O medicamento femproporex (no inglês, fenproporex) é um inibidor do apetite derivado da anfetamina, que atua no sistema nervoso central, sendo utilizado como terapêutica para o tratamento da obesidade. Alguns trabalhos experimentais relatam diminuição ou nenhuma alteração de peso. Em humanos, foi encontrada redução de 7% do peso inicial em voluntárias obesas. Porém, em outro trabalho científico, poucos participantes tiveram diminuição do apetite e conseqüente redução do peso corporal em um curto período de tempo.
Porém, foram encontrados riscos à saúde nos medicamentos anorexígenos, dentre eles o femproporex, de acordo com o relatório da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (JIFE). Segundo esse órgão, houve um aumento de 500% no consumo desses tipos de medicamentos no Brasil desde 1998. O uso irracional deste fármaco e de outros do mesmo grupo ocorre não somente por seu poder de inibir o apetite, mas também como agente de dopagem no esporte e no trabalho, como é o caso de caminhoneiros, devido à sua propriedade de estimulante da vigília. Os efeitos nocivos do femproporex à saúde incluem: excitação neurológica, com possíveis alucinações e delírios, surto psicótico com comportamento violento, idéias suicidas ou homicidas. Além disso, o organismo pode experimentar fadiga e depressão, complicações cardiovasculares, como arritmia cardíaca, colapso cardiovascular, dentre outros.
Para controlar o consumo exagerado, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) informa que todos os medicamentos anorexígenos estão sujeitos a rigorosos controles sanitários com a obrigatoriedade de uma faixa horizontal de cor preta nos rótulos das embalagens e das advertências: "Venda sob Prescrição Médica" e "O Abuso deste Medicamento pode causar Dependência”. A Anvisa proíbe a prescrição simultânea de drogas do tipo anfetamina junto com outros fármacos de uso controlado, como benzodiazepínicos, diuréticos, hormônios ou extratos hormonais e laxantes. O Narcotical Control Board, órgão das Nações Unidas, recomenda quatro meses como prazo máximo de uso do femproporex.
Portanto, é importante saber — e informar ao paciente — que: 1) o tratamento farmacológico da obesidade só se justifica quando associado com orientação dietética e mudanças de estilo de vida, pois essas medicações ajudam a aumentar a aderência dos pacientes a mudanças nutricionais e comportamentais; 2) o tratamento farmacológico da obesidade não cura a obesidade quando descontinuado, podendo ocorrer recuperação do peso perdido; 3) medicações anti-obesidade devem ser utilizadas sob supervisão médica contínua; 4) o tratamento e a escolha medicamentosa é moldada para cada paciente. Os riscos associados ao uso de uma droga devem ser avaliados em relação aos riscos da persistência da obesidade; 5) o tratamento deve ser mantido apenas quando considerado seguro e efetivo para o paciente em questão.
A Organização Mundial da Saúde orienta que a utilização de medicamentos para combater a obesidade é indicada para pacientes que tenham índice de massa corporal (IMC) acima de 30 kg/m2 ou, quando o IMC seja 25 kg/m2 associado com comorbidades que permeiam o excesso de peso.
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