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domingo, 28 de novembro de 2010

Fórmula infantil suplementada com prebióticos previne dermatite atópica

Estudo publicado por pesquisadores europeus na revista científica Journal of Allergy and Clinical Immunology mostrou que a suplementação de oligossacarídeos específicos foi eficaz na prevenção da dermatite atópica em lactentes com baixo risco de atopia.

A dermatite atópica (DA) é a doença crônica da pele mais comum em crianças, ocorrendo especialmente no primeiro ano de vida, com crescente prevalência em países industrializados. Embora a maioria dos casos seja transitória, a coceira causada pela inflamação leva danos à pele e estresse emocional.

Fatores genéticos desempenham papel importante no desenvolvimento da DA e história familiar positiva para doenças atópicas é o mais forte preditor para o seu desenvolvimento. Isso facilita a triagem da população de risco e permite medidas de prevenção primária.

Estudos anteriores com bebês que apresentavam risco elevado para o desenvolvimento de atopia demonstraram que a combinação específica de prebióticos, como oligossacarídeos sintéticos, reduze a incidência da DA em 51%, até 2 anos de idade. Oligossacarídeos contribuem com cerca de 10% dos componentes sólidos do leite materno e exercem funções prebióticas importantes na microbiota intestinal infantil.

Com isso, os pesquisadores avaliaram se a suplementação de prebióticos imunoativos, presentes em fórmula infantil, reduz a ocorrência de DA no primeiro ano de vida. A fórmula continha uma mistura específica de scGOS (oligossacarídeos de cadeia curta), lcFOS (frutooligossacarídeos de cadeia longa) e PAO (oligossacarídeos derivados de pectina), que foram desenvolvidos para simular oligossacarídeos do leite materno.

O estudo foi duplo-cego, controlado por placebo, prospectivo e randomizado. Os pesquisadores avaliaram se a alimentação com fórmula suplementada da mistura específica de oligossacarídeos reduz a incidência de episódios de febre em bebês nascidos a termo saudáveis durante o primeiro ano de vida.

Foram incluídos bebês saudáveis, com peso normal, idade até oito semanas e sem história positiva de doença alérgica. No início do estudo, as mães relataram se tinham a intenção em oferecer aleitamento materno exclusivo até pelo menos 4 meses de idade ou se iriam oferecer apenas fórmulas infantis. Os bebês de mães que indicaram que iriam fornecer aleitamento materno exclusivo foram incluídos no grupo de aleitamento materno (AM). Este grupo serviu como grupo de referência não randomizado. As crianças randomizadas para o grupo prebióticos (GP) receberam fórmula não hidrolisada à base de leite de vaca, contendo 8g/L de oligossacarídeos (scGOS, lcFOS e PAO). Os bebês randomizados para o grupo controle (GC) receberam fórmula não hidrolisada à base de leite de vaca sem adição de prebióticos oligossacarídeos.

Foram incluídos 414 bebês no grupo prebióticos, 416 no grupo controle e 300 no grupo aleitamento materno. Até o primeiro ano de vida, a dermatite atópica ocorreu em número significativamente menor no grupo prebiótico (5,7%) do que do grupo controle (9,7%, p=0,04). A incidência de dermatite atópica no grupo prebiótico foi semelhante ao grupo aleitamento materno (7,3%). A taxa total de dermatite atópica foi significativamente menor em 44% no grupo de prebiótico em relação ao grupo controle (p=0,04).

“No que diz respeito à prevenção da dermatite atópica precoce, os dados de nosso estudo suportam a recomendação geral de leite materno exclusivo como primeira escolha para a nutrição infantil. Nos casos em que o aleitamento materno não é possível, a fórmula infantil suplementada com a mistura específica de scGOS/lcFOS/PAO pode ser uma alternativa promissora para prevenção da dermatite atópica”, ressaltam os autores.

“Nós especulamos que este efeito pode persistir mesmo após o primeiro ano de vida e podem resultar em redução da incidência de alergias respiratórias posteriores. Por essa razão, o estudo continuará em seguimento para avaliar os efeitos em longo prazo”, concluem.


Referência(s)

Grüber C, van Stuijvenberg M, Mosca F, Moro G, Chirico G, Braegger CP, et al. Reduced occurrence of early atopic dermatitis because of immunoactive prebiotics among low-atopy-risk infants. J Allergy Clin Immunol. 2010;126(4):791-7.

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