A primeira tarefa a se fazer é calcular o volume diário total da dieta enteral para que se obtenha o valor energético proposto. Para isto, basta dividir o valor energético total pela densidade calórica da fórmula enteral. Por exemplo: se o valor calórico total é de 1200 Kcal e a fórmula tem densidade calórica de 1,0 Kcal/ml, basta dividirmos 1200 por 1 e obter o resultado de 1200, ou seja, serão necessários 1200 ml para ofertar as 1200 calorias ao paciente.
No caso da alimentação intermitente, a administração da dieta deve ser iniciada com um volume baixo (60 ml a 100 ml) até atingir a concentração total diária, dividindo-se o volume total por 6 a 8 infusões (a cada 3 ou 4 horas, por exemplo), dependendo da aceitação e necessidade do paciente.
Quando a infusão for contínua, deve-se administrar inicialmente a dieta na concentração total, começando com 10 ml/hora a 40 ml/hora, com aumentos de 10 ml a 20 ml a cada 8 a 12 horas, conforme tolerância do paciente.
A aspiração de resíduos gástricos é útil para avaliar o esvaziamento gástrico e evitar o risco de regurgitação e aspiração pulmonar e deve ser feita sempre antes da administração da dieta. O procedimento de verificação do conteúdo residual gástrico é feito após injetar 3 ml a 5 ml de ar, com uma seringa grande (50 ml).
Na presença de resíduos maiores que 200 ml com a sonda nasoenteral, ou maiores que 100 ml com a gastrostomia, associados a desconforto ou distensão abdominal, deve-se interromper a infusão da nutrição enteral (NE) e investigar radiologicamente o paciente. Na ausência de sintomas digestivos, recomenda-se retardar a dieta por uma hora e reavaliar o volume residual gástrico.
O objetivo da NE (determinado pelos requerimentos energéticos) deve ser determinado e claramente especificado logo no início da terapia nutricional. A carga energética pode ser calculada por meio de calorimetria indireta, fórmulas simples (25 Kcal/Kg a 30 Kcal/Kg de peso corporal/dia) ou equações preditivas (como Harris-Benedict, Scholfield, Ireton-Jones, etc), que devem ser utilizadas com cuidado pois fornecem um resultado menos pontual.
A NE deve fornecer no mínimo 50% a 65% das necessidades energéticas do paciente, durante a primeira semana de hospitalização, para que se possa obter os benefícios clínicos. Estudos revelam que esta quantidade é necessária para prevenir aumento da permeabilidade intestinal em pacientes com transplante de medula óssea, promover o rápido retorno das funções cognitivas em pacientes com injúrias de cabeça e para melhorar os resultados da modulação imune em pacientes críticos.
Se o fornecimento de 100% das necessidades calóricas não puder ser atingido dentro de 7 a 10 dias por meio da NE, a complementação com nutrição parenteral pode ser considerada. Entretanto, isto aumentaria os custos hospitalares e não necessariamente reflete benefícios adicionais ao paciente, já que é a NE a responsável por manter a integridade intestinal, reduzir o estresse oxidativo e modular a imunidade sistêmica.
Bibliografia (s)
McClave SA, et al. Guidelines for the Provision and Assessment of Nutrition Support Therapy in the Adult Critically Ill Patient. JPEN. 2009;33(3):277-316. Disponível em: http://pen.sagepub.com/cgi/reprint/33/3/277. Acessado em: 09/12/2009.
Alves CC, Waitzberg DL. Indicações e técnicas de administração em nutrição enteral. In: Waitzberg DL. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. 4.ed. São Paulo: Atheneu, 2009. P. 787-97.
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