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Armazem Gaia

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Proteínas do soro do leite ou whey protein: composição, propriedades nutricionais, aplicações no esporte e benefícios para a saúde humana

As proteínas do soro do leite, também conhecidas como whey protein, são extraídas durante o processo de fabricação do queijo. Possuem alto valor nutricional, contendo alto teor de aminoácidos essenciais, especialmente os de cadeia ramificada. Também apresentam alto teor de cálcio e de peptídeos bioativos do soro. Pesquisas recentes demonstram sua grande aplicabilidade no esporte, com possíveis efeitos sobre a síntese protéica muscular esquelética, redução da gordura corporal, assim como na modulação da adiposidade e melhora do desempenho físico. Estudos envolvendo a análise de seus compostos bioativos evidenciam benefícios para a saúde humana. Entre esses possíveis benefícios destacam-se seus efeitos hipotensivo, antioxidante e hipocolesterolêmico. Apesar das evidências apresentadas, novos estudos, assim como o desenvolvimento de novos alimentos enriquecidos com as proteínas do soro, são necessários novos estudos para verificar sua real eficácia. As proteínas do
soro são extraídas da porção aquosa do leite e geradas durante o processo de fabricação do queijo. Durante décadas, essa parte do leite era dispensada pela indústria de alimentos. Somente a partir da década de 70, os cientistas passaram a estudar as propriedades dessas proteínas, no qual, em um estudo, observou-se importantes resultados no tratamento e prevenção de flatulências, prisão de ventre e putrefação intestinal. Atletas, praticantes de atividades físicas, pessoas fisicamente ativas e até mesmo portadores de doenças, vêm procurando benefícios nessa fonte protéica. Evidências recentes sustentam a teoria de que as
proteínas do leite, incluindo as proteínas do soro, além de seu alto valor biológico, possuem peptídeos bioativos, que atuam como agentes antimicrobianos, anti-hipertensivos, reguladores da função imune, assim como fatores de crescimento.

A diminuição da massa muscular esquelética está associada à idade e à inatividade física, sendo comprovado que a manutenção ou o ganho de massa muscular esquelética, principalmente em pessoas idosas, contribui para uma melhor qualidade e prolongamento
da vida. Exercícios físicos, principalmente os com pesos, são de extrema importância
para impedir a atrofia e favorecer o processo de hipertrofia muscular, melhorando a qualidade de vida dos indivíduos. Pessoas fisicamente ativas e atletas necessitam de maior quantidade protéica que as estabelecidas para indivíduos sedentários. Pessoas envolvidas emtreinos de resistência necessitam de 1,2 a 1,4g de proteína por quilograma de peso ao dia, enquanto que atletas de força, 1,6 a 1,7g por kg de peso/dia, bem superior aos 0,8-1,0g. por kg de peso/dia, estabelecidos para indivíduos sedentários. A ingestão de proteína ou aminoácidos, após exercícios físicos, favorece a recuperação e a síntese protéica muscular Além disso, quanto menor o intervalo entre o término do exercício e a ingestão protéica, melhor será a resposta anabólica ao exercício. Um estudo avaliou o efeito da suplementação protéica (10g de proteínas provenientes do leite e da soja) em um grupo de 13 idosos, submetidos a programa de treinos resistidos com pesos, por 12 semanas. Avaliando o ganho de força (repetições máximas e medidas de força dinâmica e isocinética) e a hipertrofia muscular (biópsia e ressonância magnética), observaram que o grupo que recebeu suplementação, logo após a realização da sessão de exercícios, apresentou um ganho significantemente maior de força e de hipertrofia muscular, quando comparado com o grupo que recebeu a suplementação protéica apenas 2 horas após a realização dos exercícios. Existem diferentes vias pelas quais as proteínas do soro favorecem a hipertrofia muscular e o ganho de força, otimizando, dessa forma, o treinamento e o desempenho físico. A quantidade e o tipo de proteína ou de aminoácido, fornecidos após o exercício, influenciam a síntese protéica.
Estudos têm mostrado que somente os aminoácidos essenciais, especialmente a leucina, são necessários para estimular a síntese protéica e demonstraram que a ingestão de uma solução contendo proteínas do soro e carboidratos aumentou significativamente as concentrações plasmáticas de 7 aminoácidos essenciais, incluindo os BCAA, em comparação à caseína, sugerindo que a leucina participe no processo de iniciação da ativação da síntese protéica, além de atuar na síntese protéica.
Estudos demonstram que as proteínas do soro são absorvidas mais rapidamente que outras, como a caseína, por exemplo. Essa rápida absorção faz com que as concentrações plasmáticas de muitos aminoácidos, inclusive a leucina, atinjam altos valores logo após a sua ingestão. Pode-se, dessa forma, hipotetizar que, se essa ingestão fosse realizada após uma sessão de exercícios, as proteínas do soro seriam mais eficientes no desencadeamento do processo de síntese protéica. Além de aumentar as concentrações plasmáticas de aminoácidos, a ingestão de soluções contendo as proteínas do soro aumenta, significativamente, a concentração de insulina plasmática, o que favorece a captação de aminoácidos para o interior da célula muscular, otimizando a síntese e reduzindo o catabolismo protéico Resumindo, seus benefícios sobre o ganho de massa muscular estão relacionados ao perfil de aminoácidos, principalmente da leucina (um importante desencadeador da síntese protéica), à rápida absorção intestinal de seus aminoácidos e peptídeos e à sua ação sobre a liberação de hormônios anabólicos, como, por exemplo, a insulina.

O excesso de gordura corporal é considerado um problema de saúde pública há muitos anos. Estudos populacionais vêm mostrando que o excesso de peso é um problema,
tanto para países desenvolvidos como para países em desenvolvimento, sendo também fator de risco para o aparecimento de doenças crônicas. Atletas e pessoas fisicamente ativas procuram, a todo custo, manter um percentual baixo de gordura corporal, seja com o objetivo de melhorar o desempenho físico ou apenas para o bem estar físico e mental. Vários trabalhos têm mostrado que as proteínas do soro favorecem o processo de redução da gordura corporal, por meio de mecanismos associados ao cálcio, e por apresentar altas concentrações de BCAA.
As proteínas do soro são ricas em cálcio (aproximadamente 600mg/100g). Diversos estudos epidemiológicos têm verificado uma relação inversa entre a ingestão de cálcio, proveniente do leite e seus derivados, e a gordura corporal. Uma provável explicação seria que o aumento no cálcio dietético reduz as concentrações dos hormônios calcitrópicos, principalmente o 1,25 hidroxicolecalciferol (1,25(OH)2D). Em altas concentrações, esse hormônio estimula a transferência de cálcio para os adipócitos. Nos adipócitos, altas concentrações de cálcio levam à lipogênese (síntese de novo) e à redução da lipólise.
Portanto, a supressão dos hormônios calcitrópicos mediada pelo cálcio dietético, pode ajudar a diminuir a deposição de gordura nos tecidos adiposos. As proteínas do soro poderiam oferecer uma vantagem sobre o leite como fonte de cálcio, em pessoas intolerantes à lactose, uma vez que grande parte dos suplementos à base de proteínas do soro é praticamente isenta de lactose, e pelo fato de essa proteína apresentar percentual de gordura menor que 2%.
Estudos mostram que o alto teor de BCAA das proteínas do soro afeta os processos metabólicos da regulação energética, favorecendo o controle e a redução da gordura corporal. Em um estudo apresentado, foi mostrado que dietas com maior relação proteína/carboidratos são mais eficientes para o controle da glicemia e da insulina pós-prandial, favorecendo, dessa forma, a redução da gordura corporal e a preservação da massa muscular durante a perda de peso. Pesquisas têm reavaliado a contribuição dos BCAA para a homeostase glicêmica, pois esses aminoácidos são degradados nos tecidos musculares em proporção relativa à sua ingestão. Por elevar as concentrações plasmáticas de BCAA, a utilização de proteínas do soro nesses tipos de dietas seria vantajosa por reduzir a liberação de insulina pós-prandial e maximizar a ação do fígado no controle da glicemia, a partir da gliconeogênese hepática.
Além disso, pelo fato de a leucina atuar nos processos de síntese protéica, altas concentrações desse aminoácido favorecem a manutenção da massa muscular durante a perda de peso.

Avaliar a ação de nutrientes e de substâncias ergogênicas sobre o desempenho físico torna-se, muitas vezes, uma tarefa difícil, principalmente quando se quer eleger o parâmetro para considerar qual nutriente, ou substância, teria efeito direto sobre o desempenho. Entretanto, se determinada substância exerce efeito sobre a composição corporal do atleta, por exemplo, possivelmente tal benefício afetaria, igualmente, seu desempenho. Estudos sugerem que o estresse oxidativo, produzido durante a atividade física, contribui para o desenvolvimento da fadiga muscular, diminuindo o desempenho. Sabe-se, ainda, que a glutationa é o principal agente antioxidante, o qual depende da concentração intracelular do aminoácido cisteína para ser sintetizado

A importância das proteínas do soro no controle da hipertensão tem sido foco de inúmeras pesquisas. As proteínas do leite possuem peptídeos que inibem a ação da enzima conversora de angiotensina (ECA), que, por sua vez, está envolvida no sistema renina-angiotensina. A ECA catalisa a formação de um potente vasoconstritor, a angiotensina II e inibe a ação da bradicinina,um vasodilatador.

Nos últimos anos, pesquisadores têm estudado os efeitos da alimentação e dos
nutrientes sobre alterações do humor. O foco dessas pesquisas tem sido avaliar os efeitos da serotonina, um neurotransmissor produzido pelo cérebro que está diretamente relacionado às alterações de humor e ao estresse. Sob condições de estresse crônico, a produção exacerbada de serotonina pode resultar em depleção da mesma,via redução do triptofano, seu precursor, causando diminuição da sua atividade e, como conseqüência, alterações de humor e aparecimento da depressão. A disponibilidade de triptofano na corrente sanguínea pode facilitar sua captação pelo cérebro e, dessa forma, favorecer a produção de serotonina. Diversas estratégias nutricionais têm sido investigadas com esse intuito. Apesar de contraditório às observações de que a administração de precursores da serotonina aumenta as concentrações de cortisol, o aumento na concentração de triptofano
reduziu as concentrações desse hormônio. Nesses indivíduos, a atividade da serotonina pode melhorar a adaptação ao estresse, contribuindo para a redução do cortisol.
Conclui-se, através deste estudo que as proteínas solúveis do soro do leite
apresentam um excelente perfil de aminoácidos, caracterizando-as como proteínas de alto valor biológico. Possuem peptídeos bioativos do soro, que conferem a essas proteínas diferentes propriedades funcionais. Os aminoácidos essenciais, com destaque para os de cadeia ramificada,favorecem o anabolismo, assim como a redução do catabolismo protéico, favorecendo o ganho de força muscular e reduzindo a perda de massa muscular durante a perda de peso. O alto teor de cálcio favorece a redução da gordura corporal. Melhorando também, o desempenho muscular, por elevarem as concentrações de glutationa, diminuindo, assim, a ação dos agentes oxidantes nos músculos esqueléticos. Exercem papel importante na saúde humana, como, por exemplo, no controle da pressão sanguínea e como agente redutor do risco cardíaco. Além disso, as proteínas do soro têm sido muito utilizadas pela indústria de alimentos, em diferentes áreas. Novos estudos in vivo e epidemiológicos são necessários para avaliar a real eficácia de seus componentes. O enriquecimento de alimentos com as proteínas do soro, como bebidas, por exemplo, facilitaria seu consumo e o estudo em grandes grupos populacionais.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Proteína, Musculação e Corrida

A necessidade de ingestão de proteína por praticantes de musculação (usaremos este termo genericamente para definir o treinamento de hipertrofia) é popularmente tida como elevada. Se perguntarmos em qualquer academia poucos hesitarão em responder que a necessidade de ingestão de proteína na musculação supera a necessidade do corredor.

Este conceito é baseado na história de Milo, um grande lutador, que viveu de 516 a 450 antes de Cristo na região onde hoje é a cidade de Milão. Este indivíduo tinha sua força atribuída ao consumo de carne, historicamente bastante reduzido pela população da época. Diz a lenda, que Milo teria consumido, em apenas um dia, 8,5 kg de carne, 8,5 kg de pão e 9 litros de vinho.

O mito de Milo vive até hoje, e todos aqueles que almejam grande massa muscular consomem alimentos ricos em proteína, como Milo fazia. Entretanto, a maior necessidade proteica é gerada pelo aumento do gasto de energia em atividades prolongadas e moderadas.

Nessas atividades, a proteína é oxidada (queimada), largamente, na medida em que nossas reservas de carboidrato (glicogênio muscular e hepático) são degradadas. Com isso, parte de nossas proteínas celulares é quebrada, e seus constituintes, aminoácidos, oxidados no lugar da glicose.

A demanda de proteína do praticante de musculação é maior do que a recomendação para um sedentário. Todavia, ela apresenta um ponto ótimo de consumo. Testamos esse ponto em nosso Laboratório na Escola de Educação física e Esporte da USP.

Em estudo realizado com a colaboração dos alunos da Escola de Educação Física da Policia Militar do Estado de São Paulo, avaliamos indivíduos com consumo distinto de proteína: um grupo consumiu 1,6 g/kg/dia e o outro, 4,0 g/kg/dia (duas e cinco vezes o recomendado para os sedentários).

Este consumo proteico foi alcançado com suplementação, utilizando proteína do soro do leite (conhecido no mercado como whey protein). O resultado foi surpreendente. O grupo que ingeriu mais proteína perdeu massa muscular. Em parte, a explicação está nos próprios dados. A concentração de cortisol (hormônio que promove, dentre outras ações, degradação de proteína) aumentou com maior ingestão proteica.

A diferença na necessidade de proteína, maior para o corredor, é decorrente da degradação (quebra) seguida de oxidação (queima) de suas estruturas celulares, dando fim à proteína. A musculação, por sua vez, também degrada (quebra) a proteína, porém não a oxida (queima), deixando-a disponível para o processo de síntese do tecido muscular, durante a recuperação do exercício.

É nesta fase que ocorre o aumento da massa muscular; durante o treino de musculação, lesões são causadas no tecido muscular, liberando aminoácidos (constituintes das proteínas) destes tecidos, que seguem na circulação sangüínea.

No processo de recuperação do esforço físico, o organismo reutiliza os aminoácidos liberados na circulação, para refazer o tecido lesado, entretanto, neste processo, além de recuperar o tecido, o organismo produz pequena quantidade de tecido novo e é, para esta nova massa muscular, que ele necessita de um pouco a mais de aminoácidos.

Deste modo, é possível verificar que a ingestão de proteína deve ser cuidadosamente estudada para cada caso. Não adianta consumir em excesso, o resultado não segue uma ordem aritmética.

Esteróides Anabolizantes e Suplementos Nutricionais

Com as recentes revelações de atletas brasileiros que apresentaram em seus exames de urina resposta positiva para análogos da testosterona, surge a discussão de possíveis efeitos produzidos por suplementos nutricionais em tais indicadores bioquímicos.

Com isso levantamos a questão: seriam os suplementos nutricionais potentes o bastante para induzir alterações hormonais significativas?

Com o aumento do desempenho dos atletas no mundo todo, alguns “detalhes” do passado passaram a ganhar relevância nos dias de hoje. Diversos exemplos podem ser dados, como as roupas específicas para cada modalidade esportiva, favorecendo a sudorese e melhorando a aerodinâmica, bem como os calçados esportivos e os nutrientes.

Dentre os nutrientes, os carboidratos presentes nos pães, massas e cereais foram exaustivamente estudados 30 anos atrás. Recentemente surgiram os aminoácidos, algumas vitaminas e minerais. Entretanto, estes suplementos constantemente são confundidos com esteróides anabólicos, ou agentes potentes no aumento da massa muscular.

O aumento da massa muscular é de interesse estético, para aqueles que cultuam um corpo definido e muito para os atletas que encontram na massa muscular aumento da força necessária para a vitória em suas modalidades.

Neste contexto os suplementos nutricionais podem auxiliar, porém dentro de limites fisiológicos. O que isto quer dizer? Significa que nosso organismo apresenta um limite imposto pelas características genéticas.

Então podemos conseguir aumentar a força e a massa muscular dentro de parâmetros impostos pelo nosso código genético e esta limitação faz com que muitos atletas busquem formas alternativas para superá-lo.

Tais formas fogem do alcance da nutrição, ficando a cargo de fármacos que, em sua maioria, são ilícitos. Recentemente surgiu no mercado um composto denominado deidroepiandrosterona (DHEA).

Este composto foi denominado em 1994 pela agencia americana de controle de drogas e alimentos (FDA) como suplemento nutricional. Interessante é que o DHEA ocorre naturalmente em nosso organismo e sua estrutura é semelhante à testosterona (hormônio sexual masculino).

Estudos recentes têm demonstrado que de acordo com a dose consumida oralmente de DHEA, podemos alterar as concentrações de testosterona e seus análogos em nosso organismo.

Então, este “nutriente” pode desencadear pequenas alterações hormonais sensíveis aos métodos bastante precisos empregados pelos comitês de controle de dopagem.

Fica claro então que não basta o produto ter seu comércio autorizado para representar uma substância permitida. Basta lembrar que diversos medicamentos utilizados inadvertidamente por atletas (antiinflamatórios, por exemplo) são detectados no exame anti-dooping.

Um fato é evidente, suplementos nutricionais não promovem alterações de desempenho acima da capacidade individual. Se promoverem não são suplementos nutricionais e sim fármacos devendo ser tratados como tal.

Proteína e Força

Nos dias de hoje ainda, o mito do consumo de alimentos que forneçam proteína aliado ao aumento de força muscular é tido por muitos como verdadeiro.

Historicamente, diz a lenda, na época das guerras dos povos grego/romano, um lutador ficou bastante famoso pela sua força e sucesso nas lutas.

Milo de Croton além de sua capacidade de combate foi também o responsável por introduzir na alimentação daquela região o consumo de alimentos de origem animal, mais especificamente a carne.

Contam que no mesmo dia Milo teria ingerido 8 kg de carne, 8 kg de pão e 9,5 litros de vinho. Sua força seria supostamente resultado da carne consumida.

Aproveitando este pequeno relato histórico, podemos indagar quais seriam as prováveis deficiências da população que não ingeria carne. Teríamos o ferro que quando consumido em quantidades insuficientes resultaria em anemia. Assim como a vitamina B12 que também em estado carencial poderia provocar a anemia.

A anemia clinicamente é caracterizada por perda da disposição física ou popularmente, perda de força. Será que não existiria naquela região e época uma enorme população de anêmicos e que Milo seria então o único com perfil distinto dos demais?

De qualquer forma a herança que se arrasta até hoje é a relação do consumo de alimentos contendo elevada concentração de proteína e a força dos indivíduos. Este equivocado pressuposto faz com que adolescentes insatisfeitos com a composição corporal que possuem busquem em suplementos nutricionais a fórmula mágica para o aumento da massa muscular. Esses suplementos por sua vez, são compostos de grande concentração de proteína propondo com isso o aumento da massa muscular.

O objetivo estético pode ser alcançado quando o treinamento contra resistência (popularmente chamado de musculação) é realizado cronicamente seguido de maior ingestão de alimentos contendo carboidratos.

A ingestão de alimentos contendo proteína tem sua importância, porém diversos estudos nacionais mostram que a população brasileira apresenta grande consumo deste nutriente, não sendo então para esta população um elemento carencial.

Outro aspecto bastante relevante é quanto aos efeitos do consumo exagerado de alimentos contendo proteína. Um dos produtos do metabolismo de proteína é a amônia que é excretada pelos rins na forma de uréia. Este metabólito pode então determinar maior atividade renal e consequentemente sobrecarga a este órgão.

Assim podemos identificar que a ingestão de alimentos contendo grande quantidade de proteína ou então suplementos de origem protéica com o objetivo de promover aumento de massa muscular, pode resultar em prejuízo a saúde do consumidor e o que é pior não atender a expectativa.

Suplementos Nutricionais e Atividade Física

Um fato que chama a atenção é o comportamento de algumas pessoas que, interessadas em entrar em forma, procuram as academias.

Nada de errado haveria se elas estivessem dispostas a realizar um programa de treinamento orientado, visando maior bem estar e/ou modificar a composição corporal (perder gordura e ganhar massa muscular). O fato é que, ao entrar na academia, elas imediatamente perguntam: “o que eu tomo para ficar forte e magro?”

Este comportamento, bastante disseminado na nossa cultura, tem despertado o consumo de diversas substâncias com efeitos ainda duvidosos. Como exemplo, temos, aquele indivíduo que as vésperas do verão percebe que a sunga já não entra e o braço fica folgado na camiseta. Ele chega e pergunta: “como faço para queimar esta gordura e ganhar músculos?”.

Se este indivíduo estiver disposto a treinar para este fim, tudo bem. Porém, ele pode estar interessado em encontrar algum suplemento que faça isto por ele. A pergunta pode ser: “o que eu tomo?” E não, “como eu treino?”

Chamo isto de terceirizar a responsabilidade. A pessoa consome os alimentos equivocadamente, deixa de treinar e a responsabilidade em queimar a gordura e manter os músculos não é dela e sim do suplemento. Nenhum suplemento consegue remover a gordura do nosso corpo, apenas intervenções cirúrgicas fazem isto. Tome cuidado, porque existem diversos produtos que dizem retirar esta gordura, porém, cientificamente, nenhum comprovou isto.

A gordura, ao ser utilizada pelo nosso corpo é convertida em gás carbônico, que eliminamos na respiração. Não é possível eliminar gordura pela urina e a que já está em nosso corpo não sai pelas fezes.

O mesmo acontece com o indivíduo que vai a academia e quer ficar forte da noite para o dia. Busca suplementos como aminoácidos e outros que prometem o ganho de massa muscular rapidamente. O fato mais importante é que este ganho, se por ventura acontecer, irá implicar em sobrecarga ósseo-articular.

Os ossos e as articulações não conseguem acompanhar, com a mesma velocidade, o ganho ocorrido nos músculos, ficando mais suscetíveis a inflamações e, cronicamente, a lesões.

Se então, seu objetivo é ficar forte e com pouca gordura no corpo, faça atividade física regularmente, possibilitando ao seu organismo adaptação progressiva ao ganho de massa muscular.

Reorganize sua alimentação, reduzindo o consumo de gordura nos alimentos e aumentando os alimentos ricos em carboidratos. Não acredite em dietas ou suplementos antes de uma avaliação da sua ingestão alimentar.

Busque a ajuda de profissionais capacitados para orientá-lo. Suplementar a alimentação de alguém sem saber o que esta pessoa ingere, pode determinar severos desequilíbrios nutricionais com o comprometimento do estado de saúde do indivíduo.

Treine bem e se alimente corretamente!

Perder peso não é sinônimo de saúde

A maior preocupação dos pesquisadores quando se fala em perda de gordura corporal atualmente é com a busca desesperada — e muitas vezes inconsequente — pelo corpo perfeito, estar magro ou magra.

Há alguns anos, nos Estados Unidos, uma pesquisa publicada na revista científi ca Cell afi rmava ter encontrado a pílula do exercício. Ao administrar uma droga para ratos, os animais emagreceram e mostraram alguma melhora em parâmetros como colesterol, sem fazer exercícios físicos e sem alterar a dieta. Esta droga surgiu então como a “pílula do exercício”. Quem “não tem tempo” não precisaria mudar os hábitos de vida, bastava tomar esse medicamento.

Outros pesquisadores passaram a estudar essa droga, avaliando a possibilidade de ela vir a ser um medicamento comercializado em farmácias. No entanto, a lista de benefícios proveniente da prática regular de atividade física jamais poderá ser alcançada por um medicamento. Não podemos esquecer que exercício não traz apenas benefícios físicos e no perfi l bioquímico do sangue. É responsável
também por melhoras nos âmbitos social e emocional.

Obviamente que a tal droga não só não foi aprovada pelo FDA (órgão que controla comercialização de medicamentos nos EUA), como tem sido alvo de severas críticas no meio da medicina esportiva. De fato, o que faz com que esse tipo de estudo e de proposta surja é a busca incessante por baixa quantidade de gordura corporal, curvas perfeitas, músculos defi nidos...

Aspectos que vão muito além da busca pela saúde e pela qualidade de vida.

Energéticos em excesso prejudicam a saúde

Conhecidas por melhorar o desempenho físico de atletas, as bebidas energéticas podem não ser tão benéficas quanto se pensava. De acordo com pesquisadores da Universidade de Nova Southeastern, na Flórida (EUA), o consumo desenfreado desses líquidos pode causar insônia, arritmia, osteoporose, doenças cardiovasculares, complicações no parto e na gestação e problemas gastrointestinais.

“As bebidas energéticas contêm, tradicionalmente, cafeína, taurina, sacarose, guaraná, ginseng, niacina e vitamina B12”, descreve Stephanie Ballard, uma das responsáveis pelo estudo. Segundo ela, a melhora no desempenho físico proporcionado pela bebida está diretamente relacionada à cafeína. Até aí, nenhuma novidade. Mas Stephanie vai além: "Os efeitos da cafeína podem variar no desempenho anaeróbico do indivíduo”.

Os resultados levantados pela equipe colocam em xeque ainda se a combinação entre a bebida e exercícios físicos pode acelerar, de fato, a perda de peso. “O aumento na queima de calorias tende a diminuir e a voltar ao normal quando o uso da cafeína se torna um hábito regular e corriqueiro”, acrescenta Ballard. Além disso, por ser frequentemente acrescida de açúcar, ela pode ser tão prejudicial para o ganho de peso quanto os refrigerantes.

Doping - O consumo exagerado de uma substância ativa como a cafeína pode trazer efeitos colaterais sérios ao organismo. Nos energéticos, a substância está presente em concentrações altíssimas (até seis vezes mais do que em outras bebidas). Por isso, apesar de ter sido retirada da lista da Agência Mundial Anti-Doping em 2004, a substância é monitorada desde 2009 para evitar o uso abusivo.

De acordo com as regras da Associação Atlética Universitária Nacional dos EUA, atletas que apresentam mais de 15mg/L de cafeína na urina são barrados no teste anti-doping. Oito xícaras de café, cada uma com 100mg de cafeína, são suficientes para atingir a quantia permitida.

POR QUE A ANVISA LIBEROU A CREATINA?

Com a necessidade de atualização da Portaria SVS/MS n. 222/1998, verificou-se que os consensos científicos (nacionais e internacionais) sobre o tema apresentavam nova fundamentação científica que comprovava a eficácia da Creatina para atletas em exercícios repetitivos de alta intensidade e curta duração.

A ANVISA avaliou estudos científicos apresentados pelas empresas durante o período de consulta pública e pelo grupo de trabalho instituído pela ANVISA para a revisão da Portaria SVS/MS n. 222/1998.

Sendo que a maioria se refere a consensos científicos na área (Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte - SBME; Scientific Committee On Food / European Commission) e outros ensaios clínicos sobre a eficácia da Creatina para atletas.

Por que a creatina era proibida?

Na época de sua proibição, os estudos científicos apresentados pelas empresas sobre Creatina não comprovavam sua segurança de uso como alimento, devido à possibilidade de efeitos adversos e a falta de consenso científico sobre segurança e eficácia.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Quais as características do paciente com diabetes tipo 3?

Pacientes com diabetes tipo 3 (DM3), ou diabetes tipo 1 mais tipo 2, possuem características das duas doenças, ou seja, o paciente com DM3 tem dependência total da insulina e normalmente mantém um peso adequado durante a juventude.

Por apresentar uma carga genética favorável a resistência à insulina, associada a exposição aos fatores ambientais (sedentarismo e dieta rica em açúcares e gorduras), este paciente adquire características de um indivíduo com diabetes do tipo 2: obesidade (principalmente a central), hipertensão, dislipidemia e resistência à insulina exógena. Ou seja, é um paciente diabético tipo 1 com sintomas de síndrome metabólica, normalmente apresentada por portadores de diabetes tipo 2.

O tratamento torna-se mais difícil, pois o indivíduo depende totalmente da aplicação de insulina para reduzir seus níveis de glicemia, mas devido a resistência à insulina o hormônio acaba tendo que ser ofertado em doses mais altas, o que facilitaria o ganho de peso deste paciente.

Além do tratamento dietoterápico ser direcionado a indivíduos obesos e do incentivo à prática de atividades físicas, a utilização de medicamentos para pacientes diabéticos do tipo 2 (como a metformina) e/ou inibidores de apetite (como a sibutramina) pode ser feita empiricamente. Quando o peso corporal do indivíduo diminui, os controles metabólicos também melhoram.




Bibliografia (s)

Litwak L. Diabetes tipo 3. Disponível em: http://www.cedepap.tv/. Acessado em: 16/08/2010.

Andren-Sandberg A, Hardt PD. Second Giessen International Workshop on Interactions of Exocrine and Endocrine Pancreatic Diseases. JOP. 2008;9(4):541-75. Disponível em: http://www.joplink.net/prev/200807/07.html. Acessado em: 16/08/2010.

Consumo moderado de álcool contribui com melhor estado de saúde

Estudo publicado no European Journal of Clinical Nutrition divulgou que o consumo moderado de álcool favorece um bom perfil clínico e biológico, constituindo baixo risco para doenças cardiovasculares (DC).
O objetivo do estudo foi avaliar diversas variáveis que poderiam influenciar na relação do consumo de álcool e riscos para DC em uma grande população francesa, cuja ingestão média de álcool é uma das mais altas do mundo.

Durante seis anos, o estudo coletou dados de aproximadamente 150 mil franceses (97.406 homens de 47 ± 15 anos e 52.367 mulheres de 47 ± 12 anos). Para analisar a relação entre o consumo de álcool e o risco para DC os autores calcularam uma série de variáveis em relação a saúde geral, como fatores sociais, saúde mental, função respiratória, função cardíaca e medidas antropométricas.

O consumo total de álcool (somatória de todas as bebidas alcoólicas) aumentou com a idade em ambos os sexos, exceto no grupo de pessoas mais jovens (< 30 anos de idade). A bebida mais consumida foi o vinho, em comparação a outras bebidas como cerveja, cidra, entre outras (p < 0,0001).

Apenas 9,2% dos homens não bebiam, 47,8% bebiam pouco (< 1 copo/dia), 24,9% bebiam moderadamente (entre 1 a 3 copos/dia) e 13,7% bebiam bastante (> 3 copos/dia). Já entre as mulheres estes valores mudaram para 20,1% para aquelas que não bebiam, 58,4% com consumo baixo, 14,7% com consumo moderado e 3,0% com consumo alto. A medida utilizada (1 copo) equivalia a 10g de álcool.

Entre as mulheres, o índice de massa corporal (IMC), a circunferência da cintura, a circunferência do quadril, a relação cintura/quadril, a prevalência de obesidade (IMC > 30 kg/m2) e a pressão sanguínea foram mais baixas nas consumidoras moderadas de álcool e altos quando comparadas aquelas que não bebiam. Não houve relação entre as medidas antropométricas dos homens e o consumo de álcool.

Houve uma relação positiva significativa entre o hábito de beber e a prática de exercício física. Entre as mulheres, as que tinham ingestão moderada de álcool declararam praticar mais atividades físicas do que os outros grupos. Diferentemente nos homens, os que mais praticavam atividades físicas eram aqueles que não bebiam. Em ambos os sexos, a função respiratória era maior no grupo que consumia álcool moderadamente e menor naqueles que não ingeriam as bebidas.

A proporção de pessoas com uma avaliação ruim do estado de saúde foi em geral baixa entre os consumidores de álcool com consumo moderado e alta, comparados com aqueles que não bebiam.

Em ambos os sexos, o nível de colesterol total plasmático foi positivamente associado com o consumo de álcool. Os menores níveis foram observados nos indivíduos que não consumiam bebida alcoólica, enquanto os níveis mais altos estavam presentes entre aqueles com alta ingestão de álcool. As lipoproteínas de baixa densidade (LDL) também foram positivamente associadas com o consumo de álcool em homens, mas nas mulheres, os menores valores de LDL foram encontrados entre as que consumiam álcool com moderação. Baixos níveis plasmáticos de triglicerídeos e glicemia de jejum foram observados entre homens e mulheres com baixo ou moderado consumo de álcool. Os níveis de lipoproteína de alta densidade (HDL) estavam mais baixos entre os indivíduos que não bebiam e aumentavam proporcionalmente com o aumento de álcool, independente do tipo de bebida consumida.

“Por mais que nosso estudo e alguns estudos anteriores tenham verificado esta relação entre o álcool, aumento dos níveis de HDL e consequente redução de risco para doenças cardiovasculares, os dados ainda são limitados e não se pode afirmar que este efeito seja benéfico”, dizem os autores.

“Nossos dados mostram que as variáveis sociais, clínicas e biológicas variaram conforme o hábito de ingestão individual de álcool. Outros estudos também apontam estas questões e dizem que as pessoas que bebem álcool moderadamente, particularmente vinho, têm em geral uma dieta e hábitos de vida mais saudáveis do que quem não bebe ou quem consome grandes quantidades de álcool. Podemos concluir que consumir álcool moderadamente manifesta no indivíduo um estado de saúde com menor risco para o desenvolvimento doenças cardiovasculares”, afirmam os autores.





Referência(s)

Hansel B, Thomas F, Pannier B, Bean K, Kontush A, Chapman MJ, Guize L, ET al. Relationship between alcohol intake, health and social status and cardiovascular risk factors in the urban Paris-Ile-De-France Cohort: is the cardioprotective action of alcohol a myth? EJCN. 2010;64:561–8.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

OS BENEFÍCIOS DO CHÁ VERDE

O chá ( Camellia sinensis) é uma das bebidas mais consumidas do mundo. Os principais tipos do chá, extraído desta planta citada acima são: o chá branco, produzido a partir de brotos e folhas muito jovens, que não sofreram exposição à luz solar, sendo eficaz no tratamento da hipertensão arterial, devido ao seu poder vasodilatador, diurético e antioxidante, além de estimular a queima calórica; o chá verde que é o produto da manufatura de folhas frescas de chá e do botão da planta, por meio de vaporização ou secagem, a temperaturas elevadas, para inativação das enzimas polifenoloxidases, de forma à prevenir a oxidação dos compostos fenólicos, sendo muito eficaz por suas propriedades antinflamatórias, hipoglicemiantes, hipolipidêmico e termogênico, auxiliando na perda de peso e redução do colesterol e da glicose ; o chá preto, que corresponde à 78% do chá consumido no mundo, principalmente nos países ocidentais. A produção deste chá consiste em manter as folhas quentes por 6 horas, no qual a oxidação das catequinas por meio da ação de algumas enzimas que aumentam a quantidade de polifenóis, que são os princípios ativos do chá verde e que proporcionam os efeitos benéficos ao indivíduo que faz o seu consumo regular. Por último, temos o chá oolong, um intermediário entre os tipos verde e preto, sendo produzido por aquecimento por 1 ou 2 horas.
Os chás contém óleos voláteis, vitaminas, minerais, purinas e polifenóis, principalmente as catequinas, sendo um poderosíssimo antioxidante, cujas propriedades serão citadas adiante. Estudos desenvolvidos na Revista American Dietetic Association sugerem que o consumo de 4 a 6 xícaras de chá verde reduz o risco de cânceres esofágicos e gástricos, considerando-se também que o consumo de água é primordial e não deve ser inferior à 2 litros ao dia. Os estudos comprovam também que o chá verde reduz o risco de doenças cardiovasculares, reduz o colesterol, a pressão arterial e reduz a agregação plaquetária e por conseguinte, o risco de trombose.
Os efeitos do chá verde, se explicam pelas propriedades de redução da formação e ativação de carcinogênicos, aumento da desintoxicação, proteção ao DNA contra agentes carcinogênicos e contra danos oxidativos; melhora da comunicação célula para célula, diminuição de metástases, entre outros benefícios á saúde.
O chá verde também apresenta propriedades termogênicas e promove a oxidação de gorduras, regularizando o metabolismo e auxiliando na adequação do peso. Também observou-se que o chá verde é eficaz no tratamento da gastrite crônica, além de ser antialérgico, exerce proteção contra doenças neurodegenerativas por atuar no Sistema Nervoso Central ( SNC), diminui a remineralização óssea e por conseguinte, previne a osteoporose e excelente como vermífugo ( ação antihelmíntica).
O chá verde deve ser consumido puro, sem adoçar, aos goles e vagarosamente, pois a adição de outros produtos podem diminuir a ação das catequinas no organismo. O chá deve ser feito fervendo-se a água e acrescentando as folhas após o cessar da fervura, pois o aquecimento também diminui a biodisponibilidade de nutrientes, diminuindo a sua eficácia.

sábado, 14 de agosto de 2010

SONO E OBESIDADE

O sono é definido como um complexo estado fisiológico no qual ocorrem alterações dos processos fisiológicos e comportamentais. Para um estado de vigília adequado, o ideal em adultos é um tempo de sono variante entre 6 e 8 horas. Em recém nascidos, este tempo varia entre 19 e 20 horas ao dia, 10 horas na infância e 8 horas na adolescência. Deste período, 30% do tempo de sono, o indivíduo passa sonhando, 20 % em sono profundo e 50% em sono leve. Baseado no exposto acima, o sono se divide em duas etapas: a fase I e a fase II.
A fase I ( sono não REM) apresenta 4 estágios e representa a profundidade do sono. A fase II ocorre em intervalos regulares de 90 minutos, aproximadamente, após 1 ciclo completo da fase II. A fase II está envolvida nos processos de aprendizagem, memória e cognição, além de ser a fase dos sonhos. Esta fase também está associada com a sexualidade, o humor e a criatividade.
Dormir em um ambiente com pouca luz, temperatura confortável e local agradável interferem diretamente na qualidade do sono, proporcionando bem estar físico e mental. O tempo de sono insuficiente pode acarretar prejuízo à saúde do indivíduo, estando envolvido no aparecimento de doenças crônicas não transmissíveis como obesidade, Hipertensão arterial e diabetes mellitus.
A privação total ou parcial do sono resulta em aumento da atividade do Sistema Nervoso Central, aumento do cortisol e diminuição do GH durante a noite, provocando diminuição da tolerância à glicose e aumento do risco do Diabetes, além de desrregulação do apetite, aumento da ingestão alimentar, acarretando a obesidade.
Os estudos mostram também que os indivíduos obesos privados de sono são cronicamente estressados, sugerindo comportamentos não saudáveis como consumos de alimentos pouco ou nada saudáveis, mas saborosos e diminuição da atividade física, além de tabagismo e etilismo, ou seja, vida desrregrada.
Também observou-se que a privação do sono não apenas aumenta o apetite, como também aumenta a preferência por alimentos calóricos e pobres em nutrientes. Por outro lado, um outro estudo demonstrou que pacientes obesos, sem apnéia do sono são mais sonolentos ao dia, comparados com indivíduos não obesos, sendo a obesidade um fator de risco significativo para a sonolência excessiva durante o dia, independente da idade.
Conclui-se que a melhora da qualidade e da duração do sono, bem como a redução do estresse crônico e a adoção de hábitos de vida saudáveis ( alimentação equilibrada, atividade física regular, redução ou suspensão do tabagismo e etilismo) são fundamentais na redução do peso corporal.

A IMPORTÂNCIA DE UMA MICROBIOTA INTESTINAL SAUDÁVEL PARA O LACTENTE

A flora intestinal ou microbiota intestinal é um conjunto de bactérias que habita o intestino, sendo aproximadamente constituída de 300 a 500 espécies diferentes. Proporcionalmente, o número de bactérias intestinais é 10x maior que o número de células no nosso organismo. Alguns dos efeitos das bactérias intestinais são desencadeadores de efeitos fermentativos ou putrefativos.
Alguns órgãos do sistema digestório, tais como o duodeno, jejuno e estômago apresentam flora intestinal pobre, até mesmo, em virtude da ecologia local deste órgãos ( ph e ação enzimática). O íleo representa o local de transição e o cólon é o sítio de proliferação bacteriana. Sendo assim, observa-se uma atuação simbiótica ( alimentos com ação probiótica e prebiótica) dinâmica que garante o suporte nutricional às bactérias e uma série de benefícios ao organismo humano ( lembrando que probióticos são micro organismos vivos que conferem benefícios á saúde do hospedeiro, quando administrada em quantidades adequadas e prebióticos são ingredientes alimentares não digeríveis, que afetam de maneira benéfica o organismo por estimular o crescimento ou atividade de um ou de um número limitado de bactérias do cólon.
Os benefícios da microbiota intestinal no organismo humano são metabólicos ( fermentação de resíduos alimentares não digeríveis e a de muco produzido pelo epitélio intestinal, além de sintetizar vitaminas e promover a absorção de cálcio, magnésio e ferro); tróficos ( atuando na proliferação e na diferenciação do cólon, prevenindo colites ulcerativas e neoplasias colônicas) e benefícios protetores relacionados À flora intestinal, melhora do sistema imune, prevenção de alergias alimentares e proteção contra a invasão da mucosa intestinal por bactérias patogênicas.
Fatores genéticos, ambientais, idade, saúde do hospedeiro, tempo de trânsito intestinal interferem na ecologia intestinal e por sua vez, influencia o desenvolvimento da microbiota, desconsiderando-se alterações fisiológicas, tais como situações patológicas, uso de antibióticos, diarréias. O feto não apresenta colonização bacteriana em seu trato digestório e o primeiro contato com o meio ambiente é no momento do parto. Bebês nascidos de parto natural tendem a ser colonizados pelas floras vaginais e fecais da mãe, enquanto que os bebês nascidos por cesariana não apresentam esta colonização. Observa-se também que o aleitamento materno contribui positivamente para um equilíbrio da flora intestinal devido aos componentes do leite materno.
Ainda em relação ao leite materno, este alimento é rico em probióticos e estimula o efeito bifidogênico ( desenvolvimento da flora intestinal) promovendo consistência das fezes, viscosidade fecal, evacuações freqüentes e regulares, proteção contra doenças ( principalmente as mais freqüentes no bebê: as doenças respiratórias e a gastrintestinais), além da biodisponibilidade de cálcio e magnésio, reduzindo o PH e facilitando a absorção. O leite materno apresenta baixo teor protéico, em relação ao leite de vaca e mantém a Flora intestinal saudável.
O leite materno é a melhor alternativa alimentar para o bebê e deve ser exclusiva nos primeiros seis meses de vida, para oferecer melhor nutrição, saúde e proteção ao bebê. A mãe também deve seguir uma alimentação adequada, rica em frutas e verduras, alimentação de 3 em 3 horas, evitando bebidas alcoólicas, cigarros, comidas gordurosas, alimentos industrializados e artificiais. O uso de mamadeiras, bicos e chupetas devem ser desencorajados, pois podem trazer efeitos negativos á criança.
Procure um nutricionista capacitado para melhor orientá-la, em caso de dúvida.

ALERGIA ALIMENTAR: DIAGNÓSTICO E IMPLICAÇÕES NA QUALIDADE DE VIDA

As doenças alérgicas acometem milhões de pessoas em todo o mundo. Estima-se que até 40% da população mundial possa apresentar algum sintoma de alergia. As reações adversas a alimentos, sintomas clínicos indesejáveis que se manifestam após a ingestão, podem ser classificadas em não imunológicas e imunológicas. As alergias alimentares se enquadram na primeira classificação, e nelas as imunoglobulinas E e os linfócitos T ocupam um papel de destaque. O tratamento da alergia alimentar tem por objetivos detectar o agente deflagrador da alergia e impedir a progressão dos sintomas, bem como impedi-los; tratar as crises, impedindo o agravamento dos episódios e realizar a profilaxia através das orientações medicamentosas, alimentação adequada e medidas que promovam melhoria na qualidade de vida do indivíduo.
Superestimar uma alergia alimentar pode resultar em prejuízo desnecessário à dieta do paciente, entretanto o não diagnóstico ou subestimar a alergia alimentar pode acarretar prejuízos desnecessários e potencialmente fatais ao indivíduo. Os estudos mostram que um grupo de oito alimentos são responsáveis por 90% das alergias alimentares manifestadas, dentre eles, citam-se o leite de vaca, o ovo, a soja, o trigo, o amendoim, as castanhas, os peixes e os frutos do mar, lembrando este grupo refere-se não só aos alimentos citados como também aos seus derivados ou produtos que apresentam estes produtos e deve-se frisar que dentre o leite, exclui-se a manteiga e o creme de leite que são extraídos da gordura deste.
Na infância, o leite de vaca é considerado o principal responsável pelas alergias alimentares, pois o sistema imune neste período da vida é relativamente imaturo e suscetível a sensibilizações a antígenos externos.
Para que se realize uma investigação do agente alergênico , observa-se os alimentos consumidos pelo indivíduo, a quantidade ingerida, o tempo em que os sintomas se manifestaram inicialmente, a duração dos sintomas, associação à outros fatores ( exercícios físicos, uso de medicamentos e ingestão de álcool. As reações alérgicas podem ter um tempo de resposta rápida ou demorada, variando de segundos após a ingestão até 4 horas aproximadamente. Os alimentos consumidos regularmente pelo paciente são menos prováveis de induzir reações do que aqueles consumidos raramente.
A idade também deve ser levada em conta. Em geral, as crianças apresentam maior probabilidade de apresentar alergia ao leite de vaca, ovo, soja e trigo, enquanto que as reações alérgicas à amendoim, castanhas, peixes e frutos do mar são mais comuns em adultos. Também é importante enfatizar que durante a infância, é comum a manifestação da dermatite atópica, relacionada a alimentos e alguns casos de enterocolite. O exame físico também pode revelar a presença de outras doenças alérgicas relacionadas, tais com a asma, rinite e dermatite.
A urticária aguda, a angiodema e a anafilaxia são manifestações clínicas mais relacionadas com a IgE. Em geral, apresentam início rápido e maior chance de fatalidades em comparação com as reações tardias. Os sintomas respiratórios ( asma, rinite) como manifestações isoladas de alergia alimentar são extremamente raras, apresentando associadas com sintomas cutâneos o gastrintestinais. As reações mediadas exclusivamente por células são representadas por enteropatias e enterocolites induzidas pela proteína do leite e podem evoluir com a presença de muco e ou sangue nas fezes e vômitos, diarréia, má absorção dos nutrientes e perda de peso.
Um método eficaz para se avaliar o agente causador da alergia é a dieta de restrição. Esta dieta consiste na suspensão temporária do alimento suspeite de ser alergênico por um período de 4 a 6 semanas, após o qual, se faz a reintrodução deste alimento. Se não houver melhora dos sintomas durante o período de restrição absoluta, descarta-se a hipótese de este alimento ser alergênico, e se, ao contrário, observar-se melhora dos sintomas, o alimento suspeito passa a ser um potencial possível alergênico.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Existe diferença entre aterosclerose e arteriosclerose?

Sim. Ambas são doenças cardiovasculares, mas, na aterosclerose há um processo evolutivo onde ocorre mobilização de mediadores inflamatórios em resposta às lesões no endotélio vascular causadas por alguns fatores de risco (principalmente níveis séricos elevados de lipoproteína de baixa densidade - LDL), o que gera a placa aterosclerótica e estreitamento luminal.

A aterosclerose é uma doença multifatorial, onde dieta, exercícios físicos, abstenção de fumo e perda de peso ajudam na prevenção.

A arteriosclerose é uma doença não oclusiva da vasculatura, caracterizada pela dilatação difusa e hipertrofia das grandes artérias, o que leva a perda da elasticidade e redução de sua complacência. A sobrecarga de volume e anormalidades no metabolismo de minerais são os principais fatores de risco. As manifestações clínicas da arteriosclerose incluem hipertrofia ventricular esquerda, diminuição da perfusão coronária e aumento da pressão sanguínea sistólica.


Bibliografia (s)

Shastri S, Sarnak MJ. Cardiovascular Disease and CKD: Core Curriculum 2010. AJKD. 2010;56(2):399-417. Disponível em: http://download.journals.elsevierhealth.com/pdfs/journals/0272-6386/PIIS0272638610007171.pdf. Acessado em: 10/08/2010.

Projeto Diretrizes - Sociedade Brasileira de Cardiologia. Prevenção da Aterosclerose – Dislipidemia. 2001. Disponível em: http://www.projetodiretrizes.org.br/projeto_diretrizes/040.pdf. Acessado em: 10/08/2010.

III Diretrizes Brasileiras Sobre Dislipidemias e Diretriz de Prevenção da Aterosclerose do Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia. 2001. Disponível em: http://www.nutritotal.com.br/diretrizes/files/74--diretriz%20dislipidemias.pdf. Acessado em: 11/08/2010.

Chocolate reduz pressão sanguínea de pacientes hipertensos

Data: 13/08/2010
Autor(a): Iara Waitzberg Lewinski



Metanálise publicada no jornal BMC Medicine concluiu que o chocolate amargo e os produtos com cacau têm resultados superiores quando comparado ao placebo para o tratamento da hipertensão.

Este estudo avaliou os resultados de 15 experimentos sobre o efeito da ingestão de produtos com cacau em comparação com placebo sobre a pressão sanguínea de adultos. Todos os trabalhos obedeciam os critérios de inclusão: duração de tratamento ≥ 14 dias e disponibilização da média ou mediana da pressão sistólica (PS) ou pressão diastólica (PD) com desvios-padrão.

Além do grupo de estudo (cacau) e do grupo controle (placebo), os autores também dividiram os participantes em subgrupos. De acordo com a PS no início do estudo os grupos separam-se em: hipertensivos (PS ≥ 140 mmHg) e normotensos (PS < 140 mmHg). A mesma divisão ocorreu segundo a PD: pré-hipertensiva (PD ≥ 80 mmHg) e normotensa (PD < 80 mmHg).


A idade de todos os participantes variou entre 18 e 70 anos e o IMC manteve-se na categoria sobrepeso/obesidade em 9 estudos (< 25 kg/m2, n = 6; 25-30 kg/m2, n = 6; > 30 kg/m2, n = 3).


"Embora os estudos tenham utilizado diferentes dosagens e nomeado o nutriente ativo do cacau de diferentes maneiras (polifenol, flavonóide, epicatequina, e catequina), nós estamos confiantes que eles possam ser comparáveis entre si. As diferentes variáveis (dosagem, duração, idade e IMC) não interferiram nos resultados apresentados", afirmam os autores.


Os resultados encontrados nos estudos analisados revelaram uma redução média significante de -3.2 ± 1.9 mmHg na PS e de -2.0 ± 1.3 mmHg na PD dos indivíduos que receberam cacau em comparação com o grupo controle. Com relação aos subgrupos, a redução da pressão sanguínea só foi significativa nos indivíduos com hipertensão, com média de -5.0 ± 3.0 mmHg. Nos participantes do grupo normotenso não foi observada diferença significativa entre os que consumiram cacau ou placebo (-1.6 ± 2.3 mmHg, p = 0.17). Os resultados referentes à PD foram semelhantes: os participantes do subgrupo com PD pré-hipertensiva apresentaram redução significativa de -2.7 ± 2.2 mmHg, enquanto as normotensas praticamente não manifestaram alterações (-1.3 ± 1.6 mmHg, p = 0.12).


"O efeito redutor modesto, mas significante, do cacau no grupo de pessoas hipertensas é clinicamente relevante uma vez que o declínio de 5 mmHg na PS pode reduzir o risco para doenças cardiovasculares em 20%. Este efeito também é comparável a outras mudanças do estilo de vida, como a prática de atividades físicas moderadas, que pode reduzir a PS em 4 a 9 mmHg", explicam os autores.


A inclusão dos locais dos estudos não foi uma variável avaliada nesta metanálise, mas, segundo os autores, as pesquisas futuras poderiam analisar este dado, uma vez que é possível que as características dos participantes (hábitos alimentares e genética/etnia) contribuam para sua resposta ao tratamento com cacau.


"O consumo regular de produtos ricos em cacau (como o chocolate amargo) pode ter um efeito benéfico sobre a redução da pressão sanguínea em indivíduos hipertensos a curto-prazo. Porém, é questionável se este mesmo consumo seria eficaz a longo-prazo. Os polifenóis, em particular os flavonóides, contidos nos produtos com cacau parecem aumentar a formação de óxido nítrico do endotélio, o que promove a vasodilatação e, consequentemente, pode diminuir a pressão sanguínea", concluem os autores.





Referência(s)

Ried K, Sullivan T, Fakler P, Frank OR, Stocks NP. Does chocolate reduce blood pressure? A meta-analysis. BMC Medicine. 2010;8:39.

sábado, 7 de agosto de 2010

OS BENEFÍCIOS DO ALHO NO ANTIENVELHECIMENTO E FUNÇÃO CEREBRAL

Muitos estudos têm sido realizados nos últimos 10 a 15 anos em relação ao alho. Este bulbo possui propriedades antioxidantes, sendo observado que é um alimento cardioprotetor, inibindo a agregação plaquetária e a formação de trombos, além de prevenir contra doenças crônicas não tranmissíveis ( o câncer, por exemplo), doenças associadas ao envelhecimento cerebral, artrites, cataratas, rejuvenescimento celular e da pele, melhora da circulação sanguínea e é um ótimo energizante. Alguns estudos mostram que o alhotambém pode prevenir a intoxicação gastrintestinal causada por bactérias e auxilia na melhora da função imune.
São exemplos de preparações de alho com boa aceitaçãono mercado: o extrato de alho filtrado e concentrado sob pressão reduzida às baixas temperaturas nas formas seca e líquida. Também tem boa aceitação os comprimidos de alho em pó, óleo de alho destilado à vapor, óleo de alho macerado em óleo e óleo de alho extraído em éter.