Rev. Nutr., Campinas, 17(2):227-236, abr./jun., 2004 Revista de Nutrição
COMUNICAÇÃO | COMMUNICATION
1 Curso de Especialização em Terapia Nutricional, Departamento de Nutrição, Centro de Ciências da Saúde, Universidade
Federal de Santa Catarina. E-mail: shami@terra.com.br
2 Departamento de Nutrição, Centro Ciências da Saúde, Universidade Federal de Santa Catarina. Campus Universitário,
Trindade, 88040-970, Florianópolis, SC, Brasil. Correspondência para/Correspondence to: E.A.M. MOREIRA. E-mail:
addison@ccs.ufsc.br
Licopeno como agente antioxidante
Lycopene as an antioxidant agent
Najua Juma Ismail Esh SHAMI1
Emília Addison Machado MOREIRA2
R E S U M O
Este trabalho constitui uma revisão de dados científicos sobre o consumo de licopeno e sua ação como fator
antioxidante. O licopeno é considerado o carotenóide que possui a maior capacidade seqüestrante do oxigênio
singlete. Radicais livres agem continuamente no organismo, podendo desencadear danos celulares e serem
os responsáveis pelo desenvolvimento de câncer e certas doenças crônicas. Estudos mostram que o licopeno
protege moléculas de lipídios, lipoproteínas de baixa densidade, proteínas e DNA contra o ataque dos
radicais, tendo um papel essencial na proteção de doenças. Como prevenção, preconiza-se o consumo de
dietas ricas em alimentos fontes de licopeno: tomates e seus produtos (purê, pasta, catchup), mamão, pitanga
e goiaba; que aportem cerca de 35mg de licopeno ao dia.
Termos de indexação: licopeno, antioxidantes, radicais livres, carotenóides, tomates, Lycopersicon esculentum.
A B S T R A C T
This paper is a review of scientific data about lycopene as an antioxidant agent. Lycopene is considered the
carotenoid that has the highest capacity of capturing the singlet oxygen. Free radicals are continuously acting
on the organism, being capable of promoting cellular damage and development of cancer among other
chronic diseases. Studies show that lycopene protects lipid molecules, low-density lipoproteins, proteins and
DNA against the attack of free radicals. They have an essential function in the protection against diseases. As
a precaution, one should eat foods that are a source of lycopene: tomatoes and tomato-products (purée,
pasta, ketchup), papaya, pitanga and guava; to provide approximately 35mg of lycopene a day.
Index terms: Lycopene, antioxidants, free radicals, carotenoids, tomatoes, Lycopersicon esculentum.
228 | N.J.I.E. SHAMI & E.A.M. MOREIRA
Revista de Nutrição Rev. Nutr., Campinas, 17(2):227-236, abr./jun., 2004
I N T R O D U Ç Ã O
A preocupação com a ação dos antioxidantes
e a sua relação com os radicais livres se
tornou essencial à compreensão de algumas
etiopatogenias.
Os radicais livres são átomos ou moléculas
produzidas continuamente durante os processos
metabólicos e atuam como mediadores para a
transferência de elétrons em várias reações
bioquímicas, desempenhando funções relevantes
no metabolismo. As principais fontes de radicais
livres são as organelas citoplasmáticas que
metabolizam o oxigênio, o nitrogênio e o cloro,
gerando grande quantidade de metabólitos1.
A produção excessiva de radicais livres
pode conduzir a diversas formas de dano celular
e sua cronicidade pode estar envolvida com a
etiogênese ou com o desenvolvimento de
numerosas doenças2.
As lesões causadas pelos radicais livres nas
células podem ser prevenidas ou reduzidas por
meio da atividade de antioxidantes, sendo estes
encontrados em muitos alimentos3. Os antioxidantes
podem agir diretamente na neutralização
da ação dos radicais livres ou participar indiretamente
de sistemas enzimáticos com essa função.
Dentre os antioxidantes estão a vitamina C, a
glutationa, o ácido úrico, a vitamina E e os
carotenóides4.
Os carotenóides, juntamente com as
vitaminas, são as substâncias mais investigadas
como agentes quimiopreventivos, funcionando
como antioxidantes em sistemas biológicos5.
Algumas das principais fontes de carotenóides
são cenouras e abóboras (α e β-caroteno),
tomates e produtos derivados, como extrato, polpa
e molhos (licopeno) e espinafre (luteína)6,7.
O licopeno aparece atualmente como um
dos mais potentes antioxidantes, sendo sugerido
na prevenção da carcinogênese e aterogênese por
proteger moléculas como lipídios, lipoproteínas de
baixa densidade (LDL), proteínas e DNA8.
Assim, esta revisão traz uma breve descrição
da ação de radicais livres e antioxidantes,
enfatizando o licopeno como agente na
prevenção de certas doenças crônicas, bem como
a sua utilização na prática nutricional.
A Ç Ã O D O S R A D I C A I S
L I V R E S N O O R G A N I S M O
O termo radical livre é freqüentemente
usado para designar qualquer átomo ou molécula
com existência independente, contendo um ou
mais elétrons não pareados, nos orbitais externos.
Isto determina uma atração para um campo
magnético, o que pode torná-lo altamente reativo,
capaz de reagir com qualquer composto situado
próximo à sua órbita externa, passando a ter uma
função oxidante ou redutora de elétrons9 .
Dentre os radicais livres estão incluídos o
superóxido (O2
•-), a hidroxila (OH•), o hidroperóxido
(HO2
•), o óxido nítrico (NO•) e o dióxido de
nitrogênio (NO2
•).6 Destes, o radical hidroxila é o
mais reativo na indução de lesões nas moléculas
celulares e o peróxido de hidrogênio, apesar de
não ser considerado um potente radical livre, é
capaz de atravessar a membrana nuclear e induzir
danos na molécula de DNA10.
A geração de radicais livres constitui uma
ação contínua e fisiológica, cumprindo funções
biológicas essenciais. São formados em um cenário
de reações de óxido-redução, provocando ou
resultando dessas reações. Podem ceder o elétron
solitário e serem oxidados; ou podem receber
outro elétron e serem reduzidos11.
São gerados a partir de dois sistemas
enzimáticos: o sistema oxidativo de NADP+/
NADP+H+ e o da mieloperoxidase. Sua fonte
principal de produção é a explosão respiratória
(respiratory burst) durante a ativação de glóbulos
brancos como neutrófilos, monócitos, macrófagos,
eosinófilos, entre outros. Podem também ser
formados a partir do oxigênio e seus derivados,
dos radicais alcoxi e peróxido, do ozônio, de
metais de transição e da reação de Fenton1.
LICOPENO COMO AGENTE ANTIOXIDANTE | 229
Rev. Nutr., Campinas, 17(2):227-236, abr./jun., 2004 Revista de Nutrição
A geração de radicais livres pode ocorrer
no citoplasma, nas mitocôndrias ou na membrana,
e o seu alvo celular (proteínas, lipídeos, carboidratos
e moléculas de DNA) está relacionado
com seu sítio de formação10.
Como fontes exógenas de radicais livres
encontramos as radiações gama e ultravioleta, os
medicamentos, a dieta, o cigarro e os poluentes
ambientais9.
Embora uma pequena quantidade de
radicais livres seja necessária para manutenção
da vida, sua produção excessiva, maior do que a
sua velocidade de remoção, pode conduzir a
diversas formas de dano celular. Cooper12 cita que
animais demonstraram lesões tissulares,
diminuição do crescimento e outros danos quando
eram expostos a concentrações elevadas de
oxigênio. Em humanos, a respiração de oxigênio
puro durante um período de até 6 horas causava
mal estar torácico, tosse e dor de garganta;
períodos de exposição mais prolongados eram
capazes de destruir células das vias respiratórias.
Em um organismo, a existência de um
desequilíbrio em favor da geração excessiva de
radicais livres, ou em detrimento da velocidade
de remoção destas espécies, é conhecida como
estresse oxidativo e pode conduzir à oxidação
maciça de substratos biológicos. A cronicidade
desse estresse oxidativo, no ambiente celular, pode
causar severos problemas metabólicos e estar
envolvida na origem e no desenvolvimento de
numerosas doenças13.
Buzzini & Matsudo14 relatam que os
radicais livres além do próprio processo de
envelhecimento, estão envolvidos em aproximadamente
40 doenças, entre as quais o câncer e a
aterosclerose, as duas principais causas de morte
atualmente.
Além do câncer e da aterosclerose, os
efeitos tóxicos dos radicais livres estão relacionados
com doenças como porfirias, cataratas, sobrecarga
de ferro e cobre, doença de Alzheimer, diabetes,
inflamações crônicas, doenças auto-imunes e
situações de injúria por isquemia. Outras causas
da ação de radicais livres é a ocorrência da doença
de Parkinson, da artrite reumatóide e da doença
intestinal inflamatória13,15.
Além disso, o ataque dos radicais sobre o
DNA, RNA e proteínas pode gerar citotoxicidade,
alergias, mutagênese e/ou carcinogênese,
dependendo da proporção da exposição16.
De maneira geral, a toxicidade local dos
radicais livres e de outros produtos tóxicos do
oxigênio constitui a via comum final da lesão
tecidual em uma variedade de doenças9.
C A R O T E N Ó I D E S C O M O
A G E N T E S A N T I O X I D A N T E S
Os antioxidantes podem ser definidos
como qualquer substância que, presente em baixas
concentrações, quando comparada a um substrato
oxidável, atrasa ou inibe a oxidação desse
substrato de maneira eficaz17,18,19.
O sistema de defesa antioxidante é
formado por compostos enzimáticos e não-
-enzimáticos, estando presentes tanto no
organismo (localizados dentro das células ou na
circulação sangüínea) como nos alimentos
ingeridos20.
No sistema enzimático estão presentes
as enzimas superóxido-dismutase, glutationa-
-peroxidase e catalases. Várias enzimas antioxidantes
são metaloenzimas, que contêm traços de
minerais. A glutationa-peroxidase é uma enzima
dependente de selênio, e a enzima superóxidodismutase
contém manganês, zinco ou cobre,
dependendo da sua localização nos compartimentos
celulares15.
Dos componentes não-enzimáticos da
defesa antioxidante destacam-se alguns minerais
(cobre, manganês, zinco, selênio e ferro),
vitaminas (ácido ascórbico, vitamina E, vitamina
A), carotenóides (beta-caroteno, licopeno e
luteína), bioflavonóides (genisteína, quercetina) e
taninos (catequinas)3.
Os carotenóides são corantes naturais
presentes nas frutas e vegetais (cenouras, tomates,
230 | N.J.I.E. SHAMI & E.A.M. MOREIRA
Revista de Nutrição Rev. Nutr., Campinas, 17(2):227-236, abr./jun., 2004
espinafre, laranjas, pêssegos, entre outros), sendo
que sua estrutura química é composta por ligações
duplas conjugadas, que são responsáveis por sua
cor e por algumas de suas funções biológicas21.
Estudos mostram a relação entre o
aumento no consumo de alimentos ricos em
carotenóides e a diminuição no risco de várias
doenças. Segundo Olson22, os carotenóides
seqüestram o oxigênio singlete, removem os
radicais peróxidos, modulam o metabolismo
carcinogênico, inibem a proliferação celular,
estimulam a comunicação entre células (junções
gap), e elevam a resposta imune.
Testes in vitro e in vivo sugerem que os
carotenóides são excelentes antioxidantes,
seqüestrando e inativando os radicais livres23.
A ação seqüestrante de radicais é proporcional
ao número de ligações duplas conjugadas,
presentes nas moléculas dos carotenóides. O
mecanismo pelo qual os carotenóides protegem
os sistemas biológicos dos radicais depende da
transferência de energia do oxigênio excitado para
a molécula do carotenóide, em que a energia é
dissipada por meio de rotações e vibrações do
carotenóide no meio solvente21.
Os carotenóides reagem com os radicais
livres, notavelmente com os radicais peróxidos e
com o oxigênio molecular, sendo a base de sua
ação antioxidante. Carotenóides como o beta-
-caroteno, licopeno, zeaxantina e luteína, exercem
funções antioxidantes em fases lipídicas, bloqueando
os radicais livres que danificam as
membranas lipoprotéicas19.
L I C O P E N O C O M O
A N T I O X I D A N T E
O licopeno é um carotenóide sem a
atividade pró-vitamina A, lipossolúvel, composto
por onze ligações conjugadas e duas ligações
duplas não conjugadas. O licopeno é tido como o
carotenóide que possui a maior capacidade
seqüestrante do oxigênio singlete, possivelmente
devido à presença das duas ligações duplas não
conjugadas, o que lhe oferece maior reatividade24,25.
É o carotenóide predominante no plasma
e nos tecidos humanos, sendo encontrado em um
número limitado de alimentos de cor vermelha,
como tomates e seus produtos, goiaba, melancia,
mamão e pitanga26.
Tomates e derivados aparecem como as
maiores fontes de licopeno27,28. O tomate cru
apresenta, em média, 30mg de licopeno/kg do
fruto; o suco de tomate cerca de 150mg de
licopeno/litro; e o catchup contém em média
100mg/kg21.
O licopeno presente nos tomates varia
conforme o tipo e o grau de amadurecimento dos
mesmos. Segundo Giovannucci29, o tomate
vermelho maduro contém maior quantidade de
licopeno que de beta-caroteno, sendo responsável
pela cor vermelha predominante. As cores das
espécies de tomate diferem do amarelo para o
vermelho alaranjado, dependendo da razão
licopeno/beta-caroteno da fruta, que também está
associada com a presença da enzima beta-ciclase,
a qual participa da transformação do licopeno em
beta-caroteno.
Em relação à biodisponibilidade, verificouse
que o consumo de molho de tomate aumenta
as concentrações séricas de licopeno em taxas
maiores do que o consumo de tomates crus ou
suco de tomate fresco. A ingestão de molho de
tomate cozido em óleo resultou em um aumento
de 2 a 3 vezes da concentração sérica de licopeno
um dia após sua ingestão, mas nenhuma
alteração ocorreu quando se administrou suco de
tomate fresco30.
Essa diferença de biodisponibilidade está
relacionada com as formas isoméricas apresentadas
pelo licopeno. Clinton et al.31 demonstraram
que 79% a 91% do licopeno presente nos
tomates e seus produtos encontram-se sob a forma
do isômero trans (trans-licopeno), em contraste
LICOPENO COMO AGENTE ANTIOXIDANTE | 231
Rev. Nutr., Campinas, 17(2):227-236, abr./jun., 2004 Revista de Nutrição
com os níveis de licopeno sérico e tissulares, que
se encontram em mais de 50% na forma de
isômero cis (cis-licopeno). O licopeno ingerido, na
sua forma natural (trans-licopeno), é pouco
absorvido, mas estudos demostram que o
processamento térmico dos tomates e seus
produtos melhora a sua biodisponibilidade. O
processamento térmico rompe a parede celular e
permite a extração do licopeno dos cromoplastos32.
Os nutrientes presentes no tomate (lipídios,
proteínas e fibras) podem contribuir para a
estabilidade dos trans-isômeros de licopeno na
fruta. Durante a digestão e absorção, o licopeno
é separado dos demais nutrientes e incorporado
a micelas. É possível que ocorra a isomerização
do licopeno nesta separação, alterando a
configuração do licopeno de trans para cis-
-isômero. Dados sugerem que os cis-isômeros de
licopeno são mais bem absorvidos, pela sua melhor
solubilidade em micelas e por não se agregarem33.
Alguns tipos de fibras, encontradas nos
alimentos, como a pectina, podem reduzir a
biodisponibilidade do licopeno, diminuindo a sua
absorção devido ao aumento da viscosidade34.
L I C O P E N O: R E L A Ç Ã O C O M
C Â N C E R E D O E N Ç A S
C A R D I O V A S C U L A R E S
O interesse no licopeno e no seu potencial
papel protetor sobre a carcinogênese iniciou
quando Giovannucci et al.35 demonstraram uma
relação inversa entre a ingestão de licopeno e a
incidência de câncer de próstata. O consumo de
alimentos ricos em licopeno, bem como uma
maior concentração de licopeno no sangue, foi
associado a um menor risco de câncer, principalmente
de próstata. O licopeno é encontrado
na próstata humana, sugerindo a possibilidade
biológica de um efeito direto deste carotenóide
na função da próstata e na da carcinogênese36,37.
Apesar das evidências protetoras do
licopeno no câncer de próstata, estudos têm
demonstrado resultados inconsistentes sobre este
efeito38. Esta inconsistência pode ser parcialmente
explicada por problemas com a biodisponibilidade
do licopeno de diferentes fontes alimentares39.
Michaud et al.40 relataram que a ingestão
de carotenóides reduziu em 32% o risco de câncer
de pulmão em não fumantes. Uma maior ingestão
de α-caroteno reduzia em 63% o risco de
desenvolver câncer em não-fumantes. Em
fumantes, no entanto, a redução do risco era
insignificante para os demais antioxidantes, exceto
licopeno. Verificou-se, então, que o fumo alterava
a concentração de muitos carotenóides, mas não
do licopeno. Uma significativa redução no risco
de câncer era notada com o aumento no consumo
de licopeno40, corroborando a literatura médica41.
O licopeno apresenta maior eficiência na proteção
das membranas celulares contra as lesões causadas
pelo radical dióxido de nitrogênio (encontrado no
fumo); e, desta forma, despontou como tendo um
papel especial na prevenção do câncer de
pulmão42.
O licopeno é um eficiente inibidor da
proliferação celular, sendo que os diferentes
efeitos observados sob várias condições poderiam
ser determinados pela concentração de licopeno
presente no local. O licopeno é bem distribuído
em muitos tecidos do corpo, sendo o fígado o
órgão que mais o acumula43.
Existem evidências de que o consumo de
tomates e de seus produtos está associado a uma
redução do risco de câncer e doenças cardiovasculares.
Sua proteção recai sobre lipídios,
lipoproteínas de baixa densidade (LDL), proteínas
e DNA44.
O consumo de licopeno também está sendo
inversamente associado com risco de infarto do
miocárdio45. A oxidação da molécula de LDL é o
passo inicial para o desenvolvimento do processo
aterogênico e conseqüente doença coronária46;
embora exista um limite na evidência de que uma
suplementação de licopeno possa reduzir os níveis
de LDL-colesterol26.
232 | N.J.I.E. SHAMI & E.A.M. MOREIRA
Revista de Nutrição Rev. Nutr., Campinas, 17(2):227-236, abr./jun., 2004
Tabela 2. Refeições do desjejum, colação, lanche e ceia do cardápio número 1 de 2000Kcal*1 com 36mg de licopeno/dia.
Refeição/ Preparação/ Alimento
Desjejum
Pão com queijo:
Pão francês
Queijo minas
Café com leite:
Leite integral
Café solúvel
Açúcar
Mamão
Colação
Goiaba vermelha
Lanche
Bolo simples
Suco de maracujá:
Maracujá
Água
Açúcar
Ceia
Salada de frutas:
Manga
Maçã
Mamão
Banana
Suco de laranja
Medida Caseira
1 pão
1 fatia
½ xícara de chá
1 colher de café
2 colheres de café
1 fatia
1 unidade
1 fatia
1 copo
½ unidade
1 copo
2 colheres de chá
1 fatia
½ unidade
1 fatia
½ unidade
1 copo pequeno
Quantidade (g)
50
25
80
5
10
80
130
80
250
35
250
20
40
50
80
20
150
Quantidade de licopeno (mg)*2
-
-
-
-
-
1.52
6.89
-
-
-
-
-
-
-
1.68
-
-
(*1) Cálculo do cardápio obtido através do Programa de Apoio à Nutrição34.
(*2) Valores baseados nas quantidades de licopeno apresentadas nas Tabelas 1 e 2: Rodriguez-Amaya38.
Tabela 1. Conteúdo de licopeno (μg/g) em frutas e em produtos processados do tomate.
Frutas
Goiaba vermelha
Mamão
Formosa
Formosa
Tailândia
Pitanga
Tomate
Produto
Purê de tomate
Pasta de tomate
Catchup
Parte consumida
Inteira
Polpa
Polpa
Polpa
Polpa
Inteiro
Classificação
Tipo A
Tipo A
Tipo A
Tipo B
Tipo B
Tipo B
Tipo A
Tipo A
Tipo B
Tipo B
Tipo A
53 ± 6
19 ± 4
26 ± 3
40 ± 6
73 ± 1
31 ± 20
Caixinha
Garrafa
Lata
Caixinha
Garrafa
Lata
Garrafa
Lata
Garrafa
Lata
-
São Paulo
São Paulo
Bahia
Bahia
Pernambuco
São Paulo
Licopeno (x±sd) (μg/g produto)
133 ± 8
134 ± 58
114 ± 89
088 ± 43
194 ± 81
074 ± 18
170 ± 61
164 ± 53
158 ± 22
183 ± 23
103 ± 41
Fonte: Rodriguez-Amaya38.
Licopeno (x±sd) (μg licopeno/g da fruta)
Embalagem
Local de produção
LICOPENO COMO AGENTE ANTIOXIDANTE | 233
Rev. Nutr., Campinas, 17(2):227-236, abr./jun., 2004 Revista de Nutrição
Tabela 3. Almoço do cardápio número 1 de 2000kcal*1 com 36mg de licopeno/dia.
Refeição/ Preparação/ Alimento
Salada mista
Alface
Tomate
Cenoura cozida
Óleo de oliva
Sal
Macarrão ao sugo
Macarrão
Molho de tomate
Óleo de soja
Sal
Queijo parmesão ralado
Bife grelhado
Bife bovino
Óleo de soja
Sal
Suco de limão (1 copo)
Limão
Água
Açúcar
Pêra
Medida Caseira
3 folhas
1 unidade
½ unidade
1 colher de chá
½ colher de café
1 prato raso
1 concha
1 colher sobremesa
1 colher de café
1 colher de chá
1 unidade
1 colher sobremesa
1 colher de café
½ unidade
1 copo
2 colheres de chá
1 unidade
Quantidade (g)
10
120
40
2
0.5
130
100
5
1
2
90
5
1
250
30
250
20
70
Quantidade de licopeno (mg)*2
-
3.72
-
-
-
-
13.3
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
(*1) Cálculo do cardápio obtido através do Programa de Apoio à Nutrição34.
(*2) Valores baseados nas quantidades de licopeno apresentadas nas Tabelas 1 e 2: Rodriguez-Amaya38.
Tabela 4. Jantar do cardápio número 1 de 2000Kcal*1 com 36mg de licopeno/dia.
Refeição/ Preparação/ Alimento
Sopa de legumes
Batata
Cenoura
Couve
Tomate
Cebola
Chuchu
Óleo de soja
Sal
Risoto de frango
Arroz cozido
Frango cozido
Molho de tomate
Ervilha
Óleo de soja
Sal
Medida Caseira
½ unidade
½ unidade
1 folha
1 unidade
2 colheres de sopa
½ unidade
1 colher sobremesa
1 colher de café
1 ½ escumadeira
2 colheres de sopa
2 colheres de sopa
1 colher de sopa
1 colher sobremesa
1 colher de café
Quantidade (g)
70
40
35
120
20
60
5
1
130
30
40
10
5
1
Quantidade de licopeno (mg)*2
-
-
-
3.72
-
-
-
-
-
-
5.32
-
-
-
(*1 ) Cálculo do cardápio obtido através do Programa de Apoio à Nutrição34.
(*2) Valores baseados nas quantidades de licopeno apresentadas nas Tabelas 1 e 2: Rodriguez-Amaya38.
234 | N.J.I.E. SHAMI & E.A.M. MOREIRA
Revista de Nutrição Rev. Nutr., Campinas, 17(2):227-236, abr./jun., 2004
C O N S U M O D E L I C O P E N O N A
P R Á T I C A N U T R I C I O N A L
O licopeno, como os demais carotenóides,
se encontra em maiores quantidades na casca dos
alimentos, aumentando consideravelmente
durante o seu amadurecimento. Sua concentração
é maior nos alimentos produzidos em regiões de
climas quentes47.
O efeito climático ou geográfico sobre a
quantidade do licopeno presente em frutas pode
ser verificado comparando-se o cultivo em regiões
diferentes. O tomate comum brasileiro tem menores
quantidades de licopeno do que a goiaba, o
mamão tailândia e a pitanga; no entanto, outras
variedades de tomate podem ter maiores
concentrações de licopeno (Tabela 1).
A quantidade de licopeno em produtos
processados depende da composição do alimento
de origem e das condições de processamento. Os
níveis de licopeno nos produtos processados são
geralmente maiores do que os encontrados em
alimentos crus, dado que há concentração do
produto no processamento, como pode ser visto
no purê e na pasta de tomate (Tabela 1).
Segundo um estudo realizado, no Canadá
por Rao et al.48, a média de ingestão de licopeno,
verificada por meio de questionários de freqüência
alimentar, foi de 25mg por dia, com 50% desta
ingestão representada por tomates frescos.
Considerando que os tomates frescos são menos
biodisponíveis que os tomates processados, os
autores concluíram que uma maior ingestão de
tomates processados seria aconselhada. Desta
forma, Rao & Agarwal46 sugerem que o valor de
35mg/dia seria uma ingestão média diária
apropriada deste antioxidante.
Um exemplo de cardápios de 2000kcal,
utilizando fontes de licopeno (tomates e produtos,
goiaba vermelha, mamão) é apresentados nas
Tabelas 2, 3 e 4. O valor nutricional do cardápio
é: Energia: 2000kcal; Proteínas: 65 gramas
(12,5%); Carboidratos: 323 gramas (65%);
Lipídios: 50 gramas (22,5%); Licopeno: 36mg.
Portanto, como orientação dietética seria
necessário estimular o consumo de alimentos
fontes de licopeno, bem como de frutas e vegetais
ricos em antioxidantes de maneira geral,
procurando suprir as necessidades diárias, para
evitar o estresse oxidativo e os danos celulares.
R E F E R Ê N C I A S
1. Méndez Filho JD, Rodríguez HGR. Sobre los
benefícios de los radicales libres. Rev Med IMSS
1997; 35(4):309-13.
2. Speisky HC, Jiménez IT. Radicales libres y
antioxidantes en la prevención de enfermidades
III: evidencias clínico epidemiológicas de los riesgos
y beneficios asociados al consumo de
antioxidantes en la prevención de enfermidades
cardiovasculares. Rev Chil Nutr 2000; 27(3):
314-25.
3. Papas AM. Diet and antioxidant status. Food Chem
Toxicol 1999; 37:999-1007.
4. Halliwell B, Gutterdge JMC. Antioxidant defenses.
In: Free radicals in biology and medicine. 3rd ed.
Oxford: Clarenton Press; 1999. p.105-245.
5. Pool-Zobel BL, Bub A, Müller H, Wollowski I,
Rechkemmer G. Consumption of vegetables
reduces genetic damage in humans: first results
of a human intervention trial with carotenoid-rich
foods. Carcinogenesis 1997; 18(9):1847-50.
6. Bianchi MLP, Antunes LMG. Radicais livres e os
principais antioxidantes da dieta. Rev Nutr 1999;
12(2):123-30.
7. Silva CRM, Naves MMV. Suplementação de
vitaminas na prevenção de câncer. Rev Nutr 2001;
14(2):135-43.
8. Agarwal S, Rao AV. Tomato lycopene and its role in
human health and chronic diseases. Canad Med
Assoc J 2000; 163(6):739-44.
9. Halliwell B, Gutterdge JMC. The chemistry of free
radicals and, related ‘reactive species’. In: Free
radicals in biology and medicine. 3rd ed. Oxford:
Clarenton Press; 1999. p.36-104.
LICOPENO COMO AGENTE ANTIOXIDANTE | 235
Rev. Nutr., Campinas, 17(2):227-236, abr./jun., 2004 Revista de Nutrição
10. Anderson D. Antioxidant defences against reactive
oxygen species causing genetic and other damage.
Mut Res 2000; 350(1):103-8.
11. Ferreira ALA, Matsubara LS. Radicais livres:
conceitos, doenças relacionadas, sistema de defesa
e estresse oxidativo. Rev Assoc Med Bras 1997;
43(1):61-8.
12. Cooper KH. Revolução antioxidante. 2.ed. Rio de
Janeiro: Record; 1996. p.29-38.
13. Lucesoli F, Fraga C. Evaluación del estres oxidativo.
Antioxid Calid Vida 1995; 1(4):8-13.
14. Buzzini SRR, Matsudo VKR. Radicais livres, exercício
e envelhecimento. Rev Bras Ciências Mov 1990;
4(4):61-85.
15. Halliwell B, Gutterdge JMC. Free radical, other
reactive species and disease. In: Free radicals in
biology and medicine. 3rd Oxford: Clarenton Press
1999. p.617-783.
16. Matés JM, Pérez-Gómez C, Castro IN. Antioxidant
enzymes and human diseases. Clin Biochem 1999;
32(8):595-603.
17. Aust O, Sies H, Stahl W, Polidori MC. Analysis of
lipophilic antioxidants in human serum and tissues:
tocopherols and carotenoids. J Chromatogr 2001;
936:83-93.
18. Handelman GJ. The evolving role of carotenoids
in human biochemistry. Nutrition 2001; 17:
818-22.
19. Sies H, Stahl W. Vitamins E and C, beta-carotene,
and other carotenoids as antioxidants. Am J Clin
Nutr 1995; 62(6):1315-21.
20. Montero M. Los radicales libres y las defensas
antioxidantes: revisión. Ann Fac Med 1996;
57(4):278-81.
21. Stahl W, Sies H. Carotenoids: occurrence,
biochemical activities, and bioavailability. In: Packer
L, Hiramatsu M, Yoshikawa T. Antioxidant food
suplements in human health. San Diego: Academic
Press; 1999. p.183-98.
22. Olson JA. Carotenoids and human health. Arch
Latinoam Nutr 1999; 49(3 Suppl 1):7-11.
23. Erdman Jr JW, Variable bioavailability of
carotenoids from vegetables. Am J Clin Nutr 1999;
70(2):179-80.
24. Di Mascio P, Kaiser S, Sies S. Lycopene as the most
efficiente biological carotenoid singlet oxygen
quencher. Arch Biochem Biophys 1989;
274(2):532-8.
25. Krinsky NI. Carotenoids as antioxidants. Nutrition
2001; 17:815-7.
26. Arab L, Steck S. Lycopene and cardiovascular
disease. Am J Clin Nutr 2000; 71(6):1691-5.
27. Djuric Z, Powell LC. Antioxidant capacity of
lycopene-containing foods. Int J Food Sci Nutr
2001; 52:143-9.
28. Takeoka GR, Dao L, Flessa S, Gillespie DM, Jewell
WT, Huebner B, et al. Processing effects on
lycopene content and antioxidant activity of
tomatoes. J Agric Food Chem 2001; 49(8):
3713-7.
29. Giovannucci E. Tomatoes, tomato-based products,
lycopene, and cancer: review of the epidemiologic
literature. J Natl Cancer Inst 1999; 91(4):317-31.
30. Gartner C, Stahl W, Sies H. Lycopene is more
bioavailable from tomato paste than from fresh
tomatoes. Am J Clin Nutr 1997; 66(1):116-22.
31. Clinton SK, Emenhiser C, Schwartz SJ, Bostwick
DG, Williams AW, Erdman JW, Jr. Cis-trans lycopene
isomers, carotenoids and retinol in the human
prostate. Cancer Epidemiol 1996; 5:823-33.
32.Willcox JK, Catignani GL, Lazarus S. Tomatoes and
cardiovascular health. Crit Rev Food Sci Nutr 2003;
43(1):1-18.
33. Boileau AC, Merchen NR, Wasson K, Atkinson CA,
Erdman JW, Jr. Cis-lycopene is more bioavailable
than trans-lycopene in vitro and in vivo in lymph-
-cannulated ferrets. J Nutr 1999; 129(6):1176-81.
34. Shi J, Maguer ML. Lycopene in tomatoes: chemical
and physical properties affect by food processing.
Crit Rev Biotech 2000; 20(4):293-334.
35. Giovannucci E, Ascherio A, Rimm EB, Stampfer MJ,
Colditz GA, Willett WC. Intake of carotenoids and
retinol in relation to risk of prostate cancer. J Natl
Cancer Inst 1995; 87(3):1767-76.
236 | N.J.I.E. SHAMI & E.A.M. MOREIRA
Revista de Nutrição Rev. Nutr., Campinas, 17(2):227-236, abr./jun., 2004
36. Boileau TWM, Clinton SK, Erdman Jr JW. Tissue
lycopene concentrations and isomer patterns are
affected by androgen status and dietary lycopene
concentration in male F344 rats. J Nutr 2000;
130:1613-8.
37.Willis MS, Wians Jr, FH. The role of nutrition in
preventing prostate cancer: a review of the
proposed mechanism of action of various dietary
substances. Clin Chim Acta 2003; 330:57-83.
38. Shirai T, Asamoto M, Takahashi S, Imaida K. Diet
and prostate cancer. Toxicology 2002; 181-2:
89-94.
39. Tucker G. Nutritional enhancement of plants. Curr
Opin Biotechnnol 2003; 14:1-5.
40.Michaud DS, Feskanich D, Rinn EB, Colditz GA,
Speizer FE, Willett WC, et al. Intake of specific
carotenoids and risk of lung cancer in 2
prospective US cohorts. Am J Clin Nutr 2000;
72(4):990-7.
41. Heber D. Colorful cancer prevention: β-carotene,
lycopene, and lung cancer. Am J Clin Nutr 2000;
72(4):901-2.
42. Bohm F, Tinkler JH, Truscott TG. Carotenoids protect
against cell membrane damage by the nitrogen
dioxide radical. Nat Med 1995; 1:98-9.
43. Stahl W, Sies H. Lycopene: a biologically important
carotenoid for humans? Arch Biochem Biophys
1996; 336(1):1-9.
44. Rao AV, AGARWAL S. Bioavailability and in vivo
antioxidant properties of lycopene from tomato
products and their possible role in the prevention
of cancer. Nutr Cancer 1998; 31(3):199-203.
45. Kris-Etherton PM, Hecker KD, Bonanome A, Coval
SM, Binkoski AE, Hilpert KF, et al. Bioactive
compounds in foods: their role in the prevention
of cardiovascular disease and cancer. Am J Med
2002; 113(9B):71S-88S.
46. Rao AV, Agarwal S. Role of antioxidant lycopene in
câncer and heart disease. J Am Coll Nutr 2000;
19(5):563-9.
47. Rodriguez-Amaya DB. Latin american food sources
of carotenoids. Arch Latinoam Nutr 1999; 49(3
Suppl 1):74-84.
48. Rao AV, Waseem Z, Agarwal S. Lycopene contents
of tomatoes and tomato products and their
contribution to dietary lycopene. Food Res Intl
1998; 31:737-41.
49. Programa de Apoio à Nutrição (NUT). Versão 2.5.
CIS/EPM. São Paulo: UNIFESP; 1996.
Recebido para publicação em 11 de novembro de 2002 e
aceito em 27 de julho de 2003.
Nenhum comentário:
Postar um comentário