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sexta-feira, 25 de março de 2011

Dieta mediterrânea e azeite de oliva modificam a expressão de genes pró-inflamatórios

Pesquisadores espanhois publicaram na revista científica The FASEB Journal um estudo que mostrou a capacidade da dieta mediterrânea em diminuir a atividade de genes inflamatórios quando associada com azeite de oliva virgem.


Pesquisas científicas têm mostrado evidências consistentes sobre a dieta mediterrânea na redução do risco de doença arterial coronariana (DAC). Esta dieta possui alto teor de gordura monoinsaturada, sendo o azeite a sua principal fonte de gordura. Os principais benefícios deste óleo se devem devido à diminuição do risco para DAC, especialmente em melhorar o perfil lipídico, reduzir a oxidação lipídica e do DNA, diminuir resistência à insulina e inflamação.


Este efeitos benéficos atribuídos ao azeite de oliva se devem ao alto teor de ácidos graxos monoinsaturados, além de outros componentes biologicamente ativos, como os polifenois.




Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar se a dieta mediterrânea tradicional (DMT) e os polifenois presentes no azeite de oliva promovem mudanças na expressão de genes relacionados com a aterosclerose.

Trata-se de um estudo clínico, controlado e randomizado, com voluntários saudáveis (n = 90) e idade entre 20 a 50 anos. Todos foram submetidos a três intervenções dietéticas.



Os voluntários foram divididos aleatoriamente em três grupos com 30 participantes em cada um, sendo:



Grupo 1 - Dieta mediterrânea tradicional (DMT) com azeite de oliva virgem (AOV – 328 mg/kg de polifenois), chamado de grupo DMT+AOV.


Grupo 2 - DMT com azeite de oliva virgem lavado (em que foi retirada grande parte dos polifenois do azeite, restando apenas 55 mg/kg), chamado de grupo DMT+AOVL.



Grupo 3 - Grupo controle, com os participantes em dieta habitual.


Todos os participantes receberam as dietas durante três meses e foram coletadas amostras de sangue antes e após a intervenção. A análise da expressão de 48 genes relacionados com a aterosclerose foi realizada nas células mononucleares do sangue periférico (PBMC).


Foram também avaliados parâmetros como perfil lipídico, glicemia e proteínas relacionadas com o desenvolvimento da aterosclerose (IFN-γ [interferon gama] e MCP-1 [proteína quimiotática de monócitos-1]).



O consumo da DMT diminuiu a oxidação plasmática, o estado de inflamação e a expressão de genes relacionados com a inflamação, tais como: IFN-γ (interferon gama), IL7R (receptor de interleucina-7), ARHGAP15 (Rho GTPase-activating protein 15) e ADRB2 (receptor adrenérgico beta 2). Todos esses efeitos foram particularmente observados na dieta com AOV, rica em polifenois. A dieta mediterrânea com azeite de oliva virgem lavado (pouca quantidade de polifenois) não alterou a expressão desses genes em relação ao grupo controle.



Em estudos experimentais, o azeite também tem se mostrado capaz de influenciar as fases da carcinogênese, a composição da membrana celular, vias de transdução de sinais, fatores de transcrição, e genes supressores tumorais.



“Atualmente, existem poucos dados sobre o efeito in vivo da dieta mediterrânea na expressão de genes humanos, particularmente em voluntários saudáveis. Alterações da expressão gênica em células mononucleares do sangue periférico (PBMCs) após o consumo de azeite virgem foram mostrados previamente. No entanto, até o momento não existiam dados sobre os efeitos dos polifenóis no azeite em seres humanos”, comentam os pesquisadores.



“Nossos resultados indicam um papel significativo dos polifenois do azeite na regulação de genes pró-aterogênicos no contexto da dieta mediterrânea. Portanto, os benefícios associados com a dieta mediterrânea e consumo de polifenois do azeite sobre o risco de doenças cardiovasculares pode ser mediada através da nutrigenômica”, concluem.





Referência(s)

Konstantinidou V, Covas MI, Muñoz-Aguayo D, Khymenets O, de la Torre R, Saez G, et al. In vivo nutrigenomic effects of virgin olive oil polyphenols within the frame of the Mediterranean diet: a randomized controlled trial. FASEB J. 2010;24(7):2546-57.

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