitais para o funcionamento adequado do sistema nervoso e para a manutenção da saúde mental. Uma forte suplementação de vitaminas do complexo B pode melhorar a função cerebral e ajudar na redução da ansiedade e do estresse. Tome vitamina B1, vitamina B6 e vitamina B12. Um bom suplemento é o levedo de cerveja
Vitamina C com bioflavonóides: São importantes para manter as glândulas adrenais saudáveis, que podem estar exaustas durante o período de ansiedade, devido a alta produção de adrenalina. A ingestão de doses altas de vitamina C foi associada à maior resistência ao estresse.
NADH: Um composto orgânico que pode ajudar a normalizar a química cerebral, promovendo uma sensação de calma e bem-estar. Dose sugerida: 5 a 15 mg ao dia. Ingerir com o estômago vazio.
Cálcio e magnésio: Tem um efeito calmante e ajuda a diminuir a sensação de nervosismo. Use produtos quelados ou na forma de citrato.
L-tirosina: Um aminoácido que pode ajudar a aliviar os sintomas do estresse e promover o sono. Ingerir com o estômago vazio e com suco de frutas. Não utilize se estiver consumindo beta-bloqueadores ou sofrer de pressão alta.
Gaba com inositol ou L-taurina : Agem como tranquilizantes naturais.
Melatonina: Promove o relaxamento e o sono Tem sido usada no tratamento de desordens mentais como a depressão e no tipo de insônia que acompanha a ansiedade. Comece com doses pequenas. Não é recomendado para grávidas ou mulheres que estejam amamentando.


Fitoterápicos

Ginkgo biloba: Melhora a oxigenação das células do cérebro e apresenta efeitos antidepressivos por melhorar o estado da microcirculação.
Ácidos graxos essenciais: Fazem parte dos revestimentos nervosos : membrana citoplasmática , membranas do mitocondria e bainha de mielina. Os ácidos graxos mais usados são o óleo de linhaça , o óleo de borragem e o óleo de prímula.
Maracujá: O maracujá funciona bem em fórmulas para tratar a insônia, combater o estresse, a tensão nervosa, a ansiedade, a inquietação e dores-de-cabeça de origem nervosa. Não use em caso de gravidez ou se estiver amamentando.
Gengibre : A tensão nervosa e a ansiedade geralmente são acompanhadas por distúrbios alimentares e digestivos. O gengibre é uma das melhores ervas para tratar dos distúrbios do trato digestivo. O gengibre assiste quase todos os aspectos da digestão. Ele estimula a produção da saliva e da bile e diminuí as náusea, os gases e a plenitude . Ele também melhora o peristaltismo tonificando a musculatura intestinal e otimizando a flora intestinal útil. A sua qualidade de estimular a circulação faz com que as demais ervas desta fórmula sejam mais eficazes . A raiz de gengibre ativa os mecanismos de limpeza do corpo através de suas propriedades diuréticas, diaforéticas e digestivas. O valor terapêutico do gengibre é oficialmente reconhecido na Grã Bretanha, Bélgica, e França.
Lúpulo : O lúpulo é amplamente cultivado na América do Norte, na América do Sul, Inglaterra, Alemanha e Austrália devido ao seu uso na produção de cerveja. Ele tem sido empregado como medicamento por mais de mil anos. O lúpulo tem sido usado como medicamento, talvez pelo mesmo período de tempo, para tratar da ansiedade e dos distúrbios do sono. O lúpulo é oficialmente reconhecido como medicamento na Grã Bretanha, Bélgica, e França.
Camomila : Enquanto a camomila tem sido usada modestamente nos Estados Unidos como chá e em outras preparações, ela não alcança o sucesso encontrado na Europa ocidental e oriental, especialmente, na Alemanha, onde é considerada uma verdadeira panacéia. A camomila tem sido muito estudada e é muito útil para os distúrbios do sono e digestivos. É carminativa e acalma o trato gastrointestinal, mas também estimula levemente o intestino, sem ser um laxativo propriamente dito. É oficialmente reconhecida na Grã Bretanha, Bélgica, França e Alemanha.

Outros nutrientes
Vervano: Considerado um relaxante dos nervos.
L-glutamina: Tranquiliza gentilmente o sistema nervoso central.
GABA: Ajuda a nutrir o cérebro e é essencial para a saúde das células cerebrais.


Outras Terapias de Apoio
Meditação : Aprender a meditar pode ajudar a dispersar sentimentos de ansiedade ou tensão, enquanto nos ensina a focar somente naquilo que queremos pensar. O controle da mente é uma parte integral do aprendizado para lidarmos com sentimentos descontrolados de ansiedade ou pânico.
Visualização : A capacidade de visualizarmos situações que geralmente precedem um ataque de pânico, com comportamentos alternativos racionais pode ajudar a controlar os distúrbios de ansiedade. Além disso, visualizar certas imagens quando nos confrontamos com sentimentos de pânico pode ajudar a dissipar o ataque.
Controle da respiração : A disciplina é inestimável para atingir o relaxamento. Nas situações de grande estresse o controle da respiração pode ser muito útil.
Aromaterapia : Certos aromas como a lavanda pode ajudar a dissipar o estresse e a promover um efeito tranquilizante. Óleos aromáticos podem ser carregados na bolsa ou no bolso para o uso fora do lar.


Fatos científicos de Realce
Enquanto a maior parte dos distúrbios de ansiedade estão ligados ao estresse ou outros fatores psicológicos, há muitas evidências indicando que são os distúrbios da neuroquímica cerebral os responsáveis pelo desencadeamento de uma crise de pânico. Norepinefrina e epinefrina são os neurotransmissores envolvidos e podem inadvertidamente iniciar uma reação em cadeia de eventos fisiológicos que criam o sentimento de pânico e a sensação de morte iminente. Sofrer de deficiências das vitaminas do complexo B e de vários minerais e aminoácidos pode causar claramente todos os tipos anormais de estados emocionais, implicando que a nossa alimentação pode afetar profundamente a nossa bioquímica cerebral.
A Taurina é um aminoácido não-essencial contendo Enxofre que age com a Glicina e o Ácido g-Aminobutírico como um transmissor neuroinibidor. Quando há extrema exaustão física, o corpo não produz a quantidade de Taurina necessária, causando uma certa deficiência. A Taurina age como transmissor metabólico, tem efeito desitoxicante e fortalece as contrações cardíacas. A taurina não é incorporada em enzimas e proteínas, mas possui um papel importante no metabolismo dos ácidos da bile. É incorporada como um dos ácidos mais abundantes da bile (o Ácido Quenodeoxiclóico) onde serve para emulsionar nos intestinos os lipídos ingeridos na dieta, promovendo a sua digestão.
A Taurina é um derivado da L-Metionina >>> L-Cisteína >>> Taurina. Sua síntese ocorre no fígado e no cérebro. Grandes concentrações deste composto também foram encontradas no intestinos e ossos esqueléticos.
A maioria dos aminoácidos possui uma configuração L- ou D-, o que significa que a molécula em solução pode rotacionar o plano da luz polarizada tanto para a esquerda (Levo = esquerda) ou à direita (Dextro = direita). A Taurina não polariza a luz e por conseqüência não possui esta configuração.
Já foi determinado que a Taurina se encontra em elevadas concentrações nos cérebros em desenvolvimento e cai logo depois. A via sintética de ingestão de Taurina, por Cisteína Sulfinato Decarboxilase, possui uma pequena atividade mensurável, sugerindo que uma fonte de Taurina na dieta é essencial. Além disso, altas quantidades de Taurina foram encontradas nos leites, o que reflete a sua importância para os animais em crescimento.
A taurina sublingual é muito bem indicada em casos de pacientes com ansiedade, pois age no Sistema Nervoso Central, além de ser eficaz na diminuição de enxaquecas, pois é vasodilatador e relaxante, além de melhorar a concentração.
Seu uso não deve ser indiscriminado, portanto, consulte um médico ou nutricionista para que seja melhor orientado.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Abreviação do jejum pré-operatório é segura?

Pesquisadores brasileiros da Universidade Federal do Mato Grosso publicaram na revista Nutrición Hospitalaria um estudo que concluiu que é segura a abreviação de jejum pré-operatório através da suplementação de uma solução com carboidrato e glutamina duas horas antes da cirurgia.

A pesquisa fez parte do trabalho de doutorado da nutricionista Diana Borges Dock-Nascimento, sob orientação do professor Dan Linetzky Waitzberg. Trata-se de um estudo randomizado, duplo-cego e controlado por placebo.

O objetivo do estudo foi investigar a segurança da abreviação do jejum pré-operatório de 2 horas com a ingestão de bebida rica em carboidrato e L-glutamina, bem como avaliar o volume gástrico residual (VGR), medido após a indução da anestesia para o procedimento cirúrgico.

Foram avaliadas 56 mulheres com idade média de 42 anos, submetidas à colecistectomia laparoscópica. As pacientes foram distribuídas aleatoriamente nos seguintes grupos:

Grupo jejum: jejum pré-operatório convencional de oito horas
Grupo placebo: receberam água durante a noite e duas horas antes da indução da anestesia pela manhã

Grupo carboidrato: receberam bebida contendo maltodextrina durante a noite e duas horas antes da indução da anestesia pela manhã

Grupo carboidrato + glutamina: receberam bebida contendo maltodextrina e glutamina durante a noite e duas horas antes da indução da anestesia pela manhã.

Cinquenta pacientes completaram o estudo e nenhuma delas apresentou regurgitação durante a indução da anestesia ou complicações pós-operatórias. A mediana do VGR entre todas as pacientes foi de 6 mL, apresentando valores semelhantes entre os grupos (p = 0,29): grupo glutamina 4,5 mL, grupo carboidratos 7,0 mL grupo placebo 8,5 mL e o grupo jejum 5,0 mL.

Segundo os autores, o uso de L-glutamina associado com carboidratos pode, teoricamente, acelerar a recuperação pós-operatória, através da melhora do metabolismo da glicose e da insulina, redução da resposta antioxidante e anti-inflamatória, e como resultado reduzir as complicações pós-operatórias e mortalidade. Além disso, reduz a resistência à insulina que é uma marca da resposta metabólica ao jejum prolongado e ao trauma.

“Este é o primeiro estudo no contexto cirúrgico que mostra que a abreviação do jejum pré-operatório de duas horas com glutamina e carboidrato é segura e não foi associada a complicações durante a indução da anestesia”, destacam os autores.

“Mais estudos são necessários para confirmar todos estes benefícios associados à abreviação do jejum pré-operatório com bebidas contendo glutamina. Estes achados deixam portas abertas para testar outros nutrientes para a abreviação do jejum pré-operatório, além de bebidas ricas em carboidratos”, concluem.


Referência(s)

Dock-nascimento DB, Aguilar-nascimento JED, Caporossi C, Faria MSM, Bragagnolo R, Waitzberg DL. Safety of oral glutamine in the abbreviation of preoperative fasting; a double-blind, controlled, randomized clinical trial. Nutr Hosp. 2011;26(1):86-90.

A suplementação de ácido fólico pode levar ao desenvolvimento do câncer?

Depende. Apesar de diversos estudos científicos terem demonstrado que o ácido fólico possui efeitos benéficos na prevenção de diferentes tipos de câncer, outros estudos sugerem que a sua suplementação pode aumentar o risco de desenvolvimento do câncer e acelerar a progressão tumoral.
O aumento do desenvolvimento do câncer está relacionado principalmente quando o ácido fólico é administrado em concentrações elevadas (> 800 µg) quando já existe a presença de lesões pré-neoplásicas.

O ácido fólico desempenha um papel essencial na modulação da carcinogênese, pois está envolvido diretamente na síntese do DNA (ácido desoxirribonucléico) e em eventos epigenéticos, como na metilação do DNA (processo que regula a expressão de genes).

A suplementação do ácido fólico, isolado ou em multivitamínicos, e a ingestão de alimentos fortificados podem levar a um consumo elevado desta vitamina. Assim, o excesso de ácido fólico em pacientes com câncer pode servir como um nutriente adicional para o crescimento do tumor, ou seja, haverá disponibilidade abundante de vitamina para facilitar a proliferação de células de rápida divisão, sendo esta uma característica da maioria dos tecidos displásicos (pré-cancerosa) e malignos (cancerígena).

Por outro lado, na maioria das circunstâncias envolvendo indivíduos saudáveis, a disponibilidade adequada de ácido fólico parece assumir o papel de um agente de proteção do câncer, provavelmente por aumentar a estabilidade genética.

Portanto, existem cada vez mais indícios de que o ácido fólico apresenta ações paradoxais no desenvolvimento do câncer, que dependerá da dose, tempo e do momento da suplementação (sem a presença de lesões pré-neoplásicas).


Bibliografia (s)

Giovannucci E, Chan AT. Role of vitamin and mineral supplementation and aspirin use in cancer survivors. J Clin Oncol. 2010;28(26):4081-5.

Mason JB. Folate, cancer risk, and the Greek god, Proteus: a tale of two chameleons. Nutr Rev. 2009;67(4):206-12.

Bassoli BK. Ácido fólico: efeitos paradoxais na promoção da hepatocarcinogênese em ratos. Tese (doutorado) - Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2009.

quinta-feira, 17 de março de 2011

SAIBA MAIS SOBRE A CREATINA

A creatina é uma substância denominada amina nitrogenada de ocorrência natural e é sintetizada ( produzida) no fígado, rins e pâncreas a partir dos aminoácidos glicina, arginina e metionina, além de ser obtida através da alimentação de carnes e peixes. O produto da degradação da creatina se chama creatinina e é excretada através da urina. A creatina ingerida através da dieta é biodisponível e é absorvida no trato gastrintestinal e em seguida é transportada para os músculos e tecidos corporais.
A creatina é uma reserva de energia em exercícios de alta intensidade e curta duração ( hipertrofia muscular realizada na musculação). Seu uso proporciona ganho de massa corporal quando a sua suplementação ocorre por um período de 12 semanas.
A creatina monoidratada é a forma mais usualmente encontrada no mercado e também nas pesquisas desenvolvidas, além de ser de um custo mais acessível. Os estudos mostram que a eficácia da creatina se dá através da administração em duas fases. A primeira é a supercompensação, caracterizada por um consumo mais elevado de creatina, e posteriormente, o consumo é reduzido. Muitos pesquisadores sugerem que a cada 3 meses de uso, o indivíduo fique 1 mês sem consumi-la.
Vários fatores influenciam na captação da creatina e dentre estes fatores, citam-se a insulina, as catecolaminas e o fator de crescimento.
Recentemente, a ANVISA legalizou o seu uso, recomendando, como grau de pureza, 99,9%. Os estudos mostram que a creatina é antioxidante e pode ser benéfica nos acometimentos neuromusculares, doenças crônico degenerativas e na tolerância à glicose.
Porém, não se deve fazer o uso indiscriminado do produto, recomendando-se antes de tudo a orientação de um nutricionista capacitado para melhor orienta-lo e otimizar os resultados com segurança, sem comprometimento da saúde.

Saiba mais sobre o óleo de prímula

Evening Primrose Oil (EPO), ou Óleo de Prímula, é a forma mais popular do ácido graxo essencial Ômega-6, rico em ácido linolênico (LA) e ácido gamalinolênico (GLA). O Óleo de Prímula é um dos óleos nutricionais mais pesquisados, o que contribuiu para sua grande popularidade, em particular com relação à tensão pré-menstrual, sistema cardiovascular,e inflamações em geral. O óleo de prímula apresenta tem propriedades anti-inflamatórias e pode também como antihipertensivo. O óleo de prímula também pode ser útil no tratamento de artrite reumatóide e na redução do colesterol, além de ser excelente para a pele.

Dentre outras propriedades, o óleo de prímula pode ser muito eficiente na psoríase, alcoolismo, controle glicêmico,retenção hídrica e dermatite atópica.


A quantidade exata ideal de óleo de prímula por dia ainda é desconhecida. A idéia de consumir outros nutrientes como magnésio, zinco, vitamina C, niacina e vitamina B6 junto do óleo de prímula.

SAIBA MAIS SOBRE O OLEO DE ALHO

O óleo de alho envelhecido possui propriedades nutricionais que conferem poder anticarcinogenico, hipocolesterolemico, hipolipidemico, anti-hipertensivo, antitrombótico, cardioprotetor, antioxidante, antimutagenico, imunomodulador e prebiótico, sendo também utilizado contra dores de cabeça, desordens intestinais e vários tipos de tumores.
Dentre outras propriedades, o óleo de alho envelhecido é antimicrobiótico, combatem fungos, bactérias, parasitas e infecções virais devido a presença de algumas proteínas, saponinas, compostos sulfúricos e fenólicos, além de prevenir o envelhecimento precoce, doenças neurodegenerativas, anti Alzheimer e promove o envelhecimento saudável devido a presença dos fitoquimicos glutationa, vit. C e E, compostos fenólicos, flavonóides, aglicona, dentre outros.

Muitos estudos têm sido realizados nos últimos 10 a 15 anos em relação ao alho. Este bulbo possui propriedades antioxidantes, sendo observado que inibe a agregação plaquetária e a formação de trombos, além de prevenir contra doenças crônicas não tranmissíveis ( o câncer, por exemplo), doenças associadas ao envelhecimento cerebral, artrites, cataratas, rejuvenescimento celular e da pele, melhora da circulação sanguínea e é um ótimo energizante. Alguns estudos mostram que o alho também pode prevenir a intoxicação gastrintestinal causada por bactérias e auxilia na melhora da função imune.

Saiba mais sobre o óleo de linhaça

O óleo de linhaça, ou semente de linho, é um ácido graxo essencial que oferece vários benefícios à saúde, incluindo um bom metabolismo de gordura, produção de energia, regulação celular, excelente cicatrizante, antinflamatório e antihipertensivo.
Praticantes de atividades físicas reportam que o consumo de óleo de linhaça os ajudam a se recuperar mais rapidamente depois das atividades físicas e a reduzir as dores musculares depois do treino devido as propriedades antioxidantes e antinflamatórias.
O óleo de linhaça (semente de linho) pode acelerar a taxa de metabolismo do corpo e ajudar a queimar gorduras mais rapidamente. Muitos atletas reportam que o uso de óleo de linhaça ajuda suas torções e hematomas a melhorar mais rapidamente.

SAIBA MAIS SOBRE O OLEO DE CARTAMO

O Cártamo é uma planta oleaginosa, cultivada principalmente na China, Egito, Estados Unidos, Índia, México e Rússia. As sementes desta espécie possuem elevados teores de óleos (35 a 40%) de ótima qualidade, sob o ponto de vista nutricional. O Óleo de Cártamo contém altos teores de ácidos linoléico (70% - forma livre e não conjugada), oléico (20%) e baixa porcentagem de ácido linolênico (3%).
Esta composição nutricional justifica o caráter antioxidante natural e a propriedade de acelerar o metabolismo das gorduras, auxiliando assim no controle e adequação do peso devido a inibição da ação da enzima LPL-Lipase Lipoproteica.
Outros benefícios do Óleo de Cártamo também atualmente são: aumento de massa magra, redução da aterosclerose, potencialização da mineralização óssea, modulação do sistema imune e diminuição das concentrações de LDL no sangue.

domingo, 13 de março de 2011

O que é Koubo?

O Koubo é derivado do cacto, que é nativo do México e as regiões sudoeste dos EUA. No México, o seu uso como alimento e medicina remonta ao período asteca. O Koubo tem propriedades que ajudam no emagrecimento, redução do colesterol e pode atuar como um tônico cardíaco.

Estudos recentes sugerem que Koubo tem um papel importante a desempenhar na superação de uma ampla variedade de condições médicas. Foi observado que o Koubo pode ser benéfico para ajudar a regular os níveis de açúcar no sangue, perda de peso, os níveis de colesterol e distúrbios gastrointestinais, como prisão de ventre.
O Koubo é uma abundante fonte de nutrientes essenciais, capaz de exercer tantas ações terapêuticas considerando que é cheio de nutrientes essenciais. Ele contém vitaminas A B1, B2, B3 e C, além dos minerais potássio, cálcio, magnésio e ferro.

Como uma planta fibrosa, Koubo é uma rica fonte de fibras insolúveis e solúveis. Seu alto teor de fibra é pensado ser o maior responsável por muitos dos seus benefícios saudáveis. A fibra solúvel ajuda a manter níveis normais de açúcar no sangue. A fibra solúvel pode também diminuir os níveis sanguíneos de açúcar em pessoas com diabetes, e alguns pesquisadores descobriram que o aumento da ingestão de fibra alimentar pode diminuir a necessidade do corpo para insulina.

Em um estudo em animais, os pesquisadores descobriram que a diabetes pode ser controlado com sucesso na sequência da utilização de um extrato purificado de cactus Koubo.

Ao longo do estudo, os níveis de glicose no grupo controle manteve-se semelhante aos níveis iniciais. Os ratos diabéticos tratados com insulina apresentou níveis elevados de glicose depois de uma semana, que depois diminuíram de duas semanas, e estabilizado em níveis moderadamente alto depois.

Koubo pode aliviar problemas digestivos e reduzir os níveis de colesterol
Koubo contém fibra insolúvel, o que aumenta o volume de matéria fecal, que estimula os movimentos intestinais regulares. As fibras insolúveis ajudam reduzir a taxa do tempo de trânsito através do seu tracto gastro-intestinal, prevenindo o acúmulo de resíduos e reduzir o risco de condições tais como a constipação intestinal, diverticulite (o desenvolvimento de anormal, malotes inflamado no cólon) e hemorróidas.

Outra área em que Koubo está provando ser eficaz é a redução do colesterol e de triglicéridos (gordura sanguínea) níveis. Altos níveis de ambos pode aumentar substancialmente o risco de doenças crónicas, como doenças do coração. Esta ação benéfica é pensado ser devido à fibra solúvel , particularmente na forma de mucilagens, pectina - presente em Koubo. Ele se liga com ácidos biliares que emulsionam gorduras no intestino, que estimula a excreção do corpo e evita o acúmulo de depósitos de gordura nas paredes das artérias.


ATENÇÃO: Devido ao fato de que Koubo tem um efeito de normalização dos níveis de açúcar no sangue, os pacientes diabéticos devem consultar o nutricionista e o médico antes de fazer o seu uso .

sexta-feira, 11 de março de 2011

Quais são as propriedades nutricionais da quinoa?


A quinoa (Chenopodium quinoa Willd) é um cereal que ganha destaque pela presença de proteína de alto valor biológico e ausência de glúten. O conteúdo de proteínas chega a atingir 15% de sua composição total, além de possuir ótimo equilíbrio entre os aminoácidos essenciais. Esse cereal é uma importante fonte de minerais e vitaminas, fibras, ácidos graxos essenciais, além de possuir compostos como polifenóis, fitoesteróis e flavonóides.

De acordo com a Food and Agriculture Organization (FAO), a quinoa é um dos melhores alimentos de origem vegetal, que pode ser capaz de combater algumas carências nutricionais, principalmente em países mais pobres.

A sua principal utilização é como um substituto da farinha de trigo na produção de pão para os consumidores celíacos, podendo também ser encontrada na forma de flocos, grãos, farinhas e barras energéticas.



Bibliografia (s)

Badawi C. Quinua - O Alimento do momento. Disponível em: www.nutrociencia.com.br/upload_files/arquivos/quinua.doc Acessado em: 04/03/2011.

Calderelli VAS, Benassi MT, Visentainer JV, Matioli G. Quinoa and flaxseed: potential ingredients in the production of bread with functional quality. Braz. arch. biol. technol. 2010; 53(4): 981-986.

Abugoch James LE. Quinoa (Chenopodium quinoa Willd.): composition, chemistry, nutritional, and functional properties. Adv Food Nutr Res. 2009;58:1-31.

Descoberto gene relacionado com nível sanguíneo de vitamina E

Pesquisadores da Universidade de Harvard publicaram na revista The American Journal of Clinical Nutrition um estudo que encontrou um gene que, quando modificado, está relacionado com a diminuição da concentração de alfa-tocoferol (vitamina E) no sangue.

A diminuição desta vitamina não é desejável, pois o alfa-tocoferol possui ampla atividade no organismo, recebendo destaque a função antioxidante, por meio da inibição da peroxidação lipídica e da preservação da integridade das membranas biológicas.

O objetivo do estudo foi avaliar a associação entre alteração de genes por polimorfismos de nucleotídeo único (SNPs) e concentrações plasmáticas de alfa-tocoferol. Esses SNPs são variações em nucleotídeos únicos de uma determinada sequência de DNA (ácido desoxirribonucléico), que alteram a expressão de genes. Portanto, este polimorfismo não significa aumento ou diminuição de um determinado gene, mas uma alteração que implica na atividade alterada da proteína que o gene codifica. As conseqüências desta alteração podem ser positivas ou negativas, dependerá de cada caso.

Os pesquisadores selecionaram uma subamostra (n = 621) do estudo francês SU.VI.MAX (SUpplementation en Vitamines et Minéraux AntioXydants), em que analisaram 14 genes envolvidos no metabolismo de carotenoides e vitamina E de indivíduos saudáveis. Foram coletadas amostras de sangue após jejum de 12 horas, para as análises bioquímicas de alfa-tocoferol e extração de DNA dos participantes.

Dentre os genes estudados, o gene CD36/FAT foi o que mais apresentou correlação entre os níveis plasmáticos de vitamina E. Este resultado motivou os pesquisadores a investigar o efeito de diferentes SNPs de CD36, já conhecidos na literatura. Para isto, os autores recrutaram outros participantes saudáveis (n = 993) para melhor validação dos resultados.

Três SNPs no gene CD36/FAT foram associados com menores concentrações plasmáticas de alfa-tocoferol (SNP 1: -3,2%, p = 0,053; SNP 2: -2,9%, p = 0,046; SNP 3: -3,7%, p = 0,0061), mesmo com a presença desta vitamina na dieta. Após correção através de múltiplos testes estatísticos, apenas a associação entre o SNP 3 permaneceu significativa em relação à diminuição da concentração de alfa-tocoferol. Observou-se que esta associação foi atenuada na presença de ácidos graxos polinsaturados na dieta.

Segundo os pesquisadores, o mecanismo pelo qual o gene CD36/FAT afeta as concentrações de vitamina E no sangue não é conhecido. A proteína codificada pelo CD36 é um receptor que reconhece uma variedade de ligantes de lipídeos, incluindo ácidos graxos, LDL (lipoproteína de baixa densidade) e beta-caroteno.

“Nosso estudo sugere que o CD36/FAT está envolvido no metabolismo da vitamina E. No entanto, mais estudos são necessários para identificar os mecanismos celulares envolvidos e estabelecer a sua importância (em relação a outros genes e seus polimorfismos) na modulação da concentração sanguínea da vitamina E”, concluem os autores.





Referência(s)

Lecompte S, Szabo de Edelenyi F, Goumidi L, Maiani G, Moschonis G, Widhalm K, et al. Polymorphisms in the CD36/FAT gene are associated with plasma vitamin E concentrations in humans. Am J Clin Nutr. 2011;93(3):644-51.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Quais as estratégias para prevenção das doenças cardiovasculares?

As doenças cardiovasculares (DCV) são as maiores causas de morte no mundo ocidental e contribuem largamente com o aumento dos gastos para a rede de saúde. Na grande maioria das vezes, a morte por DCV ocorre de maneira súbita, e não apenas em indivíduos com presença de fatores de risco elevados, mas também naqueles que apresentam riscos baixos ou moderados. Este cenário pode ser modificado por meio da prevenção e educação da população pelos profissionais da área da saúde, uma vez que a maioria dos casos de DCV está diretamente relacionada com maus hábitos de vida e fatores bioquímicos e fisiológicos modificáveis.

As estratégias necessárias para se alcançar um nível ótimo de saúde cardiovascular são:

* Evitar o consumo de tabaco

* Atividade física (ao menos 30 minutos diários em intensidade moderada)

* Dieta saudável

* Ausência de sobrepeso (IMC < 25 kg/m2)

* Circunferência da cintura ≤ 94 cm para homens e ≤ 80 cm para mulheres

* Pressão arterial < 140/90 mmHg

* Colesterol total < 200 mg/dL

* Lipoproteína de baixa densidade (LDL) < 130 mg/dl

* Glicose sanguínea < 110 mg/dl

Entende-se como parte de uma dieta saudável a redução das gorduras totais e saturadas, que não devem exceder 30% e 10% da ingestão calórica diária, respectivamente. A ingestão de gorduras trans deve ser a menor possível, sendo ideal eliminá-la da dieta. Os ácidos graxos poliinsaturados devem corresponder a 10% das calorias diárias totais e os ácidos graxos monoinsaturados de 10% a 15%. A ingestão excessiva de sal e álcool deve ser desencorajada. Recomenda-se o consumo de frutas e vegetais (mínimo de 400 g por dia), assim como grãos integrais e leguminosas.


Bibliografia (s)

Lobos JM, et al. Guía europea de prevención cardiovascular en la práctica clínica. Adaptación española del CEIPC 2008. Rev Esp Salud Publica.2008;82(6):581-616. Disponível em: http://scielo.isciii.es/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1135-57272008000600002&lng=en&nrm=isso. Acessado em: 02/12/2009.

Kamimura MA, Baxmann A, Sampaio LR, Cuppari L. Avaliação Nutricional. In: Cuppari L. Nutrição clínica no adulto. 2.ed. Barueri: Manole, 2005. P. 89-127.

World Health Organization. Prevention of Cardiovascular Disease. Disponível em: http://www.nutritotal.com.br/diretrizes/files/125--DiretrizOMSPrevencaoCardiovascular.pdf. Acessado em: 03/12/2009.
Consumo moderado de álcool contribui com melhor estado de saúde

Estudo publicado no European Journal of Clinical Nutrition divulgou que o consumo moderado de álcool favorece um bom perfil clínico e biológico, constituindo baixo risco para doenças cardiovasculares (DC).
O objetivo do estudo foi avaliar diversas variáveis que poderiam influenciar na relação do consumo de álcool e riscos para DC em uma grande população francesa, cuja ingestão média de álcool é uma das mais altas do mundo.

Durante seis anos, o estudo coletou dados de aproximadamente 150 mil franceses (97.406 homens de 47 ± 15 anos e 52.367 mulheres de 47 ± 12 anos). Para analisar a relação entre o consumo de álcool e o risco para DC os autores calcularam uma série de variáveis em relação a saúde geral, como fatores sociais, saúde mental, função respiratória, função cardíaca e medidas antropométricas.

O consumo total de álcool (somatória de todas as bebidas alcoólicas) aumentou com a idade em ambos os sexos, exceto no grupo de pessoas mais jovens (< 30 anos de idade). A bebida mais consumida foi o vinho, em comparação a outras bebidas como cerveja, cidra, entre outras (p < 0,0001).

Apenas 9,2% dos homens não bebiam, 47,8% bebiam pouco (< 1 copo/dia), 24,9% bebiam moderadamente (entre 1 a 3 copos/dia) e 13,7% bebiam bastante (> 3 copos/dia). Já entre as mulheres estes valores mudaram para 20,1% para aquelas que não bebiam, 58,4% com consumo baixo, 14,7% com consumo moderado e 3,0% com consumo alto. A medida utilizada (1 copo) equivalia a 10g de álcool.

Entre as mulheres, o índice de massa corporal (IMC), a circunferência da cintura, a circunferência do quadril, a relação cintura/quadril, a prevalência de obesidade (IMC > 30 kg/m2) e a pressão sanguínea foram mais baixas nas consumidoras moderadas de álcool e altos quando comparadas aquelas que não bebiam. Não houve relação entre as medidas antropométricas dos homens e o consumo de álcool.

Houve uma relação positiva significativa entre o hábito de beber e a prática de exercício física. Entre as mulheres, as que tinham ingestão moderada de álcool declararam praticar mais atividades físicas do que os outros grupos. Diferentemente nos homens, os que mais praticavam atividades físicas eram aqueles que não bebiam. Em ambos os sexos, a função respiratória era maior no grupo que consumia álcool moderadamente e menor naqueles que não ingeriam as bebidas.

A proporção de pessoas com uma avaliação ruim do estado de saúde foi em geral baixa entre os consumidores de álcool com consumo moderado e alta, comparados com aqueles que não bebiam.

Em ambos os sexos, o nível de colesterol total plasmático foi positivamente associado com o consumo de álcool. Os menores níveis foram observados nos indivíduos que não consumiam bebida alcoólica, enquanto os níveis mais altos estavam presentes entre aqueles com alta ingestão de álcool. As lipoproteínas de baixa densidade (LDL) também foram positivamente associadas com o consumo de álcool em homens, mas nas mulheres, os menores valores de LDL foram encontrados entre as que consumiam álcool com moderação. Baixos níveis plasmáticos de triglicerídeos e glicemia de jejum foram observados entre homens e mulheres com baixo ou moderado consumo de álcool. Os níveis de lipoproteína de alta densidade (HDL) estavam mais baixos entre os indivíduos que não bebiam e aumentavam proporcionalmente com o aumento de álcool, independente do tipo de bebida consumida.

“Por mais que nosso estudo e alguns estudos anteriores tenham verificado esta relação entre o álcool, aumento dos níveis de HDL e consequente redução de risco para doenças cardiovasculares, os dados ainda são limitados e não se pode afirmar que este efeito seja benéfico”, dizem os autores.

“Nossos dados mostram que as variáveis sociais, clínicas e biológicas variaram conforme o hábito de ingestão individual de álcool. Outros estudos também apontam estas questões e dizem que as pessoas que bebem álcool moderadamente, particularmente vinho, têm em geral uma dieta e hábitos de vida mais saudáveis do que quem não bebe ou quem consome grandes quantidades de álcool. Podemos concluir que consumir álcool moderadamente manifesta no indivíduo um estado de saúde com menor risco para o desenvolvimento doenças cardiovasculares”, afirmam os autores.





Referência(s)

Hansel B, Thomas F, Pannier B, Bean K, Kontush A, Chapman MJ, Guize L, ET al. Relationship between alcohol intake, health and social status and cardiovascular risk factors in the urban Paris-Ile-De-France Cohort: is the cardioprotective action of alcohol a myth? EJCN. 2010;64:561–8.

O consumo leve a moderado de álcool protege do risco de doenças cardiovasculares?

Sim. O efeito benéfico do consumo leve a moderado de bebidas alcoólicas por indivíduos saudáveis vem sendo observado em diversos estudos científicos e, em fevereiro de 2011, constatado por duas metanálises publicadas na revista científica British Medical Journal.

A primeira metanálise revelou que indivíduos que consomem 1-2 drinques por dia (1 drinque = 10 g de álcool) apresentam menor risco de mortalidade por doença cardíaca coronariana. Estas quantidades foram consistentemente associadas com uma redução de 14-25% no risco de todos os resultados avaliados em comparação com a abstenção de álcool.

Entretanto, o consumo de grandes quantidades de álcool (> 60 g/dia) foi associado ao maior risco para a ocorrência de mortalidade por AVC.

A segunda metanálise avaliou estudos de intervenção clínica que observaram os efeitos do consumo de álcool em 21 marcadores biológicos associados ao risco de doença cardíaca coronariana em adultos sem doença cardiovascular. Os pesquisadores concluíram que o consumo leve a moderado de álcool tem efeitos favoráveis sobre os níveis de colesterol HDL (lipoproteína de alta densidade), apolipoproteína A1, adiponectina e fibrinogênio.

O estudo de Boris Hansel, publicado em 2010, revelou que além de favorecer um bom perfil clínico e biológico, constituindo baixo risco para doenças cardiovasculares, o consumo leve a moderado de álcool foi associado com maiores escores de sensação subjetiva de bem-estar e com menores escores de estresse e depressão.

Os autores desses estudos enfatizam que deve haver equilíbrio ao se passar mensagens à população, ressaltando que os estudos foram realizados com indivíduos saudáveis e que o consumo de grandes quantidades de álcool apresenta efeitos maléficos para a saúde.




Bibliografia (s)

Ronksley PE, Brien SE, Turner BJ, Mukamal KJ, Ghali WA. Association of alcohol consumption with selected cardiovascular disease outcomes: a systematic review and meta-analysis. BMJ. 2011 Feb 22;342:d671.

Brien SE, Ronksley PE, Turner BJ, Mukamal KJ, Ghali WA. Effect of alcohol consumption on biological markers associated with risk of coronary heart disease: systematic review and meta-analysis of interventional studies. BMJ. 2011;342:d636.

D'Anci KE. Nutrition Updates - reassessment of the cardioprotective actions of alcohol. Nutr Rev. 2010;68(8):500-3.

O femproporex é eficaz no tratamento da obesidade?

O medicamento femproporex (no inglês, fenproporex) é um inibidor do apetite derivado da anfetamina, que atua no sistema nervoso central, sendo utilizado como terapêutica para o tratamento da obesidade. Alguns trabalhos experimentais relatam diminuição ou nenhuma alteração de peso. Em humanos, foi encontrada redução de 7% do peso inicial em voluntárias obesas. Porém, em outro trabalho científico, poucos participantes tiveram diminuição do apetite e conseqüente redução do peso corporal em um curto período de tempo.


Porém, foram encontrados riscos à saúde nos medicamentos anorexígenos, dentre eles o femproporex, de acordo com o relatório da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (JIFE). Segundo esse órgão, houve um aumento de 500% no consumo desses tipos de medicamentos no Brasil desde 1998. O uso irracional deste fármaco e de outros do mesmo grupo ocorre não somente por seu poder de inibir o apetite, mas também como agente de dopagem no esporte e no trabalho, como é o caso de caminhoneiros, devido à sua propriedade de estimulante da vigília. Os efeitos nocivos do femproporex à saúde incluem: excitação neurológica, com possíveis alucinações e delírios, surto psicótico com comportamento violento, idéias suicidas ou homicidas. Além disso, o organismo pode experimentar fadiga e depressão, complicações cardiovasculares, como arritmia cardíaca, colapso cardiovascular, dentre outros.



Para controlar o consumo exagerado, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) informa que todos os medicamentos anorexígenos estão sujeitos a rigorosos controles sanitários com a obrigatoriedade de uma faixa horizontal de cor preta nos rótulos das embalagens e das advertências: "Venda sob Prescrição Médica" e "O Abuso deste Medicamento pode causar Dependência”. A Anvisa proíbe a prescrição simultânea de drogas do tipo anfetamina junto com outros fármacos de uso controlado, como benzodiazepínicos, diuréticos, hormônios ou extratos hormonais e laxantes. O Narcotical Control Board, órgão das Nações Unidas, recomenda quatro meses como prazo máximo de uso do femproporex.



Portanto, é importante saber — e informar ao paciente — que: 1) o tratamento farmacológico da obesidade só se justifica quando associado com orientação dietética e mudanças de estilo de vida, pois essas medicações ajudam a aumentar a aderência dos pacientes a mudanças nutricionais e comportamentais; 2) o tratamento farmacológico da obesidade não cura a obesidade ­quando descontinuado, podendo ocorrer recuperação do peso perdido; 3) medicações anti-obesidade devem ser utilizadas sob supervisão médica contínua; 4) o tratamento e a escolha medicamentosa é moldada para cada paciente. Os riscos associados ao uso de uma droga devem ser avaliados em relação aos riscos da persistência da obesidade; 5) o tratamento deve ser mantido apenas quando considerado seguro e efetivo para o paciente em questão.

A Organização Mundial da Saúde orienta que a utilização de medicamentos para combater a obesidade é indicada para pacientes que tenham índice de massa corporal (IMC) acima de 30 kg/m2 ou, quando o IMC seja 25 kg/m2 associado com comorbidades que permeiam o excesso de peso.


Bibliografia (s)

Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Portaria n.º 344, de 12 de maio de 1998. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/legis/portarias/344_98.htm. Acessado em 18-12-06.

Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 18, de 28 de janeiro de 2003. Publica a atualização do Anexo I, Listas de Substâncias Entorpecentes, Psicotrópicas, Precursoras e Outras sob Controle Especial, da Portaria SVS/MS n.º 344, de 12 de maio de 1998, republicada no Diário Oficial da União de 1º de fevereiro de 1999. Disponível em: http://e-legis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id=1363&word. Acessado em 18-12-06.

Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 254, de 17 de setembro de 2003. Publica atualização do Anexo I, Listas de Substâncias Entorpecentes, Psicotrópicas, Precursoras e Outras sob Controle Especial, da Portaria SVS/MS nº 344, de 12 de maio de 1998, republicada no Diário Oficial da União de 1º de fevereiro de 1999. Disponível em: http://e-legis.bvs.br/leisref/public/showAct.php?id=8129. Acessado em 18-12-06.

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Obesidade e Síndrome Metabólica. Consumo de Anfetaminas:
A Polêmica Está de Volta.
http://www.abeso.org.br/revista/revista25/anfetaminas.htm. Acessado em 18-12-06.

O que é sibutramina?

A sibutramina pertence a uma nova classe de drogas indicadas no tratamento da obesidade ou sobrepeso: são os inibidores de recaptação de serotonina e noradrenalina. Sua ação baseia-se na redução da ingestão calórica diária pela promoção de saciedade precoce e aumento do gasto energético.

Inicialmente, a dose recomendada de sibutramina é de 10 mg/dia. De acordo com a resposta do paciente, o médico deve avaliar a necessidade de aumentar a dose para 15 mg/dia.

Os efeitos da sibutramina na perda de peso têm sido descritos na literatura. Estudo com duração de um ano comparou pacientes que receberam dieta e 10 ou 15 mg/dia do medicamento com indivíduos em dieta e recebendo placebo. O grupo placebo perdeu cerca de 2% do seu peso corpóreo, enquanto que o grupo de estudo, que recebeu 10 mg/dia perdeu 6,5% e o grupo que recebeu 15 mg/dia perdeu, em média, 8%.

Apesar da eficácia comprovada, a sibutramina não está livre de efeitos adversos. Os mais comuns são: boca seca, insônia, constipação e pequeno aumento da pressão arterial e da freqüência cardíaca.

Bibliografia (s)

Aronne LJ. Modern medical management of obesity: The role of pharmaceutical intervention. J Am Diet Assoc. 1998;98 (suppl 2): S23-S26.

Ryan DH, Kaiser P, Bray G. Sibutramine: A novel new agent for obesity treatment. Obes Res. 1995;3 (suppl 4): 553S-559S.

Como funcionam e quais são os principais efeitos adversos dos medicamentos para a obesidade?

Existem diversas classes de agentes farmacológicos utilizados no tratamento da obesidade. Atualmente existem cinco medicamentos registrados no Brasil (anfepramona, femproporex, mazindol, sibutramina e orlistate). A Associação Brasileira de Estudos da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO) publicou em 2010 um posicionamento oficial sobre as opções terapêuticas para o tratamento da obesidade e do sobrepeso, com atualização nas indicações, efeitos adversos e posologia, com base nas evidências científicas disponíveis. Foram utilizados os seguintes critérios para classificar o grau de recomendação e força de evidência:

A: Estudos experimentais e ou/observacionais de melhor consistência;
B: Estudos experimentais e ou observacionais de menor consistência;
C: Relato de casos;
D: Opinião desprovida de avaliação crítica, baseada em consensos, estudos fisiológicos ou modelos animais.

· Anfepramona (dietilpropiona)

É um agente noradrenérgico que inibe a fome. Este medicamento estimula sistema nervoso central (SNC) aumentando a liberação de noradrenalina dentro da fenda sináptica dos neurônios hipotalâmicos, que estimula os receptores noradrenérgicos diminuindo, assim, o apetite. Os principais efeitos colaterais são secura na boca, insônia, cefaleia e obstipação intestinal e, mais raramente, irritabilidade e euforia. No entanto, ainda são necessários mais estudos que comprovem a segurança do seu uso, em longo prazo, em indivíduos com doença cardiovascular. A ABESO recomenta, em nível A, o uso da anfepramona para o tratamento da obesidade e sobrepeso nas doses de 50 a 100mg diárias. A anfepramona é eficaz no tratamento da obesidade, desde que seja acompanhada de aconselhamento nutricional e o incentivo à prática de atividade física.

· Femproporex

É um inibidor do apetite derivado da anfetamina, de ação catecolaminérgica, que atua no SNC, sendo utilizado no tratamento da obesidade desde a década de 70. No entanto, existem poucos estudos controlados publicados sobre o seu uso, devido às diferentes doses e critérios de avaliações de perda de peso utilizados nos estudos. A boca seca, insônia, irritabilidade, euforia e taquicardia são os efeitos adversos mais relatados. Além disso, foram relatados casos em que o fármaco induziu à dependência química. A ABESO recomenda, em nível C, que o femproporex é eficaz no tratamento da obesidade e do sobrepeso, desde que seja acompanhada de aconselhamento nutricional e incentivo à prática de atividade física, na dose de 25mg (nível B de recomendação).

· Mazindol

É um medicamento anorexígeno, não anfetamínico, que estimula o SNC, bloqueando a recaptação de noradrenalina nas terminações pré-sinápticas. A ABESO recomenda, em nível B, que o mazindol é eficaz no tratamento da obesidade e do sobrepeso nas doses de 1 a 3 mg de mazindol ao dia, para indivíduos adultos de 18 a 60 anos. No entanto, a eficácia e a segurança em adolescentes e idosos não estão comprovadas. Os principais efeitos colaterais relatados são boca seca, constipação, náuseas, distúrbios do sono e tonturas. A medicação deve ser tomada uma hora antes das refeições.

· Sibutramina

A sibutramina atua no sistema nervoso central inibindo a recaptação de serotonina e noreadrenalina nas terminações nervosas, e esta ação tem efeitos anorexígenos e sacietógenos, pois amplificam os sinais de saciedade e induz à sensação de plenitude. Estudos demonstram que a sibutramina melhora os parâmetros da síndrome metabólica (glicemia de jejum, triacilglicerois e HDL-colesterol). A ABESO recomenda, em nível A, que a sibutramina é eficaz no tratamento da obesidade, do sobrepeso e dos componentes da síndrome metabólica, desde que seja acompanhado de aconselhamento nutricional e incentivo à prática de atividade física. A sibutramina está indicada para adultos até 69 anos de idade e pode ser uma opção terapêutica nos casos de obesidade resistente ao tratamento não farmacológico, a partir dos 12 anos de idade, na ausência de hipertensão não controlada ou distúrbios psiquiátricos. A boca seca, obstipação, cefaleia e insônia são os efeitos adversos mais frequentes. Em menor frequência pode ocorrer irritabilidade, ansiedade, náuseas e taquicardia. A ABESO alerta que, em pacientes hipertensos, sua administração deve ser acompanhada com controles constantes da pressão arterial e da frequência cardíaca. Além disso, a sibutramina é contraindicada em pacientes com história de doença cardiovascular, incluindo doença arterial coronariana, acidente vascular cerebral ou ataque isquêmico transitório, arritmia cardíaca, insuficiência cardíaca congestiva, doença arterial periférica ou hipertensão não controlada (acima de 145/90 mmHg). A sibutramina pode ser usada em doses de 10 ou 15mg por dia e, na dose máxima de 20mg por dia, em casos específicos.

· Orlistate

É um inibidor da lipase pancreática e gastrointestinal, aprovado em 1999 como o primeiro de uma nova classe de agentes antiobesidade, que não possui efeito no SNC. No trato gastrointestinal, o orlistate inibe a ação de hidrólise das lipases pancreáticas e gástricas, impedindo a absorção da gordura dietética. Quando não absorvida, os triacilglicerois são excretados nas fezes, juntamente com o colesterol e vitaminas lipossolúveis. Tomado juntamente com as refeições, o orlistat reduz em 30% a absorção das gorduras ingeridas. Segundo a ABESO, em nível A de recomendação, afirma que o orlistate, associado ao aconselhamento nutricional e à prática de atividade física, é eficaz no tratamento da obesidade, sobrepeso e da síndrome metabólica. Por ser um medicamento que não tem ação central, pode ser associada às demais drogas antiobesidade. Dentre os efeitos adversos mais comuns estão fezes amolecidas, presença de óleo nas fezes, urgência fecal, incontinência fecal, flatulência e, menos frequentemente, dores abdominais e retais. Assim, este medicamento não deve ser utilizado em pacientes com síndrome de má absorção crônica, colestase, ou em pacientes em uso de amiodarona, varfarina ou ciclosporina. O orlistate pode ser utilizado a partir dos 12 anos de idade desde que seja feito o monitoramento dos níveis de vitamina D.

A ABESO recomenda que o uso de medicamentos no tratamento da obesidade e sobrepeso está indicado quando houver falha do tratamento não farmacológico, em pacientes:
· com IMC igual ou superior a 30 kg/m²;
· com IMC igual ou superior a 25 kg/m² associado a outros fatores de risco, como a hipertensão arterial, DM tipo 2, hiperlipidemia, apneia do sono, osteoartrose, gota, entre outras;
· ou com circunferência abdominal maior ou igual a 102cm (homens) e 88cm (mulheres).

Anvisa propõe banir medicamentos que inibem o apetite

No dia 16 de fevereiro de 2011 a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) tornou pública a intenção de cancelar o registro dos medicamentos que contém sibutramina e anorexígenos anfetamínicos (anfepramona, femproporex e mazindol). Esses medicamentos antiobesidade atuam no sistema nervoso central para inibir o apetite e, segundo a agência, devem ser retirados do mercado brasileiro devido aos altos riscos à saúde.

A Anvisa alerta que existe grande potencial de uso abusivo dessas substâncias, mesmo com as advertências sobre seus riscos. Em nota, o diretor-presidente em exercício da Anvisa, Dirceu Barbano, explicou: “Não existem evidências científicas sobre o valor da utilização dessas substâncias em longo prazo. Seu consumo elevado no Brasil pode demonstrar que suas indicações clínicas e seu acesso, em farmácias de manipulação e drogarias, estão muito distantes das preconizadas pela Organização Mundial da Saúde e pelos órgãos sanitários”.

A proibição destes medicamentos está baseada no parecer da Câmara Técnica de Medicamentos (Cateme), publicada em 26 de outubro de 2010. O documento apresenta argumentos de que a sibutramina apresenta baixo coeficiente de efetividade de redução de peso e pouca manutenção de redução de peso em longo prazo, e que os medicamentos anorexígenos apresentam graves riscos cardiopulmonares e para o sistema nervoso central. Portanto, o órgão recomenda o cancelamento destes medicamentos por considerar que os riscos superam seus benefícios.

No entanto, a Associação para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO) e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) mostraram-se contrárias à retirada desses medicamentos do mercado. A presidente da ABESO, Rosana Bento Radominski, esclarece que “as mudanças de estilo de vida, alimentação e atividade física são os pilares de um bom tratamento da obesidade, mas nem sempre são suficientes para evitar a progressão da doença”. “O uso criterioso de medicações antiobesidade claramente contribui para a melhora da saúde dos pacientes, auxiliando-os na perda de peso e reduzindo o aparecimento das complicações”, explica.

O presidente da SBEM, Ricardo Meirelles, afirmou que “a SBEM é contra o uso indiscriminado desses medicamentos, mas considera que bani-los deixaria uma significativa parcela de pacientes com obesidade desassistidos”.

No dia 23 de fevereiro, médicos e farmacêuticos se reuniram em audiência pública com a Anvisa para discutir e questionar a proposta de retirar os inibidores de apetite do mercado brasileiro. A decisão da Anvisa deverá sair até o final de março.