A atividade física regular tem sido
reconhecida por seus efeitos saudáveis nos
praticantes (ACSM, 1998; Pate, Pratt, Blair,
Haskell et alii, 1995; Shephard, 1995; Blair, 1993;
Berlin & Colditz, 1990). É possível relacioná-la a
alterações positivas para combater ou prevenir o
aparecimento de diversas doenças, tais como:
doenças cardiovasculares, obesidade, diabetes,
osteoporose, entre outras. Por esta razão, o
sedentarismo aparece como fator de risco para
estas doenças.
Contudo, este modo de olhar a
relação entre a atividade física e a saúde aponta
para duas grandes inquietações. Por um lado, a
visão estreita de saúde e, por outro, talvez em
decorrência da primeira, a não identificação de
grupos desprivilegiados.
A noção de saúde tem sido traduzida,
principalmente, como ausência de doenças
(Bentham, citado por Lewis, 1986, p.1100) e como
"um estado de completo bem-estar físico, mental e
social e não apenas a ausência de doença ou
enfermidade" (Organização Mundial da Saúde,
citado por Lewis, 1986, p.1100).
Estas perspectivas, embora pareçam
diferir, conduzem para análises reducionistas, uma
vez que, para elas: a) as doenças decorrem de
determinismos biológicos; b) o foco é centrado no
indivíduo; e, c) a ausência de doenças é o
“marcador” da saúde. Neste sentido, o primeiro
problema que daí decorre, refere-se ao processo de
“culpabilização” do indivíduo frente ao
aparecimento de doenças que, em última instância,
poderiam ter sido evitadas.
Ora, se o processo saúde-doença
fosse uma determinação biológica, caberia ao
indivíduo alterar seus hábitos de saúde e estilos de
vida para encerrar a causa e, assim, cessar o efeito.
Logo, exercitar-se ou submeter-se a um regime
dietético, seriam atitudes que conduziriam o sujeito
à saúde ou à ausência de doenças e, óbvio, seriam
responsabilidades do próprio indivíduo.
Burnley (1998) lembra que, entre as
teorias que buscam explicar as causas das doenças,
a teoria do “estilo de vida”, congruente com a
ideologia dominante de saúde, sugere que a
prevenção é uma responsabilidade pessoal, cujo
foco de intervenção se dará sobre o controle dos
fatores de risco individuais.
Contudo, este processo não se dá de
forma tão simples. De fato, a complexidade que
abarca tal questão obriga a repensar tanto o
conceito de saúde, como as intervenções que se
dão neste campo. Um movimento de ruptura
aparece na concepção de saúde apresentada no
relatório final da VIII Conferência Nacional de
Saúde: "saúde é o resultante das condições de
alimentação, habitação, renda, meio ambiente,
trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade,
acesso e posse da terra e acesso aos serviços de
saúde. É, assim, antes de tudo, o resultado das
formas de organização social da produção, as
quais podem gerar grandes desigualdades nos
níveis de vida” (Minayo, 1992, p.10).
Para Canguilhem (1995) a saúde
consistiria em limites de tolerância às infidelidades
do meio social. Como este é dinâmico, comporta
acontecimentos, esta infidelidade é sua história.
Assim, a saúde seria a possibilidade de agir e
reagir, de adoecer e se recuperar. Canguilhem
ensina, muito bem, que a doença é uma nova
dimensão de vida.
Porém, conceituar “saúde” é sem
dúvida uma tarefa árdua, pois os conceitos
aparecem frágeis, não tão bem delimitados. Hans-
Georg Gadamer (1997) compreende este processo
como um mistério. A doença está relacionada à
história do indivíduo e deste com a sociedade, ela é
uma perturbação experimentada pelo indivíduo,
uma exceção que o afasta das suas relações vitais
em que ele estava habitualmente vivendo. Esta
experiência, da doença, relaciona-se ao estado
anterior da saúde, que estando “esquecida” ou não
chamando a atenção impõe o estabelecimento de
valores padronizados. Ora, a doença, então, não
pode existir sem a saúde.
É possível, assim, construir um novo
entendimento do que seja saúde em consonância
com a compreensão da sociedade, na medida em
que, os fatores de risco não são suficientes para
explicar as variações de mortalidade e morbidade
desta sociedade. O foco de análise, deste modo,
ultrapassa o indivíduo e recai sobre o coletivo. O
modo de “olhar” concentra-se, não apenas nas
causas biológicas, mas antes, nas relações entre os
indivíduos, grupos sociais, instituições, economia,
política, cultura, entre outros (Burnley, 1998;
Lawson, 1992; Navarro, 1998).
O objetivo deste estudo, então, foi
rever a literatura sobre atividade física, saúde e
doenças, em suas relações com as condições sócioeconômicas.
Como fruto deste viés, passa-se a
enxergar a vulnerabilidade de certos grupos
sociais, os quais, muitas vezes, não conseguem
exercer seus direitos à saúde.
PROCESSO SAÚDE-DOENÇA E
CONDIÇÕES SÓCIO-ECONÔMICAS
Vários estudos têm incorporado
causas não-biológicas para interpretação do
processo saúde-doença. O reconhecimento de que
os fatores de risco individuais não conseguem ser
suficientes à explicação da morbidade e
mortalidade nas sociedades, fazem avançar o
conhecimento da saúde coletiva.
Num destes estudos, Burnley (1998)
procurou examinar as desigualdades na incidência
de doenças isquêmicas do coração, na Austrália
entre 1969 e 1994. O autor verificou que, embora
se observasse uma queda nas taxas de mortalidade,
as diferenças entre as “ocupações profissionais”
aumentava. Os operários ou trabalhadores de
processos químicos passaram de uma “odds ratio”
(razão de chances) de 1.00 no período entre 1969-
1973, para 1.41 entre 1990-1994, enquanto
empregados de escritório, em períodos
semelhantes, passaram de 1,07 para 0,76.
No detalhamento por região, entre
1969 e 1994, Burnley (1998) mostra, também, que
as taxas de mortalidade, na faixa etária entre 40 a
64 anos, diminuíram significativamente na região
metropolitana de Sydney (p<0,05) e aumentaram
na região industrializada de Illawarra-Hunter
(p<0,05), nas pequenas cidades do interior
(p<0,01) e nas zonas rurais (p<0,01). O autor
conclui que, além das relações entre as classes
sociais com a manutenção de estilos de vida, as
diferenças sócio-econômicas denotam a
distribuição desigual de recursos e riquezas.
Dressler, Balieiro & DosSantos
(1998) utilizaram-se do conceito de "estilo de vida"
de modo diferente. Como um componente das
diferenças sócio-ecônomicas-culturais, um
"modelo padrão" de estilo de vida foi determinado
pela tendência central da amostra para cada grupo
estudado, na cidade de Ribeirão Preto (São Paulo,
Brasil). Os grupos sociais característicos foram
denominados de “favela” (classe social mais
baixa), “conjunto habitacional” (classe baixa),
“tradicional” (classe média baixa) e “alta classe
média”. Estes “modelos padrões” apresentaram-se
inversamente associados à pressão arterial,
sintomas depressivos e percepção global de
estresse. Quando confrontado com os indicadores
“categoria ocupacional”, “educação” e “salário”,
verificou-se que a pressão arterial relaciona-se
inversamente com a ocupação (p<0,05), com a
educação (p<0,05) e com o salário (p<0,01). Os
sintomas depressivos e a percepção de estresse
associam-se inversamente, muito
significativamente (p<0,01), com estes três
indicadores.
Mheen, Smith, Hart & Gunning-
Schepers (1998) analisaram as diferenças sócioeconômicas
na mortalidade de homens entre 15 a
64 anos de idade, na Grã-Bretanha. Os autores
concluíram que há uma crescente desigualdade,
entre as classes sociais, nas taxas de mortalidade
para doenças cardiovasculares, respiratórias,
infecciosas e causas externas ou acidentes. Estas
desigualdades se pronunciaram com mais força na
Escócia, do que na Inglaterra e País de Gales.
Para Kaplan (1996) existe um
substancial corpo de evidências que demonstram a
forte associação inversa entre as classes sociais e
os efeitos sobre a saúde. Contudo, o autor chama a
atenção de que o foco de análise deve considerar as
características da comunidade em que as pessoas
vivem, ao invés dos atributos individuais que
indicam as condições sócio-econômicas. Os fatores
de risco sócio-ambientais e pessoais aglomeram-se
nos espaços sociais, de tal modo que são
importantemente relacionadas a todas as
mortalidades. Kaplan demonstra, então, uma série
de fatores associados com as taxas padronizadas de
mortalidade, a partir de dados de residentes na
Califórnia (EUA). As “odds ratios” (razões de
chances) entre os fatores e as altas e baixas
mortalidades foram: baixa educação (4,25);
incapacidade de realizar Rx (4,0); obesidade (3,1);
insegurança na vizinhança (2,75); baixo suporte
emocional (2,6); sedentarismo (2,3); baixo salário
(2,3); alimentação inadequada (1,6); e, hábito de
fumar (1,5).
Num estudo com dados de 2.610
homens franceses, entre 50 a 60 anos, Michaux,
Ferrières, Ruidavets, Cambou & Pous (1996)
encontraram diferenças significativas entre as
condições sócio-econômicas e os fatores de risco
coronariano. Considerando as categorias
profissionais (CSP2- comerciantes e chefes de
empresas; CSP3- professores e intelectuais; CSP4-
profissões intermediárias; CSP5- empregados; e,
CSP6- operários), foi possível encontrar que o
tabagismo, o colesterol total, a pressão arterial
diastólica e o diabetes não apresentaram diferenças
entre as categorias profissionais. Contudo, a
pressão arterial sistólica mostrou-se muito
significativamente (p<0,001) diferente entre as
categorias e crescendo inversamente ao “status” da
ocupação, independente da obesidade e do
sedentarismo. O percentual de pessoas também
cresce, conforme diminui o “status” das categorias,
quando agrupa-se aqueles com medidas de pressão
arterial iguais ou superiores a 160/95 mmHg
(p<0,05). Os valores percentuais, também, são
muito significativamente (p<0,001) diferentes para
o índice de massa corpórea (IMC ≥ 27 kg/m2), que
traduz as proporções de gordura, a partir das
medidas de peso corporal e estatura, e para a
relação cintura-quadril (RCQ ≥ 0,98), mas, nestes
casos, não há uma associação inversa com as
categorias. Para o IMC, constata-se o crescimento
da CSP3 para CSP6 (30%; 35,3%; 37,9% e 43,5%,
respectivamente), embora a CSP2 apresente 38,5%
de seu total com o IMC acima do índice sugerido.
A RCQ apresenta os seguintes valores percentuais
da CSP2 à CSP6: 35,9%; 25,4%; 29,6%; 29% e
41,1%.
Rosengren, Orth-Gomér &
Wilhelmsen (1998) a partir dos dados de saúde dos
trabalhadores suecos, identificaram que a
mortalidade é três vezes maior nos trabalhadores
não qualificados do que nos gerentes e altos
funcionários. Os autores verificaram, ainda, que as
baixas classes ocupacionais associaram-se com a
alta prevalência do fumo, baixa integração social,
baixo nível de atividades em casa e fora de casa,
baixo suporte emocional, bem como, uma baixa
capacidade de percepção da própria saúde.
Todavia, não foi encontrada associação das classes
ocupacionais mais baixas com a elevação da
pressão arterial, do triglicerídeos e do colesterol.
O perfil lipídico em mulheres
saudáveis e sua associação com a condição sócioeconômica
foi estudado na Suécia por Wamala,
Wolk, Schenck-Gustafsson & Orth-Gomér (1997).
As autoras constataram a existência de diferenças
entre os níveis educacionais e o HDL (p<0,01);
razão colesterol/HDL (p<0,003); razão LDL/HDL
(p<0,003); mas, não para os níveis de colesterol
total e triglicerídeos. O baixo nível educacional,
ainda, foi associado à obesidade (p<0,01) e à
gordura abdominal (P<0,004). O poder de decisão
no trabalho foi categorizado em quatro grupos e,
também, relacionado ao perfil lipídico. A diferença
entre os grupos de menor e maior poder de decisão
associaram-se ao colesterol total (p<0,03); HDL
(p<0,0004); razão colesterol/HDL (p<0,02); e,
razão LDL/HDL (p<0,02), mas não para os
triglicerídeos. Considerando o total de
remuneração no ano, pôde-se constatar a
associação com o HDL (p<0,01), porém, não com
o colesterol total, triglicerídeos, razão
colesterol/HDL e razão LDL/HDL.
Ao pesquisar a prevalência dos
fatores de risco cardiovasculares na comunidade do
Harlem, na Cidade de Nova Iorque, Diez-Roux,
Northridge, Morabia, Bassett & Shea (1999)
encontraram importantes diferenças quanto aos
indicadores sociais. O nível educacional associouse
inversamente com o hábito de fumar em homens
(p<0,05); com a hipertensão em mulheres (p<0,05);
e, hábitos de fumar em mulheres (p<0,01). Os
rendimentos de salários relacionaram-se
inversamente com o hábito de fumar em homens e
mulheres (p<0,01).
Atenção diferenciada pelo aspecto
geográfico foi determinada por Kunst, Groenhof,
Andersen, Borgan, Costa et alii (1999). Ao estudar
a mortalidade por doenças isquêmicas do coração
nos Estados Unidos da América e em 11 países da
Europa, os autores verificaram que a proporção
atribuída à doença ficou em 34 a 39% na maioria
dos países do norte da Europa, entre 10 a 21% nos
países do sul e na Dinamarca e nos Estados Unidos
em torno de 27%. Nas análises considerando os
tipos de ocupação (não-manual, manual e
agricultura) detectaram que, com exceção da Itália
na faixa etária entre 60-64 anos e em Portugal para
idades entre 30-44 e 45-59, os trabalhadores
manuais apresentaram “odds ratio” (razão de
chances) acima de 1.00, em todos os países e faixas
etárias. Para a faixa etária de 45-59 anos, a “odds
ratio” ficou entre 1,03 e 1,18 no sul da Europa;
entre 1,25 e 1,52 no norte da Europa; e, em 1,21
nos Estados Unidos.
Embora se possa encontrar na
literatura vários estudos que associam as
desigualdades sociais aos valores de morbimortalidade,
perduram as questões relativas às
interpretações destes achados. Lynch, Smith,
Kaplan & House (2000), ao enfrentarem estas
questões, tratam-na como resultante das políticas e
condições sociais que se exercem sobre o coletivo
de pessoas. Para os autores, não basta reconhecer
as diferenças entre as médias salariais de
determinados grupos. É preciso, antes, perceber
que os efeitos das desigualdades sociais sobre a
saúde são produto do processo histórico-políticoeconômico,
o qual reflete a combinação de
exposições negativas, perda de recursos,
dificuldade de acesso aos serviços, deficiências de
informação, entre outros.
Em estudo recente, Ross, Wolfson,
Dunn, Berthelot, Kaplan & Lynch (2000) ao
analisaram os dados estatísticos de 10 províncias e
53 áreas metropolitanas canadenses e de 50 estados
e 282 áreas metropolitanas dos Estados Unidos,
observaram que as províncias e áreas canadenses
têm menores desigualdades de rendimentos e
menores taxas de mortalidade do que os estados e
áreas metropolitanas dos Estados Unidos. Estes
achados foram mais proeminentes na população
trabalhadora (p<0,01) (r= -0,81) e pouco
significante para a população idosa masculina (r= -
0,44) e idosa feminina (r= -0,42).
Contudo, esta associação inversa
entre desigualdade de rendimentos e mortalidade
não se verificou dentro das províncias e áreas
canadenses. Isto sugere, segundo Ross et alii
(2000), que esta relação, entre desigualdade e
mortalidade, não é linear ou universal, mas, antes,
depende das características político-sociais
específicas do lugar. Este fato corrobora as
afirmações anteriores de Lynch et alii (2000).
ATIVIDADE FÍSICA E CONDIÇÕES SÓCIOECONÔMICAS
Se a realização da atividade física
regular é importante para à saúde, talvez fosse
importante torná-la um hábito entre os indivíduos.
Esta não é uma idéia nova. Nos Estados Unidos, a
despeito dos esforços das agências locais de Saúde
Pública, os níveis de atividade física encontraram
um platô, enquanto as taxas de obesidade ainda
aumentam (Pate, Pratt, Blair, Haskell et alii, 1995).
No Canadá, em 1994, 56% da população era
inativa, 27% moderadamente ativa e 17%
fisicamente ativa (Chandrakant, 1998).
Por outro lado, se as condições
sócio-econômicas têm uma forte associação com a
morbi-mortalidade e com a prevalência de fatores
de riscos para algumas doenças, pode-se acreditar
que isto é, também, representativo para o caso da
prática de atividades físicas. Kaplan & Lynch
(1999) indagam por que os grupos com menor
“status” sócio-econômico parecem associar-se mais
com o hábito de fumar, do que com o
sedentarismo.
De fato, uma série de aspectos
poderão contribuir para que a atividade física esteja
sendo praticada indistintamente por diversas
classes sociais. O papel da mídia, a influência do
esporte de alto rendimento, a cultura local, entre
outros, podem significar importantes pontos a
considerar. Contudo, é preciso reconhecer, e
Kaplan & Lynch (1999) não afirmam o contrário,
que as condições sócio-econômicas, também,
relacionam-se inversamente com a prática de
exercícios físicos.
Num estudo realizado nos Estados
Unidos da América, a proporção de adultos que
reportaram estar sedentários no último mês, em
1991, foi de 40,14%; 32,00%; 25,43%; e, 18,64%
para os indivíduos que apresentavam,
respectivamente, rendimentos anuais de ≤14.999;
15.000-24.999; 25.000-50.000; e, >50.000. A
proporção dos sedentários para os níveis de
educação foram: 48,06%; 33,57%; e, 20,16% para
aqueles que têm, respectivamente, o “segundo grau
incompleto”; o “segundo grau” e o “alguma
formação técnica superior, pós segundo grau” (Pate
et alii, 1995).
Um interessante trabalho sobre as
representações sociais da relação trabalho/lazer,
das trabalhadoras domésticas-diaristas residentes
no município de Queimados que trabalham na
cidade do Rio de Janeiro, foi realizado por Ludmila
Mourão (1999). A autora constatou que estas
mulheres têm baixa escolaridade; têm que realizar
suas próprias tarefas domésticas (segunda jornada
de trabalho); levam três horas para chegar ao
trabalho e quatro para retornar à residência; saem
de casa por volta de quatro e meia da manhã e
chegam entre nove e dez da noite; trabalham seis
dias na semana; e, cujo discurso sobre o que fazem
no lazer ou tempo livre é: “o cansaço não deixa
fazer outra coisa”, além de dormir ou assistir TV.
A autora revela, então, como estas mulheres
trabalhadores têm uma enorme dificuldade de
acesso ao lazer.
A pergunta é: como estas
trabalhadores conseguirão tempo para realizar
atividade física e, mais do que isto, quais suas
prioridades no “andamento” da vida? Talvez, estas
mulheres estejam buscando apenas sobreviver e, aí,
a atividade física pode não ter o menor sentido.
O relatório de pesquisa sobre
padrões de vida dos brasileiros, elaborado pelo
IBGE (1999), mostra que os homens praticam mais
atividade física do que as mulheres. Do total de
homens, 26% realizam atividade física
semanalmente. Para as mulheres os valores
correspondem a 12,7%. Quando se verifica a
quantidade de pessoas que se exercitam durante
pelo menos trinta minutos ou mais, por pelo menos
três dias na semana, encontra-se 10,8% e 5,2% do
total de homens e mulheres, respectivamente. Na
distribuição das pessoas por quintos de renda per
capita mensal foi verificado que, dentre as pessoas
que praticam atividade física semanalmente, 13,8%
pertencem ao 1º quinto (mais baixa renda), 16,4%
ao 2º quinto, 16% ao 3º, 18,4% ao 4º e 31,5% ao 5º
quinto (mais alta renda). Para aqueles que praticam
por trinta minutos ou mais, por pelo menos três
dias na semana, os valores foram: 4,8% (1º quinto),
7,4% (2º quinto), 5,9% (3º quinto), 7,6% (4º quinto)
e 14,6% (5º quinto). De um modo geral, então,
percebe-se que a prática de atividade física
aumenta conforme a elevação dos rendimentos.
Luc Boltanski (1989), numa clássica
investigação, na França, sobre as classes sociais e o
corpo, mostra que a prática de atividade física
declina conforme decresce a classe social.
Considerando as categorias profissionais
“agricultores”, “operários”, “comerciantes”,
“assalariados”, “dirigentes de nível médio”, e
“dirigentes assalariados”, o autor percebeu que,
respectivamente, 70%, 53%, 44%, 42%, 42% e
32% nunca haviam praticado esportes. Entre
aqueles que praticaram e pararam antes dos 25
anos, a proporção era: 87%, 79%, 61%, 71%, 71%
e 57%. Os valores percentuais para os que
praticavam esportes no momento da pesquisa, com
exceção dos comerciantes, foi: 7%, 11,5%, 23%,
31% e 44%.
No extenso estudo de Michaux et alii
(1996), já citado, foi verificado que não havia uma
relação inversa entre as categorias profissionais de
maior “status” econômico e o sedentarismo. Os
autores encontraram diferenças muito significativas
(p<0,001) entre a prática esportiva por categoria
profissional, mas não totalmente em obediência à
ordem econômica. A CSP2 apresentou 22,1% de
indivíduos praticantes, contra 13% da CSP3,
11,6% da CSP4, 23,5% da CSP5 e 21,8% da CSP6.
As associações entre a prevalência
de fatores de risco cardiovasculares e variáveis
sócio-demográficas foram examinadas numa
amostra de 695 indivíduos residentes na
comunidade do Harlen, na cidade de Nova Iorque.
Dentre os demais fatores de risco, Diez-Roux et
alii (1999) observaram que os rendimentos e o
nível educacional associavam-se inversamente à
inatividade física nas mulheres, com significância
estatística de p<0,05 e p<0,01, respectivamente.
Nos homens, embora, também, houvesse
encontrado uma relação inversa, os autores não
encontraram significância estatística.
Num estudo sobre a atividade física
em mulheres americanas negras, Adams-Campbell,
Rosenberg, Washburn, Rao, Kim & Palmer (2000),
a partir dos dados de 64.101 informantes,
observaram que a atividade física vigorosa
aumentava de acordo com o nível educacional, mas
não a atividade física moderada e a caminhada.
Contudo, as três formas relacionavam-se à
participação de atividade física intensa durante o
“segundo grau”. Os autores sugerem, então, que o
hábito de praticar exercício físico é reflexo da
prática de educação física na escola.
Em outra investigação, Ford, Merritt,
Heath, Powell, Washburn, Kriska & Haile (1991)
constataram, a partir de dados de residentes na
Pensilvânia (EUA), que os homens com menor
status sócio-econômico gastavam mais tempo e
energia durante as caminhadas para o trabalho e
serviços domésticos, enquanto aqueles de maior
status sócio-econômico despendiam mais tempo e
energia nas atividades físicas realizadas durante o
lazer. Para as mulheres estas diferenças foram
ainda mais proeminentes. O tempo médio gasto por
semana com atividades de lazer diferiu (p<0,0001)
de 72,1 minutos para 120,3 minutos entre aquelas
de menor e maior status sócio-econômico,
respectivamente. As taxas percentuais de
participação em caminhadas durante o lazer, entre
mulheres, também variaram significativamente
(p<0,005).
Mensink, Loose & Oomen (1997)
procuraram estudar a associação da atividade física
com outros fatores de estilo de vida saudável, com
5.311 informantes, na Alemanha. Os autores
definiram, a partir do nível educacional, ocupação
e rendimentos da vizinhança, um índice que refletia
o status sócio-econômico dos indivíduos. Três
grupos foram determinados: “baixo”, “médio” e
“alto” status sócio-econômico. Mensink, Loose e
Oomen perceberam que o nível “baixo”
apresentava uma taxa de prevalência de 21,7% de
sedentários e 7,5% ativos (+ de 18 METS gastos
por semana) (p<0,001), enquanto o grupo “alto”
verificava 20,8% de sedentários e 38,9% de ativos
(p<0,001). Os valores para as mulheres foram:
grupo “baixo”, 33,1% sedentárias e 13,8% ativas
(+ de 12 METS gastos na semana) (p<0,001);
grupo “alto”, 14,7% de sedentárias e 29,5% de
ativas. Eles verificaram, também, que os homens e
as mulheres empregados são mais ativos do que os
sujeitos desempregados (p<0,001).
Em estudo recente, Salmon, Hons,
Owen, Bauman, Kathryn, Schmitz & Booth (2000)
observaram o nível de atividade física realizado no
tempo de lazer, na ocupação profissional e nos
serviços domésticos em quatro grupos profissionais
diferenciados, na Austrália. O grupo 1, dos
gerentes, administradores ou profissionais liberais;
o grupo 2, dos comerciários e escriturários; o 3 do
operários; e, o grupo 4 dos que trabalham em casa.
Dentre outras características, o grau de
escolaridade entre os grupos variava muito
significativamente (p<0,001), tanto em homens,
quanto em mulheres.
Salmon et alii (2000), identificaram,
então, que nos homens a distribuição percentual de
indivíduos que “caminhavam” diferia muito
significativamente (p<0,01) e diminuía com o
status profissional, embora nos trabalhadores
domésticos aumentasse. O mesmo ocorria com o
quesito “alguma atividade física no lazer”. As
atividades físicas “moderada” e “vigorosa”
realizadas no lazer, também, apresentaram
diferenças muito significativas (p<0,001), porém
com a diminuição ocorrendo do grupo1 para o
grupo 4. Confirmando a maior exposição do
trabalhador de menor status ao esforço físico
intenso e continuado, os autores verificaram que a
quantidade de horas por semana realizando
atividade física vigorosa no trabalho e em casa
aumentava em quase três vezes do grupo 1 para o
grupo 3. O grupo 1 e 4 apresentavam valores
semelhantes (p<0,001).
Nas mulheres, nos quesitos
“caminhada”, atividade física “moderada” e
“vigorosa” e “alguma atividade física no lazer”,
pôde-se observar que a distribuição percentual caía
do grupo 1 para o grupo 3, porém aumentava no
grupo 4 (p<0,001). Para a quantidade de horas por
semana em atividades vigorosas no trabalho e em
casa, a distribuição aumentou em
aproximadamente duas vezes do grupo 1 para o 3
(p<0,001).
Em 1995, Bennett observou, como
resultados de seu estudo na Austrália, que todas as
formas de exercício no lazer estavam fortemente
associadas com o nível de educacional, de tal modo
que, os indivíduos com elevada escolaridade
tinham maior participação nestas atividades do que
os de menor escolaridade. Por outro lado, o grupo
formado por homens idosos de baixo nível
educacional apresentou maiores taxas de
sedentarismo. Este achado é, em parte, corroborado
por Boutelle, Murray, Jeffery, Hennrikus & Lando
(2000). Estes autores encontraram, na área
metropolitana de Minneapolis (EUA), uma relação
positiva entre os níveis de educação e os níveis de
exercício no tempo de lazer, em homens (p<0,05),
mas não em mulheres, embora houvesse diferenças
significativas entre os valores encontrados.
O levantamento sobre a prática de
atividade física entre obesos americanos,
coordenado pelo National Center for Chronic
Disease Prevention and Health Promotion (2000),
indicou que a distribuição percentual de indivíduos
que usaram a atividade física para perda de peso
relacionou-se inversamente com o nível
educacional. Considerando os níveis “abaixo do
segundo grau”, “segundo grau”, “alguma formação
técnica superior incompleta” e “formação técnica
superior completa”, os valores percentuais foram,
respectivamente, 47,4%, 65,7%, 68,5% e 72,7%.
Quando os coordenadores da pesquisa
relacionaram os níveis educacionais com o
percentual de indivíduos que realizavam a
atividade física para perda de peso seguindo os
padrões recomendados pelo Dietery Guidelines
Advisory Committee, os valores foram,
respectivamente, 17,7%, 19,9%, 22,5% e 25,5%.
Num estudo sobre a prevalência de
atividade física no lazer, Crespo, Keteyian, Heath
& Sempos (1996) utilizaram-se dos dados do
terceiro survey nacional sobre saúde e nutrição, nos
Estados Unidos e chegaram a conclusão de que
22% dos americanos continuam inativos e 34%
fazem atividade física de forma irregular durante o
tempo de lazer. Estas taxas variaram, no entanto,
em dependência aos grupos étnicos ou sexuais.
Assim, os maiores valores de sedentarismo foram
encontrados em mulheres, idosos, negros e latinos,
ou seja, naqueles que, historicamente, parecem ter
maior vulnerabilidade social.
O estudo epidemiológico (Siegel,
Brackbill & Heath, 1995) sobre o exercício de
caminhada, a partir de 81.557 informantes de 45
estados americanos, aponta na mesma direção. Para
aqueles que ganhavam menos de U$ 10.000 anuais,
o percentual de participação em atividades de
caminhada foi de 32,6%, enquanto para aqueles
que ganhavam mais de U$ 50.000 foi de 36,9%.
Para a participação em alguma atividade física, os
valores percentuais foram, respectivamente, de
56,7% e 82,7%. Considerando a situação de
emprego em ocupação profissional, os autores
verificaram que 33,4% dos empregados praticavam
caminhadas, contra 34,4% dos desempregados com
menos de um ano e 32,5% dos desempregados com
mais de um ano. Na participação em alguma
atividade, os valores, foram: 73% (empregados);
66% (desempregados com menos de 1 ano); e,
51,1% (desempregados com mais de 1 ano).
Por fim, a prevalência da tentativa de
perder e controlar a massa corporal, foi estudada
por Serdula, Mokdad, Williamson, Galuska,
Mendlein & Heath (1999) a partir de dados de
107.804 americanos. Os autores encontraram, para
os níveis educacionais “abaixo do segundo grau”;
“segundo grau”; “alguma formação técnica
superior incompleta”; e, “formação técnica
superior completa”, os valores percentuais de
23,3%; 26,7%; 30,2%; e, 32,3%, respectivamente,
para a tentativa de perda de massa corporal, em
homens. Para as mulheres, os valores foram:
37,7%; 43,1%; 46,5%; e, 44,2%.
Serdula et alii (1999) investigaram,
ainda, em função destes níveis educacionais em
homens, que, respectivamente, 82,3%; 84,6%;
88,0% e 88,4% utilizavam a dieta como estratégia.
A atividade física era utilizada deste modo por
50,5%; 62,1%; 69,7%; e, 74,0%. Nas mulheres, os
valores encontrados para prevalência da dieta
foram, respectivamente, 88,2%; 92,5%; 93,3%; e,
92,5% e para o uso de atividade física, 46,2%;
63,0%; 69,3%; e, 74,4%.
COMENTÁRIOS
Um certo rompimento com o
enfoque hegemônico pode ser reconstruído a partir
de uma outra concepção de saúde, a qual pode ser
enunciada considerando-a, de imediato, como um
direito à cidadania.
Até onde se pôde verificar, há uma
variedade de estudos que indicam o estado sócioeconômico
como um fator influenciador à
prevalência de vários problemas relacionados à
saúde, incluindo as doenças cardiovasculares, a
obesidade e o sedentarismo. A quantidade de
rendimentos, o nível educacional, a ocupação
profissional, as desigualdades sociais, entre outros,
são todos elementos que podem facilitar esta
prevalência ou, ainda, dificultar o acesso aos
serviços de saúde e similares, à informação ou aos
exames necessários, os quais poderiam ajudar no
combate destes problemas.
De outro modo, é relevante apontar
para algumas dificuldades em se mensurar
adequadamente o estado sócio-econômico. O nível
educacional medido através do grau de
escolaridade, por exemplo, pode não representar
verdadeiramente as diferenças ou semelhanças
entre os indivíduos. Tanto a época, quanto o lugar
onde se estudou favorecem a uma não
homogeneização dentro de um grupo determinado.
Os rendimentos, também, apresentam problemas
nas análises. Embora, o rendimento influencie
diretamente na qualidade da educação e no acesso
aos cuidados médicos, o menor rendimento pode,
por si só, já ser reflexo de uma má saúde. A
utilização da variável ocupação profissional,
também, pode ser problemática, pois cada uma
envolve diferenças de status, poder, prestígio,
estilo de vida, rendimentos, tradição, valores,
características de esforço, etc (Kaplan & Keil,
1993).
Kaplan & Lynch (1999) comentam,
ainda, que pode ser preciso considerar as
características da comunidade estudada, e não só as
variáveis estabelecidas. Mesmo com condições
econômicas semelhantes, dois grupos podem ter
hábitos de saúde e participação em programas de
atividade física diferenciados. Nas comparações
entre comunidades rurais e urbanas isto parece
estar bastante evidente. Porém, mesmo em grupos
urbanos localizados em regiões bem distintas,
como por exemplo uma favela de Copacabana e
uma comunidade do bairro de Santa Cruz, ambos
no Rio de Janeiro, têm, decerto, possibilidades
distintas para prática de atividade física e higiene.
Embora possam conter algumas
dificuldades, estes indicadores são amplamente
utilizados e aceitos pela comunidade científica. Por
outro lado, esta variedade de elementos levantados
com intuito de indicar as condições sócioeconômicas
refletem, em última instância, as
diferentes orientações teóricas e suas exigências na
condução da pesquisa. A visão weberiana percebe
a estratificação organizada ao redor de três
aspectos (vantagem econômica, status e poder). O
viés marxista baseia-se nas interpretações dos
conflitos e oposições dos interesses das classes
sociais, em função da propriedade dos meios de
produção (Kaplan & Keil, 1993). Deste modo, os
indicadores podem ser aceitos ou rejeitados, de
acordo com a orientação teórica compartilhada.
Outro ponto de grande importância é
que a maioria destes estudos revistos foram
produzidos em países industrializados. Se nestes
países, onde a diferença de rendimentos em dólares
entre os 20% mais ricos e os 20% mais pobres é da
ordem de 6,70 vezes, já se percebe a repercussão
das desigualdades sócio-econômicas sobre a saúde;
no Brasil, em que as diferenças de rendimentos
entre os 20% mais ricos e pobres estão em torno de
32,11 vezes, as conseqüências à saúde serão ainda
maiores (PNUD, 1998).
O impacto dos fatores
macroeconômicos na saúde pública é alvo de
discussão para Kaplan & Lynch (1999). Estes
autores comentam a respeito de como os aspectos
sociais e econômicos podem ter alguma influência
sobre o estado de saúde da sociedade, bem como,
sobre a prevenção primária das doenças. O enredo
de globalização da economia, que provoca alta
competitividade, desemprego, insegurança no
trabalho, desigualdades sociais, baixa coesão
social, etc, poderia estar provocando uma elevada
pressão sobre os trabalhadores e, por isso,
favorecendo o aumento do estresse, da pressão
arterial e das doenças cardiovasculares. Por outro
lado, o trabalhador estaria com seu tempo
diminuído para cuidar de si próprio, além do
maciço programa de marketing desenvolvido para
vender cigarros, alimentos do tipo “fast food” e/ou
refrigerantes, os quais, notadamente, favorecem
uma pior condição de saúde.
Finalmente, cabe ressaltar que esta
revisão permitiu ilustrar como os eventos sócioeconômicos
podem ter algum impacto sobre as
condições de saúde da sociedade. É preciso, pois,
repensar os “modos de olhar” a saúde e permitir
àquele que mais precisa, realizar seu direito à
prática de atividade física e saúde.
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