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Armazem Gaia

terça-feira, 13 de setembro de 2011

ÓXIDO NÍTRICO. REVISÃO

RESUMO  O óxido nítrico é um mediador gasoso responsável por uma variedade de fenômenos


fisiológicos. A l-arginina é a precursora da síntese do óxido nítrico, na presença de óxido nítricosintase.

Este artigo revê as funções das óxido nítrico-sintases e como o óxido nítrico atua na

permeabilidade vascular e na síndrome de isquemia e reperfusão, assim como possíveis métodos

para sua mensuração.
 
INTRODUÇÃO


Em 1980, FURCHOGOTT E ZAWADZKI

demonstraram que o relaxamento vascular induzido por

acetilcolina foi dependente da presença do endotélio e

evidenciaram que este efeito foi mediado por um fator

humoral lábil, mais tarde conhecido como fator de

relaxamento dependente do endotélio (EDRF).

Em 1987 foi demonstrado que esse fator de

relaxamento derivado do endotélio era um radical livre,

o óxido nítrico (NO). PALMER e col. (1987) sugeriram

que EDRF e óxido nítrico eram indistinguíveis na

atividade biológica, estabilidade química e

susceptibilidade à inibidores ou potencialização e que

ambos tinham sua ação inibida pela hemoglobina e

potencializada por superóxido dismutase. Porém, alguns

autores alegaram que a forma ativa do EDRF não era o

NO, mas um precursor do NO ou um tiol derivado do

NO3. O óxido nítrico foi escolhido como a molécula

do ano de 1992.

O óxido nítrico pode ser um oxidante ou um

redutor dependendo do meio em que ele está e é

rapidamente destruído pelo oxigênio, sendo que sua

oxidação produz nitrito e nitrato. O NO tem o menor

peso molecular de qualquer produto de secreção celular
de mamíferos; sua meia-vida é curta e a especificidade


de suas reações é mínima. O NO é citotóxico e

vasodilatador e modula reações inflamatórias ou

antiinflamatórias, dependendo do tipo celular e do

estímulo.

A molécula do NO tem um elétron não pareado e

reage facilmente com oxigênio, radical superóxido, ou

metais de transição, como ferro, cobalto, manganês

ou cobre. O NO tem alta afinidade com o heme,

encontrado em proteínas intracelulares (óxido nítricosintase,

cicloxigenase e guanilato ciclase) e também

liga-se a grupos -SH, formando tiol; é um gás incolor

e estável, moderadamente solúvel em água e sua meiavida

varia de 3 a 60 segundos, mas pode ser maior

devido ao ambiente do NO, concentração de O2 e O.

Parece que o NO exerce maior efeito na imunidade

inespecífica do que na específica, exibindo atividade

citostática ou citocida contra uma notável amplitude

de microorganismos patogênicos.

PRODUÇÃO DE ÓXIDO NÍTRICO

Várias células utilizam a arginina para sintetizar o

óxido nítrico. Nas células do endotélio vascular, na
presença de oxigênio molecular, o terminal guanidino


nitrogenado da L-arginina produz o radical livre gasoso,

NO, e L-citrulina em um processo catalisado pela enzima

óxido nítrico-sintase.

O NO atravessa o espaço do endotélio para o

músculo liso vascular e estimula diretamente a enzima

guanilato ciclase solúvel e a conseqüente formação de

cGMP (monofosfato cíclico de guanosina) intracelular,

resultando no relaxamento das células da musculatura

lisa vascular.
Quando o cGMP está alto, o cálcio intracelular


aumenta, relaxando a células e a vasodilatação se desenvolve.

A vasodilatação se mantém enquanto a difusão

do NO para a musculatura lisa vascular estiver ocorrendo.

Um aumento no fluxo de NO para a musculatura

lisa vascular provoca maior relaxamento celular e maior

vasodilatação. Se a formação de NO diminui, ocorre

uma vasoconstrição moderada. O efeito vasodilatador

do NO parece ser mantido por estímulos físicos do

fluxo pulsátil e força de cisalhamento nas células

endoteliais vasculares.

O NO também pode ser produzido pelas células

musculares lisas, podendo regular a atividade dessas

células por um mecanismo dependente da GMPc.
A interação do NO com a guanilil ciclase solúvel


provoca muitos efeitos fisiológicos e patofisiológicos.

Entretanto, o NO ou os produtos de sua reação com

oxigênio molecular e radicais superóxido podem modificar

diferentes macromoléculas como proteínas, lipí-

dios e ácidos nucléicos para produzir tanto efeitos

fisiológicos como patofisiológicos . O NO também pode

reagir diretamente com metais de transição.

FUNÇÕES DO ÓXIDO NÍTRICO

O NO medeia vários fenômenos, como vasorrelaxamento

dependente do endotélio, citotoxicidade

mediada por macrófagos, inibição da ativação, adesão

e agregação plaquetária, relaxamento do corpo cavernoso

peniano humano, regulação da pressão sangüínea

basal, depressão sináptica a longo prazo, potencialização

da transmissão sináptica a longo prazo, microcirculação

medular e glomerular e prevenção de piloroespasmo

em estenose pilórica hipertrófica infantil. A atividade

do NO foi relatada em endotélio, cerebelo, nervos não

adrenérgicos não colinérgicos (NANC), macrófagos,

neutrófilos, rins, células epiteliais pulmonares, mucosa

gastrintestinal e miocárdio. O NO também pode

ser responsável pela vasodilatação presente na

angiogênese fisiológica ou patológica, como no caso

de tumores.

No cérebro, o NO participa do aprendizado e da

memória e pode mediar respostas excitatórias a certos

aminoácidos. No trato gastrointestinal, o NO medeia o

relaxamento não adrenérgico não colinérgico da musculatura

longitudinal e circular do esfíncter esofagiano,

estômago, duodeno, intestino delgado e esfíncter anal

interno.

No sistema respiratório, os nervos NANC da musculatura

lisa bronquiolar liberam o NO como mediador

do controle neurogênico da broncodilatação. No sistema

reprodutor, o NO controla o relaxamento da musculatura

lisa do corpo cavernoso peniano e seus vasos sang

üíneos aferentes. Esse relaxamento muscular e vascular

leva à tumescência vascular necessária à ereção.

No sistema circulatório, em particular na coagula-

ção sangüínea, o NO está envolvido com a cascata

fibrinolítica e trombótica associados com dano endotelial,

sendo que as propriedades antitrombóticas do NO

resultam em parte da inibição da adesão e agregação

plaquetária. A deficiência de NO foi associada com

trombose arterial.

Nos vasos sangüíneos, o NO exerce função na

modulação do diâmetro vascular e da resistência vascular

pela sua habilidade em relaxar o músculo liso

vascular. O NO inibe interações de elementos sangüí-

neos circulatórios com a parede do vaso. Uma deficiên-
cia de NO pode promover trombose vascular, restenose,


aterogênese e injúria da reperfusão. A diminuição

da vasodilatação dependente do endotélio pode ser induzida

por hipertensão, diabetes e/ou aterosclerose. O

NO pode ser um inibidor da adesão leucocitária em

microvasos pós-capilares.

Artérias e arteríolas produzem mais NO do que

veias e vênulas, sendo que a vasodilatação provocada

pelo cisalhamento é maior em artérias do que em

arteríolas e vasos resistentes. Nas artérias, porém não

nas veias, há liberação contínua de NO, mantendo o

tônus dilatador.

Em condições fisiológicas, a formação de NO pode

estar acima dos níveis basais quando há aumento do

fluxo sangüíneo e o contato entre sangue e parede está

facilitado. O aumento no fluxo provoca relaxamento

nas células musculares lisas e dilatação do vaso. A

tendência das plaquetas em se aderir à parede vascular,

que poderia ser aumentada pelo cisalhamento, também

é neutralizada pela elevada formação de NO.

Resumidamente, em condições basais, em

indivíduos sadios, há tônus vasodilatador moderado e

constante, causado pelo NO endotelial se difundindo

para as células da musculatura lisa vascular; se a

formação basal de NO cessa, aparecerá vasoconstrição.

A baixa formação de NO (em várias doenças vasculares)

reduz a perfusão tecidual e promove a formação de

trombo, enquanto a alta formação de NO (patológico)

produz vasodilatação pronunciada e choque e com a

redução da atividade plaquetária a homeostase fica

prejudicada.

ÓXIDO NÍTRICO-SINTASE

A óxido nítrico-sintase (NOS) é a enzima respons

ável pela síntese do NO. Três isoformas de NOS são

descritas, sendo uma NOS induzida (iNOS) e duas NOS

constitutivas (cNOS).

As óxido nítrico-sintases estão presentes no citosol,

e são inibidas por análogos da L-arginina e requerem

NADPH, tetrahidrobiopterina (BH4), flavina adenina

dinucleotídeo (FAD), flavina mononucleotídeo (FMN)

e heme como cofatores.

A isoforma I ou óxido nítrico-sintase neuronal

(nNOS) é uma NOS constitutiva, presente em neurô-

nios, células epiteliais, SNC e SNPperiférico, sistema

NANC, mácula densa do rim, medula adrenal, músculo

esquelético, órgão sexual masculino, células b pancre

ática e outros. É cálcio-calmodulina dependente e

regula a transmissão sináptica no SNC; atua na regulação

central da pressão sangüínea, no relaxamento do

músculo liso e na vasodilatação via nervos periféricos.
Também regula o fluxo sangüíneo cerebral local e está


envolvida na formação da memória.

A isoforma II ou óxido nítrico-sintase induzida

(iNOS) é uma NOS induzida por citocinas e

lipopolissacarídeos, no endotélio e musculatura lisa

vascular. Não é regulada por cálcio. Produz grande

quantidade de NO que tem efeito citostático por inibição

de enzimas contendo ferro, também causando

fragmentação de DNA. Atua em parasitas e células

tumorais.

A isoforma III ou óxido nítrico-sintase endotelial

(eNOS) é uma NOS constitutiva e produz NO em

endotélio vascular sob condições basais, mas a força

de cisalhamento produzida pelo fluxo sangüíneo pode

incrementar sua produção. O NO liberado no lúmem

vascular é um potente inibidor de adesão e agregação

plaquetária na parede vascular e também inibe a adesão

de leucócitos ao endotélio vascular, inibe a síntese de

DNA, mitogênese e a proliferação de células da

musculatura lisa vascular e, também é responsável pela

regulação da pressão sangüínea e contratilidade do

músculo cardíaco. Sua expressão é restrita a células

endoteliais vasculares, embora existam relatos da sua

localização no hipocampo, sendo sua expressão em

humanos significantemente suprimida pela hipóxia.

O NO é sintetizado pela ativação da cNOS basal

(em células endoteliais vasculares e neurônios) segundos

a minutos após o aumento na concentração de cálcio

em resposta à ativação de receptores da superfície

celular e mecanismos de transdução de sinal. Sua

síntese não é afetada pela administração de glicocortic

óides. A cNOS apresenta forma monomérica,

é cálcio-calmodulina dependente e tem peso molecular

de 133 kd. É expressa continuamente na ausência de

agentes indutores, com síntese basal de concentração

picomolar.

Ao contrário, a iNOS não depende de cálcio para

ativação, mas a síntese de mRNA da iNOS é necessária

para sua atividade. A NOS induzida não é detectável

em condições basais. LPS ou endotoxinas bacterianas,

junto com citocinas, como TNFa, IL-1b ou IF-g,

induzem a síntese de iNOS, de 2 a 4 horas após a

exposição ao agente. A iNOS requer síntese protéica

para sua expressão e sua atividade persiste por mais de

24 horas. É encontrada sob forma de monômero e

tetrâmero com peso molecular de 130 kd13.

A indução de iNOS pode ser suprimida por TGBb,

IL-4, IL-10 sozinhos ou sinergicamente com macrófagos,

por IL-8 e por glicocorticóides, que inibem a

indução, mas não a atividade das enzimas já induzidas.

Segundo DAVIES e col. (1995), após a indução,

iNOS é ativa por 20 horas e sintetiza NO em
concentrações nanomolares, 1000 vezes maior que


cNOS. A indução da iNOS é responsável pelas

propriedades citotóxicas do NO.

O NO é formado na parede vascular tanto pela

cNOS como pela iNOS. A quantidade de NO produzida

pode determinar se ele é protetório ou tóxico. Embora

pequenas quantidades sejam necessárias para a

homeostasia, grandes quantidades, como aquelas

produzidas na ativação da iNOS são citotóxicas. Porém,

a produção de grandes quantidades de NO pode ser

importante na defesa contra invasores celulares,

tumores celulares e ainda em lesões vasculares com

perda endotelial.

A expressão da iNOS é o resultado de uma resposta

inflamatória localizada ou difusa resultante de uma

infecção ou dano tecidual. Assim, onde a resposta

inflamatória é parte de uma resposta adaptativa (isto é,

infecção ou sepse), a expressão de iNOS é benéfica;

quando a expressão da iNOS é parte da inflamação

anormal (não adaptativa), a expressão de iNOS pode

ser nociva (isto é, doença autoimune). Do lado benéfico,

a expressão da iNOS resulta em inibição do crescimento

de patógenos microbianos. A expressão de iNOS

também parece proteger tecidos de danos em resposta

inflamatória aguda sistêmica, também chamada de

sepse. A vasodilatação resultante da expressão de iNOS

em vasos sangüíneos maximiza a perfusão tecidual em

sepse, embora, se excessiva, a pressão sangüínea possa

tornar-se perigosamente baixa. A expressão de iNOS

em endotoxemia é citoprotetória, inibindo microtrombose

pela prevenção de adesão plaquetária e danos

mediados por radicais. Os efeitos benéficos da express

ão da iNOS podem ser vistos tanto em infecções

localizadas quanto em conseqüências sistêmicas da

infecção. O oposto tem sido relatado em respostas inflamat

órias crônicas localizadas. A síntese de NO dependente

de iNOS por macrófagos no espaço subendotelial

e o potencial para sua inibição por lipoproteínas de baixa

densidade podem ter um impacto na patogênese dos

vasos sangüíneos ateroscleróticos.

A inibição da atividade da iNOS durante sepse pode

aumentar a pressão arterial, mas a inibição da cNOS

endotelial pode acentuar a agregação plaquetária e

aderência de leucócitos ao endotélio resultando em

trombose e dano a tecido normal.

ÓXIDO NÍTRICO E PERMEABILIDADE

VASCULAR

A inibição do NO endógeno pode provocar

aumento da permeablidade vascular, entretanto, a

administração exógena de óxido nítrico não provocou

alteração na permeabilidade microvascular.
A inibição da produção de NO provocou redução


nos níveis de GMPc celular, interrompendo a defosforila

ção dependente de GMPc da cadeia de miosina.

Este evento causou contração das células endoteliais e

um aumento no tamanho das junções celulares interendoteliais

levando a aumento na permeabilidade microvascular.

Além disso, o NO pode ser um importante varredor

fisiológico e/ou inativador do ânion superóxido, um

agente oxidante que pode ativar mastócitos. A inibição

do NO leva aumento no nível de antioxidantes e ativação

de mastócitos que se degranulam e aumentam a

permeabilidade vascular. A degranulação de mastócitos

pode ser inibida pela adição de doadores de NO.

Porém, segundo SALVEMINI e col. (1996), o

NO é um potente vasodilatador e seu envolvimento na

resposta inflamatória pode ter relação com sua habilidade

em aumentar a permeabilidade vascular e o edema

através de mudanças no fluxo sangüíneo local e do

aumento na produção de prostaglandinas pró-

inflamatórias.

ÓXIDO NÍTRICO E ISQUEMIA E

REPERFUSÃO

A isquemia-reperfusão é associada ao aumento no

número de leucócitos aderidos e emigrados, aumento

no extravasamento de albumina, formação de agregados

de plaquetas e leucócitos dentro de vênulas póscapilares

e degranulação dos mastócitos ao redor dos

microvasos mesentéricos. A redução dos níveis de NO

em tecidos após isquemia-reperfusão pode ser devida

à inativação da NOS e inativação do próprio NO pelo

superóxido que é produzido nesses tecidos. Segundo

ANDREWS e col. (1994), a diminuição do NO durante

reperfusão pode ocorrer ou pela destruição do NO pela

sua reação com radicais superóxido gerados na

reperfusão ou pela destruição das células endoteliais,

que são fonte de NO, por radicais livres derivados do

oxigênio gerados na reperfusão.

A disfunção endotelial caracteriza-se por uma

redução marcada na liberação de NO após a reperfusão,

que é seguida por um aumento da aderência de leucó-

citos ao endotélio reperfundido, tornando-se significante

20 minutos após a reperfusão.

Dois potentes inibidores da aderência e ativação

são PGI2 e NO, que são potentes vasodilatadores, mas

também inibem aderência de leucócitos e agem sinergicamente

para inibir a interação entre plaqueta e vaso. A

atividade dessas substâncias é bastante reduzida durante

a reperfusão, onde a disfunção endotelial é manifestada

pela perda da vasodilatação dependente de NO.
O NO apresenta efeitos vasodilatadores benéficos


no sistema microvascular, mas paradoxalmente pode

estar envolvido na produção de radicais citotóxicos. O

NO pode reagir com superóxido e produzir o ânion

peroxinitrito e dióxido de nitrogênio, que podem iniciar

a peroxidação lipídica e potencializar a lesão inflamatória

em células vasculares.

O aumento no nível de superóxido causa adesão

leucocitária, que pode ser prevenida pela adição de óxido

nítrico. O NO age como barreira fisiológica (varre ou

inativa) para ânions superóxido citotóxicos produzidos

continuamente por todas as células. O NO e o super-

óxido parecem regular a aderência de leucócitos ao endot

élio; parecem regular também a ativação e degranula

ção de mastócitos, eventos que promovem adesão

leucocitária. Doadores de NO bloqueiam a liberação de

PAF e de histamina de mastócitos ativados, enquanto o

superóxido promove degranulação de mastócitos

quando a síntese de NO é abolida.

A isquemia-reperfusão do intestino delgado é

caracterizada por aumento da permeabilidade microvascular

e disfunção da barreira mucosa. Neutrófilos e

superóxido derivado dos neutrófilos são os primeiros

mediadores da disfunção mucosa e microvascular que

ocorre após a isquemia e reperfusão. A liberação de

NO ocorre em várias regiões do intestino, como endoté-

lio vascular, células da musculatura lisa, nervos entéricos

(NANC) e células epiteliais. Talvez o NO contribua

como uma molécula protetória e antiinflamatória em

todas as camadas da parede intestinal. Pode-se

observar redução na produção de NO após reperfusão

em intestino delgado de gatos. A administração de

NO mostrou efeito protetório em lesões decorrentes

de isquemia e reperfusão mesentérica.

Em isquemia cerebral, o NO pode mostrar efeitos

benéficos ou neurotóxicos, quando em concentrações

excessivas.

Em isquemia e reperfusão do miocárdio, o NO

apresentou efeitos cardioprotetórios e atenuou a disfun-

ção endotelial61 e, segundo SIEGFRIED e col. (1992),

doadores de NO reduziram em um terço a área necrótica

após isquemia e reperfusão do miocárdio, em compara-

ção ao grupo controle.

MENSURAÇÃO DO ÓXIDO NÍTRICO

A mensuração do NO é essencial para o entendimento

da função do NO em diversos processos bioló-

gicos. A medida do NO em espécies biológicas é difícil

pela sua pequena quantidade e pela sua labilidade na

presença de oxigênio.

A presença de NO em sistemas biológicos é freq

üentemente determinada com base no efeito fisioló-
gico, como relaxamento dos vasos sangüíneos, ativação


da guanilil ciclase, aumento na concentração de cGMP,

produção de citrulina ou inibição da agregação plaquet

ária. Também pode ser avaliada usando-se

inibidores da síntese de NO, como análogos da Larginina

ou hemoglobina. Todos esses métodos têm

diferentes graus de especificidade e fornecem informa-

ções indiretas sobre a produção de NO. Apenas a cGMP

ou a concentração de citrulina podem ser usadas para

obter informações quantitativas relacionadas com a

quantidade de produção de NO.

A produção de NO também pode ser determinada

pela mensuração de isótopos estáveis no plasma ou

excretados na urina após administração de arginina

marcada.

A mensuração direta do óxido nítrico in vivo foi

realizada por HUK e col. (1997), que mediram a

liberação do NO em microvasos da musculatura

esquelética de coelhos, durante isquemia e reperfusão.

Microsensores foram usados para medir o NO liberado

em vasos sangüíneos de voluntários sadios e a

concentração de NO cerebral após isquemia e

reperfusão em ratos.

Embora o óxido nítrico seja objeto de muitas

pesquisas e de um grande número de publicações, ainda

existem muitas questões controversas e numerosas

dúvidas que precisam ser esclarecidas.

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